Os dados ditaram um vencedor: Márquez
Quem é adepto motociclismo sabe que ao ver qualquer corrida a emoção é sempre garantida.
Mais uma vez a categoria rainha do motociclismo não desiludiu. Até à última jornada, o Grande Prémio de Valência, o campeonato foi discutido entre o suspeito do costume, o espanhol, Marc Márquez, e o outsider italiano, Andrea Dovizioso. Pela primeira vez, desde os tempos da Ducati de Casey Stoner, que o fabricante italiano não estava tão próximo de ganhar um título de pilotos. Seis vitórias para cada um dos pilotos, doze pódios para Márquez e oito para Dovizioso- foram estas as estatísticas finais que deram o tetracampeonato a Márquez.
Mas o campeonato não começou da mesma forma que terminou. Na primeira prova do ano, no circuito do Qatar, o domínio foi para outro espanhol, Maverik Viñales, da Movistar Yamaha MotoGP. Só em mais dois circuitos se repetiu o mesmo, a vitória de Viñales. A Yamaha parecia muito bem encaminhada para uma época soberba. Mas, antes do meio da época ter chegado, as performances das Yamaha de fábrica nunca mais foram as mesmas, sendo que só ganharam mais uma prova, pelo eterno Valentino Rossi, na Holanda. Após várias queixas ao chassis de Yamaha de 2017, veremos o que a formação japonesa fará em 2018. Os dois pilotos oficiais foram muitas vezes ofuscados por Johan Zarco, um dos estreantes nesta categoria, e bicampeão de Moto 2 que correu pela equipa da Monster Yamaha Tech 3. Este teve um ano quase de sonho, andou muito bem, liderando algumas corridas ao domingo, mas nunca conseguiu uma vitória, talvez, devido à sua inexperiência nestas andanças. Para o ano espero que lute por pódios e vitórias.
Ano pouco positivo para a Yamaha, mas também para o Team Racing Suzuki. Penso que todos esperávamos mais. Alex Rins- apesar de ter passado algum tempo lesionado- foi, mais ao menos, consistente. Já a nova contratação, Andrea Lanonne, pareceu-me nunca ter um andamento muito consistente, nem folgo para lutar muito. Uma menção muito pouco honrosa para Sylvain Guintoli, substituto de Rins, aquando da lesão do mesmo. Muito pouco andamento, e sempre na parte de trás do pelotão. Mas também não se pode pedir mais de um piloto, já trintou e que não pilotava uma moto de MotoGP há já alguns anos, desde 2008 para ser mais preciso. Talvez um trabalho como piloto de testes seria o mais adequando para o antigo campeão de Superbikes.
Na formação italiana da Aprilia Racing Team Gresini, que apesar de ter apoio de fábrica e de ser apresentada como equipa de fábrica, corre no campeonato de independentes, houve uma grande discrepância entre os dois pilotos. Outro estreante na categoria, o britânico, Alex Lowes, teve um ano para esquecer, amealhando uns míseros cinco pontos no total da temporada, contra os sessenta e dois do seu colega de equipa Alex Espargaro. Já o espanhol parecia que corria sozinho por esta equipa, amealhando resultados muito positivos.
Ducati Team e Repsol Honda Team tiveram uma época muito parecida em termos de equipas. A mudança de Jorge Lorenzo da Yamaha para a Ducati trouxe um aperitivo ainda mais salgado para esta temporada. Mas não foi o protagonista este ano. Este ano pertenceu a Dovizioso. O italiano teve a sua melhor época na categoria. Até este ano, Dovi só tinha ganho uma corrida, em 2009, no grande prémio da Catalunha. Neste ano acrescentou mais seis vitórias, debatendo-se com Márquez de forma quase igual. Na Honda não existe muito a acrescentar. A mota japonesa parece-me uma das mais difíceis de pilotar- característica idêntica à Ducati- mas o génio de Marc Márquez parece não ter fim. Só a lista de vídeos de quase acidentes que este tem é imensa, garanto que será uma tarde bem passada. Já Dani Pedrosa continua a conseguir pelo menos uma vitória todos os anos, desde a época de 2006.
Num balanço geral aqui ficam as minhas três escolhas para piloto do ano:
1º- Andrea Dovizioso. Aquando da mudança de Lorenzo para a Ducati, todos esperamos que o espanhol fosse ser a grande estrela. Estávamos errados. O italiano mostrou a Lorenzo a maneira correta de levar a Ducati às vitórias, e impressionou-nos com a sua luta, até ao último grande prémio, com a Honda de Márquez.
2º- Marc Márquez. Já não existem muitas palavras que eu consiga descrever este rapaz. Sim, rapaz, porque Márquez só tem vinte e quatro anos. Cada vez mais se afirma como um piloto extremamente talentoso, e acho que pode até fazer rivalidade aos 7 títulos de Rossi no MotoGP.
3º- Johan Zarco. O francês já não é nenhuma criança. Com vinte e sete anos, chega pela primeira vez à categoria rainha do motociclismo, e apresenta-se como um dos candidatos ao lugar de Rossi (se este alguma vez se reformar). Não conseguiu uma vitória este ano, mas três pódios deixam água na boca para o ano que aí vem.
Até lá, ficamos com os testes de inverno. O MotoGP regressa no dia 18 de março com o grande prémio do Qatar.