Desporto

Vira o disco e toca o mesmo: FC Porto volta a vencer na Luz

Começa a ser tradição o FC Porto ir à Luz derrotar o seu maior rival, independentemente do momento que cada equipa atravessa (terceira vitória nos últimos quatro jogos para o campeonato). Os ‘Dragões’ partiram para o Clássico com 10 pontos de desvantagem e sem qualquer margem de erro. Do outro lado, estava um Benfica moralizado e confiante, detentor dos estatutos de melhor ataque e melhor defesa do campeonato e que vinha de uma sequência de 10 vitórias consecutivas. No entanto, como a história já nos tinha mostrado anteriormente, o momento pouco interessa neste tipo de jogos, ainda para mais quando do outro lado está o FC Porto de Sérgio Conceição. O técnico português voltou a dar uma “aula tática” na casa do rival, levando os três pontos para Norte e relançando a luta pelo título.

Os “Onzes” Iniciais

SL Benfica (4-2-3-1): Vlachodimos; Bah, António Silva, Otamendi e Grimaldo; Florentino e Chiquinho; João Mário, Rafa e Aursnes; Gonçalo Ramos.

FC Porto (4-3-3): Diogo Costa; Manafá, Pepe, Marcano e Wendell; Uribe, Grujić e Otávio; Pepê, Galeno e Taremi.

Na hora de montar o ‘onze’ inicial, Roger Schmidt não surpreendeu e fez apenas uma alteração comparativamente ao último jogo do Benfica: entrada de Florentino, saída de David Neres. O técnico alemão manteve a habitual cautela em jogos de maior dificuldade e não abdicou de Fredrik Aursnes como médio-ala esquerdo.

Por outro lado, Sérgio Conceição contou com os regressos de Pepe e Diogo Costa, que renderam Fábio Cardoso e Cláudio Ramos, respetivamente. Além disso, o treinador dos azuis e brancos reforçou o meio-campo, alterando o sistema tático de 4-4-2 para 4-3-3, ao colocar Grujić em detrimento de Toni Martínez.

Resumo do jogo

O FC Porto até entrou mais ativo na partida, mas foi o Benfica que se adiantou no marcador, ainda antes dos 10 minutos de jogo. A partir de um ataque pelo corredor direito, Alexander Bah cruzou para a cabeçada de Gonçalo Ramos, que viu a bola embater na trave e depois nas costas de Diogo Costa, até entrar por completo na baliza. Apesar do golo madrugador, o Benfica nunca conseguiu ser igual a si mesmo. O FC Porto manteve-se sempre por cima, dominando a posse de bola e os lances de aproximação à área adversária.

Aos 25 minutos, a primeira contrariedade para a equipa do Benfica. Roger Schmidt foi obrigado a retirar de campo Bah devido a lesão, na sequência de uma falta dura de Mateus Uribe.

Em cima do intervalo, a equipa de Sérgio Conceição conseguiu finalmente chegar ao empate, através de um remate colocado de Uribe, depois de um bom envolvimento coletivo dos azuis e brancos. Ainda na primeira parte, os ‘Dragões’ fizeram mais um golo, por intermédio de Galeno, mas o lance foi anulado depois da análise do VAR. Seis centímetros impediram o brasileiro de festejar o 1-2 ainda nos primeiros 45 minutos.

A segunda parte começou praticamente com o segundo golo do FC Porto. Desta vez foi Taremi a atirar para dentro da baliza. Num lance em que António Silva, Otamendi e Vlachodimos não ficaram isentos de culpas, o iraniano foi o mais astuto e colocou justiça no resultado. A partir daí, os ‘encarnados’ passaram a assumir mais o jogo, enquanto que o FC Porto optou por assumir uma estratégia de maior contenção, mas sempre com os olhos postos na baliza contrária. Aliás, apesar do maior domínio territorial do Benfica após o segundo golo do FC Porto, a melhor oportunidade do segundo tempo pertenceu mesmo à equipa de Sérgio Conceição, num lance em que Taremi, cara-a-cara com Vlachodimos, optou pelo passe que lhe saiu mal. Até ao final, destaque para duas situações do ataque benfiquista, que, apesar de tudo, não resultaram em grande perigo para a baliza defendida por Diogo Costa: remate de Chiquinho para defesa fácil (78’) e cabeceamento falhado de Gonçalo Ramos ( 90+1’).

Estatísticas Finais

SL Benfica 1 – 2 FC Porto

  • Remates: 7 – 7
  • Remates enquadrados: 1-3
  • Ações na área adversária: 19 – 21
  • Eficácia de passe: 81% – 74%
  • Posse de bola: 59% – 41%
  • Faltas cometidas: 13 – 15
  • Cantos: 4 – 5
  • Cartões amarelos: 3 – 5

Dados: GoalPoint

Análise ao jogo

Seria errado dizer que estava em perspetiva um grande jogo entre Benfica e Porto no Estádio da Luz, até porque em Portugal são raros os Clássicos ou Dérbis que são realmente interessantes do ponto de vista futebolístico. A verdade é que (quase) tudo correspondeu às expetativas iniciais. Tivemos um jogo com poucos remates, poucas oportunidades de golo, algumas faltas, muitos protestos, lances polémicos e um FC Porto equilibrado, agressivo e muito pressionante. A única exceção foi mesmo o Benfica, que entrou em campo como líder indiscutível da competição, mas que esteve muito longe de se comportar como até então vinha fazendo. No fundo, foi um jogo sem muita história, ou, pelo menos, uma história diferente.

Os ‘encarnados’ até começaram a vencer, mas desde cedo se percebeu que teriam muitas dificuldades para se imporem perante a pressão azul e branca. Isto porque, mais uma vez, o trabalho de casa foi brilhantemente feito por Sérgio Conceição (continua a assumir-se como um treinador talhado para jogos ‘grandes’) e muito bem executado pelos seus jogadores. Galeno condicionava a saída de bola por António Silva, Pepê impedia a progressão de Grimaldo pela esquerda, enquanto que Otávio e Grujic não deixavam Chiquinho e Florentino terem tempo para pensar. Foram raras as vezes em que o Benfica conseguiu ter uma saída de jogo limpa a partir de trás (a fraca habilidade de Vlachodimos com os pés continua a prejudicar a equipa neste tipo de jogos). Além disso, foi uma noite de desinspiração dos homens da frente do conjunto benfiquista. João Mário mostrou-se pouco assertivo; Gonçalo Ramos marcou, mas esteve quase sempre sozinho no meio de Pepe e Marcano; Aursnes realizou a sua pior prestação de águia ao peito (melhorou na segunda parte quando passou para o meio-campo); e Rafa teve uma noite para esquecer. Do outro lado, o FC Porto não elaborava muito o seu jogo, mas a qualidade técnica de Pepê e Otávio, juntamente com o trabalho incansável de Uribe, a velocidade de Galeno e a visão de jogo de Diogo Costa, aproximavam os ‘dragões’ da baliza adversária. Ao contrário do Benfica, o FC Porto esticava o jogo na frente com critério. Sérgio Conceição não quis uma equipa de futebol rendilhado, mas sim objetivo e bastante prático. E assim venceu (outra vez) na casa do rival.

Figura do jogo

Fonte: FC Porto

Mateus Uribe foi eleito como Homem do Jogo, depois de mais uma grande exibição com a camisola do FC Porto. Incansável no meio-campo azul e branco, foi fundamental na manobra ofensiva e defensiva da equipa portista. Marcou e abriu caminho para a reviravolta. Tudo indica que o colombiano sairá no final da temporada a custo zero, algo que certamente não deverá agradar à estrutura do clube e aos seus adeptos, tendo em conta a sua importância dentro do modelo de jogo de Sérgio Conceição.

Calendários de SL Benfica e FC Porto

O Clássico terminou com a vitória indiscutível do FC Porto por 1-2. Os ‘Dragões’ estão agora a sete pontos do Benfica, que ainda tem pela frente alguns jogos complicados e a Liga dos Campeões para conciliar no meio. Faltam sete jornadas para o fim da competição.

Até ao final do campeonato, o Benfica terá que defrontar:

  • Chaves (Fora)
  • Estoril (Casa)
  • Gil Vicente (Fora)
  • Braga (Casa)
  • Portimonense (Fora)
  • Sporting (Fora)
  • Santa Clara (Casa)

Já o FC Porto, têm um calendário teoricamente mais acessível:

  • Santa Clara (Casa)
  • Paços de Ferreira (Fora)
  • Boavista (Casa)
  • Arouca (Fora)
  • Casa Pia (Casa)
  • Famalicão (Fora)
  • Vitória SC (Casa)

Fonte da capa: Observador

Artigo revisto por Maria Beatriz Batalha

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