Desporto

O Ressurgimento de Daniel Jones

Os Indianapolis Colts estão com um record de 8-3 – em finais de julho, seria uma perspetiva cómica e até utópica, visto que até ao final do training camp pairavam no ar as dúvidas sobre quem seria o Quarterback (QB) titular, o papel mais importante no ataque da equipa. Uma disputa entre o jovem QB Anthony Richardson e o desacreditado Daniel Jones pela vaga da posição mais importante no ataque da equipa de Indiana. 

De um lado Anthony Richardson, a quarta escolha do draft de 2023, era visto quase como um salvador da franchise, porque depois da surpreendente reforma de Andrew Luck, em 2018, os Colts entraram na era “Rent-a-Quarterback”.

Entre Philip Rivers, Carson Wentz e Matt Ryan, os Colts tentaram passar à frente a fase que mais assusta fãs e donos de equipa: a fase de desenvolvimento de um QB inexperiente, acabando por apostar em veteranos que já tinham sido Pro-Bowlers. 

Apesar destas expectativas, Richardson não conseguiu corresponder depois de uma época e meia de jogos, com 11 Touchdowns (TD) e 13 intercepções (INT).

Do outro lado, Daniel Jones, que sucedeu Eli Manning nos Giants, começa a sua carreira em 2019 com uma época de estreia bastante promissora, após ter sido escolhido na sexta posição do draft. Apesar dos impressionantes 24 TD, a primeira temporada também ficou marcada pelas 12 INT e os expressivos 18 fumbles.  Os dois próximos anos não foram tão expressivos para Daniel Jones: no seu terceiro ano a temporada terminou de forma abrupta, com uma lesão no pescoço no 11º jogo da época, acabando com 10 TD e 7 INT. O ano de 2022 foi um bom ano para Jones: leva os Giants aos playoffs com um respeitável 9-7-1, conseguindo a vitória no Wildcard contra os Vikings, uma performance incrível que o consagrou como o primeiro quarterback com mais de 300 passing yards, 2 passes para TD e 70+ rushing yard num jogo de playoff. Esta performance está muito marcada na sua carreira porque foi o principal catalisador para o contrato que assinou em 2023 (já na altura, não consensual) de 160 milhões de dólares durante 4 anos. Apesar do ceticismo generalizado, os dirigentes da equipa de Nova York acreditaram no Quarterback de Duke e a sua aposta, infelizmente, não compensou. 

Desde do seu segundo contrato, Daniel Jones começa a ter algumas dificuldades físicas e psicológicas. 

No que diz respeito à questão física, o atleta começa a ter lesões graves que prejudicam o seu desenvolvimento – lesões no joelho e no pescoço fizeram com que, apenas em ano meio, o jogador tenha feito 16 jogos. Nestes 16 jogos depois do contrato, a queda da performance também foi notável: Daniel Jones passou para 10 touchdowns e teve 13 interceptions. Com estes maus resultados, era pública a procura de um novo comandante para o ataque dos Giants. Na série Hard Knock, na HBO, a equipa ofereceu a pick nº6, uma escolha de primeira ronda no passado draft e outra escolha neste mesmo draft. Era pública a vontade de explorar outras opções, o que causou pressão ao jogador. Esta pressão e as sucessivas lesões levam ao general manager dos Giants, Joe Schoen, a escolher seguir com o local Tommy DeVito, já a meio da temporada de 2024. Daniel Jones terminou a temporada em Minnesota, sem jogar um único snap. Os Indianapolis Colts apostaram no QB para trazer competição e experiência ao training camp.

Shane Steichen apostou no quarterback mais experiente e, apesar de não ser uma escolha muito consensual, Daniel Jones tomou as rédeas da equipa e não olhou para trás. O quarterback tem tido bastante sucesso, 17 TD e 7 INT. Encontrou a sua forma e está a ter a sua melhor época. Contudo, o sucesso de Indianapolis não pode ser  creditado apenas a Daniel Jones. Shane Steichen criou um modelo ofensivo com conceitos modernos e explosivos e, simultaneamente, quarterback-friendly. 

O conjunto de talento que tem a seu dispor também não pode ser ignorado. Tyler Warren, o rookie tight end, é uma sensação na liga e tudo aponta para chegar à marca de 1000 yards; o já testado Michael Pittman JR, que está a ter uma boa temporada até agora, com os seus 1,93 metros de altura, é sempre uma grande ameaça na endzone, o Wide Receiver tem pelo menos uma recepção para TD em sete jogos nesta temporada; Josh Downs usa com mestria a sua rapidez na mudança de direção para ser uma opção válida na slot position, e Alec Pierce, que pode não ser dos nomes mais sonantes para WR2, mas tem mostrado serviço, com 5 jogos acima de 65 yards. No entanto, o jogador que mais tem facilitado o jogo de Daniel Jones não é nenhum dos seus receivers – é Jonathan Taylor. O running back é um dos fortes candidatos a MVP da liga. Já com cerca de 1200 yards e 15 TD, está a ter a melhor temporada da sua carreira. A sua eficácia a correr com bola está a obrigar as equipas adversárias a planear o seu jogo defensivo para o conter, dando mais espaço a Daniel Jones para passes mais longos e fazendo com que as play-actions da equipa sejam mais credíveis.

Existem fontes credíveis a darem conta de que os Colts estão prontos para estender o contrato de Jones por diversos anos. Muitos nomes influentes no desporto atribuem a falta de sucesso do jogador em Nova York pela falta de talento a seu dispor, comparando a situação à de Baker Mayfield. Será este possível novo contrato a prova de que Daniel Jones veio para ficar? Ou será que os Colts estão a cometer o mesmo erro que os Giants cometeram?

Fonte da Capa: Neil’s Substrack

Artigo revisto por: Eva Guedes

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