“The Breadwinner” – Uma guerra de emoções
Num ano em que as regras para as nomeações de filmes animados para os Óscares foram alteradas, abrindo a votação para toda a academia, o que levou à entrada de filmes medianos como The Boss Baby e Ferdinand, “The Breadwinner” é o filme animado que se agradece por não ter sido arrastado para o lado com esta mudança de regra.
“The Breadwinner” relata a história de uma menina afegã chamada Parvana, que, após ter o seu pai preso, decide fingir ser um rapaz de forma a poder sustentar a sua família.
O filme, ao mesmo tempo que honra a história do Afeganistão e as suas raízes no Médio Oriente, lembrando-nos do passado da região, mostra a discriminação sexual e faz um retrato da guerra autêntico e emocionalmente poderoso.
De forma irrepreensível, ficamos presos à narrativa que não deixa ninguém indiferente.
É com filmes como estes que vemos a magia, o poder e a razão de existência do cinema. Em apenas 1h30 consegue encapsular de forma perfeita o mundo real e transmitir uma mensagem forte.
A animação está muito bem desenhada, cheia de detalhes e é bela, sem descurar o ambiente negro da guerra e nunca diluindo a realidade.
O trabalho vocal está irrepreensível, transmitindo as emoções de uma forma brutal que deixa qualquer um sem palavras.
O único problema no filme é nunca nos ser revelado com mais especificidade e pormenor a maneira como Parvana se sente ao ver um mundo tão desigual entre homens e mulheres, sendo assim uma excelente oportunidade desperdiçada.
Além disso, não se deixa de sentir que a história paralela move-se um pouco devagar. Felizmente, esse pormenor não estraga a experiência cinematográfica.
O que senti ao ver este filme é que deveria existir alguma presença de filmes animados na categoria de Melhor Filme. Considero isto ainda mais pertinente quando, no ano passado, quase todos os filmes animados eram melhores do que uma boa parte dos nomeados para melhor filme.
“The Breadwinner” é simplesmente imperdível.