O impacto do TikTok na indústria musical
Ao longo dos últimos anos, o TikTok revolucionou a forma como criamos e consumimos conteúdo. Mas não só: a influência deste vai, neste momento, para além de todas as outras redes sociais. O TikTok conseguiu consolidar-se como uma das plataformas mais influentes do mundo digital, tanto na criação de novas tendências, como na transformação de indústrias até agora estabelecidas. O que começou como uma aplicação de vídeos curtos de danças, o musical.ly, tem agora um grande impacto no consumo e na promoção de música.
A relação entre a plataforma social e a indústria musical tem vindo a intensificar-se, gerando, tanto oportunidades, como desafios para os artistas e as suas editoras. Por um lado, o TikTok tem sido o berço de muitos novos artistas musicais e o motor de popularização de artistas já existentes, mas menos conhecidos. O TikTok começou, e ainda se pode caracterizar, como sendo uma plataforma de conteúdo curto, o que transforma a maneira como consumimos música. Em vez de ouvirmos uma música inteira, vamos ouvir apenas a parte que é usada nos vídeos, o que promove um consumo mais fragmentado da música. No entanto, o facto de ouvirmos apenas uma parte da música, normalmente o refrão e a parte mais catchy, também significa que estas músicas rapidamente se tornam virais, tanto no TikTok, como nas plataformas de streaming. Este fenómeno não se cinge apenas às músicas, mas também aos artistas.
O TikTok tem sido fundamental para a ascensão de novos artistas e popularização de músicos menos conhecidos. Artistas como Doja Cat, Lil Nas X, e, mais recentemente, Chappell Roan, tornaram-se estrelas após algumas das suas músicas ficarem virais no TikTok. Este fenómeno tem democratizado a promoção musical, permitindo que um artista ganhe reconhecimento global sem a necessidade de grandes campanhas publicitárias. Atualmente, a popularidade de um artista pode depender mais da sua capacidade em atrair o público nas redes sociais do que de uma estratégia de marketing tradicional, que envolve elevados orçamentos. Muitos artistas ganham reconhecimento que antes seria impensável sem o apoio de uma grande editora.
Mas o impacto da app não se limita apenas às músicas e aos artistas. A própria indústria musical tem acompanhado as tendências que surgiram com a plataforma. As editoras estão cada vez mais atentas às tendências que se desenvolvem nesta rede social e a investir nesta plataforma, de forma a conseguirem aproveitar estes momentos virais. Isto significa que, cada vez mais, o TikTok se torna numa prioridade na estratégia de marketing, com os próprios artistas a criarem vídeos que promovem as suas músicas, ou interagirem com trends populares. Além disso, muitos artistas agora criam músicas que sabem, ou esperam, que sejam populares no TikTok, incorporando um refrão marcante ou elementos catchy, como uma coreografia, que possam ser integrados em vídeos de curta duração.
No entanto, e embora esta plataforma tenha concedido oportunidades extraordinárias aos artistas, esta também trouxe alguns desafios. Um dos pontos mais críticos prende-se com as questões de direitos de autor e a monetização das músicas. O uso das músicas no TikTok ocorre, na maioria das vezes, sem qualquer tipo de compensação monetária aos artistas, produtores, etc., ao contrário de plataformas de streaming de música, como o Spotify, que trabalha com comissões. Como resultado, alguns artistas, como Taylor Swift, começaram a banir as suas músicas de serem usadas na plataforma. Por outro lado, a dependência do TikTok como estratégia de marketing por parte dos artistas e editoras é muito volátil. As tendências são imprevisíveis e aquilo que é viral num dia deixa de ser no outro. Isto pode levar a que muitos artistas sintam a pressão para seguir as tendências, em vez de criarem músicas genuínas e autênticas que se alinhem à sua arte.
Não podemos negar a enorme influência do TikTok na indústria da música.
Embora este tenha trazido inúmeras oportunidades a artistas emergentes e tenha alterado profundamente a indústria musical, também deixou claro que esta mudança não está livre de desafios. O consumo de música tornou-se mais fragmentado, a monetização é incerta e a pressão pela “viralidade” pode afetar a autenticidade artística. No entanto, não há dúvida de que o TikTok transformou por completo a maneira como produzimos, promovemos e consumimos música, e, independentemente dos desafios futuros, o que é certo é que a indústria musical nunca mais será a mesma.
Fonte da Capa: Tudo Celular
Artigo revisto por: Miguel Calixto
AUTORIA
Embora esteja (ligeiramente) mais perto dos 30 do que dos 3, a Beatriz nunca passou da idade dos porquês. A sua curiosidade inata é o que a faz interessar-se por mil e um temas, podendo ficar horas a falar sobre qualquer assunto (se não a mandarem calar). Não troca nada deste mundo por um bom café acompanhado de uma conversa que a faça pensar. Entrou para a ESCS Magazine com o desejo de reavivar a paixão pela escrita, algo que cultiva desde a infância, e para continuar a satisfazer o seu amor por conversas intermináveis, agora traduzidas em texto.