Os novos talentos da moda portuguesa
Sangue Novo é o projeto da ModaLisboa que dá a conhecer talentos emergentes na moda nacional.
A 63.ª edição da Lisboa Fashion Week foi, mais uma vez, a porta de entrada para conhecer aquilo que a moda portuguesa tem de melhor. Entre os grandes nomes que pisaram a passerelle durante os três dias estão os novos talentos, apresentados no desfile que inaugura a programação da ModaLisboa.
Sangue Novo, é o projeto criado pela ModaLisboa que dá palco a jovens que querem crescer na indústria. Nesta edição ficámos a conhecer dez novos candidatos, que apresentaram as suas coleções com o objetivo de chegar à final e ganhar o concurso. Mas, afinal, quem são as caras que começam agora a dar cartas no mundo da moda?
Com o MUDE – Museu do Design como palco, estes dez jovens tiveram a oportunidade de apresentar as suas coleções no evento mais aguardado do ano. Será que os cinco escolhidos mereciam, realmente, ter passado? Ou será que havia melhores que ficaram para trás? É isso que vamos descobrir.
Dri Martins, conquistou o júri (e a mim) com peças futuristas, criadas com tecnologia 3D, reduzindo, assim, o desperdício produzido na criação das peças. “Tal ingenuidade”, apresenta-se como uma coleção sustentável, que mistura a feminilidade com o empoderamento da mulher num conjunto de peças detalhadas e que seguem as tendências da melhor forma possível.
Duarte Jorge, apresentou “Tiangou”, uma coleção pensada ao detalhe que expressa a arte lendária da entidade chinesa. Utilizando uma paleta cromática como o preto e branco, silhuetas desconstruídas e tecidos sustentáveis conseguiu mostrar aquilo que o representa e criar com as suas peças uma narrativa acerca do tema. A história por trás das mesmas e a inovação conseguiram assegurar um lugar nos cinco primeiros, mesmo que as peças deixem um pouco a desejar.
Francisca Nabinho utilizou a sua coleção para nos mostrar que a vida não tem de ser sempre a correr. “Vagar” traz-nos a beleza no pormenor com peças de malha, preservando o natural e o manual. Tendo o mar como inspiração para a coleção, conseguiu, assim, um lugar na passerelle da próxima edição e conquistou todos com uma aesthetic super feminina, misturando várias cores e silhuetas. Eu definitivamente não teria calma e correria para comprar uma destas peças!
“Masquerade at the Gentlemen’s Club” foi o tema da coleção apresentada por Gabriel Silva Barros. Com a excentricidade e o cabaré dos anos 20 como tema, as peças trouxeram-me um mix de “adoro” e “odeio”. A mistura de materiais, de cores e de padrões tornam tudo “muito”, mas se pensarmos bem, não é para isso que serve a moda? O júri achou que sim, e eu também!
Para fechar os cinco finalistas tivemos Ihanny Luquessa. A sua coleção representa o silêncio, tal como refere o seu título “Silence”. Baseado nos tons sóbrios e numa reflexão interior, as peças oversized, com várias camadas, tecidos diferentes e muito volume conseguiram chamar a atenção do público e do júri. Eu fico à espera da próxima coleção para poder dizer se fiquei convencida ou não.
Estes são os cinco finalistas que vão competir pelo prémio final em março de 2025. Para mim, estas são coleções perfeitas para a fase que vivemos. Uma fase em que tudo é tão imediato, onde as pessoas têm sempre pressa e onde não têm tempo para parar e apreciar os detalhes das coisas. Estas coleções trazem-nos o oposto disso. Trazem detalhes, peças com tecidos trabalhados, sensações diferentes, peças que nos fazem parar e refletir no que é realmente a moda e naquilo em que nos devemos focar. Com a sustentabilidade como base para todas as coleções, acho que estes cinco finalistas foram uma ótima escolha.
Eu tenho os meus preferidos (como já deu para perceber) e estou ansiosa para os ver, a todos, na próxima edição. Talvez seja surpreendida e mude a minha opinião.
Imagem de destaque: ModaLisboa
Artigo revisto por: Leonor Almeida
AUTORIA
A moda e a Margarida andam de mãos dadas desde sempre, e é nela que vê o seu futuro. Cresceu numa terra pequena onde trabalhar na moda não é uma opção, mas mesmo assim veio para Lisboa e fez um curso de produção e comunicação de moda e aí percebeu o caminho que queria seguir. Juntar a moda e a comunicação. Acredita que tudo é possível e vê na área da moda um sonho tornado realidade.
Agora ao curso de jornalismo e a todas os outros projetos que tem junta mais um, entrar para a ESCS Magazine e poder escrever sobre aquilo que mais a apaixona.