Moda e Lifestyle

Vivienne Westwood

Em memória à estilista britânica que revolucionou o mundo da moda

Como estão? Espero que bem, e quentinhos com este frio. 

Já era para ter escrito este artigo há uns bons dias atrás, e hoje, quando me deitei na minha cama para o começar, abro o Instagram e recebo a triste notícia que Vivienne Westwood, a estrela principal deste artigo, faleceu no passado dia 29 de dezembro de 2022. O tempo não para nem um bocadinho, e nem sei como lidar com esta coincidência da vida. Acho que o meu único dever, enquanto amante de moda e escritora da ESCS Magazine, é escrever-vos o melhor artigo possível sobre esta designer incrível que marcou o mundo da moda e que trouxe uma lufada de “punk vibe”, mudança e originalidade ao longo de mais de meio século.

Mulher carneiro, excêntrica, responsável por trazer a moda punk para as passarelas. Ativista e destemida, Vivienne agrupava em todas as suas criações a originalidade, a espontaneidade e os valores em que acreditava. E todos aqueles que a admiravam e acompanhavam conseguiam sentir o poder das suas peças, o impacto que tinha e que terá para sempre.

Nada melhor do que conhecer a sua história e o seu percurso, e honrar aquilo que era e que criou, e a mudança que fez no mundo (e digo-vos já, vão gostar, e muito). 

O início

Vivienne Isabel Swire nasceu a 8 de abril de 1941 numa aldeia em Tintwistle, Inglaterra. Aos 17 anos, muda-se para a capital para dar aulas de inglês, e é aqui que conhece o seu primeiro marido, Derek Westwood. Foi estudante da Faculdade de Arte de Harrow, mas sempre com o pensamento de que nunca viveria da arte… mal sabia que viria a revolucionar o mundo da moda.

 Em 1960, decide divorciar-se do seu marido e acaba por se casar novamente, tendo outro filho, mas do segundo casamento. Aliando-se ao marido, Vivienne Westwood e Malcolm McLaren fundaram a sua primeira loja, inspirada no rock dos anos 50, dando-lhe o nome de Let It Rock.  A partir deste momento, Westwood começou a criar peças de roupa focadas no público marginal que habitava a cidade de Londres. Sempre foi muito atenta, e sabia o que se passava ao seu redor. De Let it Rock passou para Too Fast to Live, Too Young To Die, Sex e, durante a altura punk, Seditionaries

Fonte: Pinterest

Também nesta altura, o marido de Vivienne era produtor de algumas bandas de punk, incluindo a banda Sex Pistols , e como vestia muitas destas bandas, foi aqui que criou o título ainda hoje conhecido de “estilista punk”.

As influências da moda dos anos 70 – o punk

Tendo uma enorme popularidade nos anos 70, o movimento punk ganhou poder nas cidades americanas e inglesas, principalmente. Juntamente com este movimento, sucessivamente foram nascendo outros, como o hippie, disco e new wave. E, como vários estilos marcaram esta época, não só as cores fortes e fluorescentes e até padrões diferentes, como também o brilho, os rasgões nas calças e a roupa preta eram facilmente detetados pelas ruas das cidades. Mais precisamente falando do estilo punk, este teve origem no Reino Unido, América e também na Austrália, e apareceu com maior destaque em meados dos anos 70. Casacos pretos de cabedal, cabelo espetado e colorido, roupas rasgadas e muita maquilhagem carregada! Ah, e não esquecendo os acessórios metálicos: correntes e muitos piercings.

Fonte: Pinterest

Em 1980, o casal acabou por se separar, e Vivienne ficou encarregue da loja, na época intitulada de Worlds End, nome que ainda hoje é visível no grande relógio colocado à porta da sua loja em King’s Road, em Chelsea, Reino Unido. Já em 1981, lançou a sua primeira grande coleção chamada Pirates, inspirada nos códigos característicos dos piratas do século XVII. 

O impacto da sua moda foi tão grande que, aos 64 anos de idade, ganhou o título de “Dama Comandante da Ordem do Império Britânico” pelo reino britânico. Este título é atribuído como forma de agradecimento pelas contribuições das artes e das ciências, trabalhos com organizações e projetos de caridade e de assistência social. Vivienne demonstrava tanta confiança, irreverência e originalidade naquilo que era e criava, que foi isso que fez dela uma mulher tão importante e icónica. 

O seu impacto na sociedade

Westwood fazia questão de “colocar” códigos britânicos nas suas peças, de modo a homenagear a sua nação, e também transparecer um pouco de magia naquilo que criava. Assim, as suas roupas e acessórios tornaram-se símbolo de manifesto, transgressão e tradição, visto que combinavam estilos e épocas diferentes numa só obra de arte. A moda do presente não se faz sem a moda do passado, e a estilista britânica é a melhor prova disso. 

Além da cor, dos tecidos e dos padrões que realçam as suas criações, questões políticas, sociais e ambientais nunca foram colocadas de lado. A sustentabilidade, a crítica ao terrorismo e ao desperdício, o fim do uso de pele de animal, a parceria com a PETA, entre outras causas. 

Atualmente, é o seu marido, Andreas Kronthaler (estilista austríaco), que comanda a direção criativa da marca; porém, Vivienne nunca deixou de estar presente em todas as decisões relacionadas com a mesma, até ao seu último dia.

Fonte: Pinterest

O significado do seu símbolo

Demonstra o desejo de Vivienne de levar a tradição para o futuro. A realeza e os anéis de Saturno – inspirados em fotos que viu em revistas antigas de astronomia – marcam a essência e o significado desta marca especial, que permanecerá para sempre neste mundo. 

Fonte: Pinterest

Diretamente do meu coração, sou grata por ter acompanhado o pouco que consegui do percurso desta estilista. Quando realmente percebi que a moda não me era de todo indiferente, uma das coisas que mais me dava prazer era investigar a história de vida e o que levou os designers mais conceituados a chegar onde chegaram – e a primeira designer que me fez sentir essa curiosidade foi precisamente Vivienne Westwood. Já escrevi este nome inúmeras vezes aqui, mas pode ser que assim nunca caia em esquecimento. Não quero nunca que caia em esquecimento. Lutou até ao fim pelas causas em que acreditava, era diferente, era simplesmente inigualável. Que tudo o que conquistou seja para sempre preservado e admirado. E eu? Adorarei para sempre Vivienne Westwood.

Despeço-me com o coração um bocadinho apertado, mas feliz por vos dar a conhecer a designer que, com 81 anos, mais me faz apaixonar por este lugar mágico, criativo e colorido – a moda.

Contem comigo para vos continuar a atualizar sobre este mundo. <3

Um beijinho, Cláudia.

Fonte da capa: Pinterest

Artigo revisto por Francisca Teodósio

AUTORIA

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Aquariana, criativa e sonhadora por natureza, a Cláudia tem o sonho de um dia trabalhar na Vogue Portugal. Adora o lado bonito e simples da vida, animais e muita roupa e acessórios repletos de brilhantes. 

Vê a Moda como uma manifestação artística de cada época histórica, e que bom que é ver mais, explorar mais e inspirar-se cada vez mais. Estar na ESCS Magazine como editora só a faz querer sonhar ainda mais alto, ter a certeza que tudo o que queremos acontece, basta acreditar.