Red Sparrow (2018)
Até poderíamos esperar mais um filme repleto de espionagem como Atomic Blonde, mas a verdade é que Red Sparrow se distancia imenso deste filme que tanto furor causou em 2015. É certo que ambos nos apresentam duas protagonistas fortes, sedutoras e destemidas, mas Red Sparrow não conta, de todo, com a mesma dose de ação.
Red Sparrow, de Francis Lawrence, apresenta-nos Dominika Egorova (interpretada por Jennifer Lawrence), uma prima-bailarina que, após uma grave lesão, se vê obrigada a pôr de parte uma carreira promissora. É aqui que entra o seu tio Vanya (interpretado por Matthias Schoenaerts), um membro importante do governo central com ligações ao Serviço de Inteligência Russo. Graças (será esta a palavra correta?) a ele, e sob a promessa de que a sua mãe doente teria todos os cuidados necessários, Dominika vê-se numa escola de espionagem- a “whore school”- na qual se formam os conhecidos “sparrows”.
O filme começa de uma forma ritmada e inteligentemente pensada. A atuação final de Dominika intercala as primeiras cenas que vemos da mesma. Isto tudo ainda mesmo antes de a conhecermos, de sabermos o seu nome. Uma escolha inteligente para quem deseja agarrar o público a partir da primeira cena. Pena que isto não se mantenha até ao fim.
O restante enredo faz com que Red Sparrow seja mediano. Tem espionagem, mas Dominika passa demasiado tempo a ser violada ou atacada durante a sua carreira como sparrow. Damos por nós a pedir mais cenas nas quais esta possa realmente demonstrar os seus dotes como espia. Este é um dos pontos nos quais Francis Lawrence pecou.
A grande falha deste filme é mesmo o querer colocar tantas ideias e depois não ter tempo para as trabalhar devidamente. Ao querer criar uma rede de intrigas, relações e abusos tão grande, o realizador acaba por passar grande parte do filme a objetificar Dominika. É uma pena. Ela tem tão mais para dar. Afinal de contas, o seu talento é descobrir os pontos fracos dos alvos para os conseguir atingir.
Escolher Jennifer Lawrence para protagonizar este filme foi, sem dúvida, um tiro certeiro. Apesar de Lawrence (o realizador) não ter aprofundado todas as perturbações interiores de Dominika, a personagem foi salva por Lawrence (a atriz). No entanto, gostaria de a ter visto em mais cenas de pura espionagem e manipulação, nas quais esta tanto brilhou.
Joel Edgerton junta-se a Jennifer Lawrence e interpreta Nate Nash, um agente da CIA. Nate será a primeira grande missão de Dominika, que estraga de imediato o seu disfarce. A partir de aqui dá-se uma caça mútua que engloba alianças e diversos jogos psicológicos. Quem está do lado de quem? Uma reviravolta atrás de outra. Mas será que se estão a enganar um ao outro?
A verdade é que o elemento do qual mais gostei, mesmo que, admito, possa ter sido confuso por vezes, foi o facto de terem havido tantos plot twists. O final conseguiu ficar bastante completo. Eu própria, que sou sempre muito senhora do meu nariz e gosto de adivinhar sempre tudo, não conseguia decifrar os jogos de alianças que estavam a ser feitos. Um final que me deixou a cabeça à roda, mas de uma maneira boa.