Pyrotechnic Show
Todos os anos, assistimos a um lamentável espetáculo de pirotecnia em Portugal, seja por fogo posto, seja por causas naturais. Se analisarmos as estatísticas, o ano com maior número de incêndios e maior perda económica foi 2005 (quase 36 mil ocorrências e uma fatura de 757 milhões de euros). O ano com mais área ardida foi 2003 (cerca de 425 mil hectares) e o ano mais fatal foi 2017, devido a Pedrógão Grande (até agora, 64 mortos).
É verdade que os incêndios ocorrem em todo o mundo. No entanto, o mais grave de tudo isto é o facto de quase metade dos incêndios terem origem em fogo posto, ou seja, em Portugal, há mais pessoas apaixonadas pelas labaredas vivas que devastam florestas inteiras do que políticos realmente preocupados em encontrar soluções plausíveis que minimizem estes tristes acontecimentos.
Os políticos queixam-se de que algo está a ser mal gerido em Portugal e criticam várias entidades: ou a culpa é do SIRESP, ou a culpa é dos bombeiros, que demoram imenso tempo, ou a culpa é da ministra da Administração Interna. Quer isto dizer que a culpa é de todos menos daqueles que são mesmo culpados e não a querem assumir por razões que há muito tempo nos “fogem”.
Uma das soluções poderia ser simplesmente limpar as matas durante todo o ano e não apenas na altura do Verão; já que somos um país pequeno, com cerca de 10 milhões de habitantes, não haverá gente suficiente para esta tarefa cívica? Ao invés de se gastar dinheiro a reparar os estragos, porque não contratar pessoas para a prevenção dos incêndios nas matas e nas florestas?
Outra das soluções estaria relacionada com as empresas privadas que existem em Portugal que, sem nunca percebermos porquê, conseguem manter as suas plantações fora de perigo, não deixando que haja incêndios. Isto é, porque não manter um diálogo com essas mesmas empresas?
É engraçado que o governo até manda plantar árvores com alto índice de combustão; talvez para queimarem mais rápido e este poder aproveitar esses terrenos para novas construções ou algo que seja uma mais-valia para o mesmo. Andamos nós a pagar para ir ver peças de teatro, quando o maior espetáculo de encenação ocorre todos os anos à frente dos nossos olhos. No entanto, as investigações acabam sempre na detenção de alguém que é acusado de fogo posto.
Qual será a verdade que está escondida por detrás de todos estes incêndios misteriosos? Será que existe mesmo a tal indústria do fogo? É algo que não sabemos, mas para um país tão pequeno como o nosso, este é um problema gravíssimo para o qual ainda não encontrámos solução.
AUTORIA
Pedro Almeida, de 21 anos, é um estudante universitário do curso de Publicidade e Marketing, cuja paixão reside no Marketing, na escrita e na responsabilidade social.