Yesterday: a beleza da simplicidade
Muita gente sonha com a fama e o sucesso. Vidas inteiras são planeadas para que se possa viver o momento em que nos sentimos completamente realizados. Mas e se esse momento nunca realmente chegar? E se afinal planeámos tudo mal?
Esta é a premissa que nos dá o filme Yesterday, do realizador Danny Boyle. A trama conta a história de Jack Malik (Himesh Patel), que sonhava com uma vida em cima dos palcos. Apesar de andar de terra em terra com a sua empresária, Ellie (Lily James), a cantar em pequenos eventos, a sua carreira nunca tinha dado o salto que Jack ambicionava. O jovem músico estava prestes a desistir da sua carreira quando, durante 12 segundos, o mundo inteiro ficou sem luz. O apagão geral surpreendeu todos, principalmente porque com ele deu-se uma subtil transformação no mundo. Tudo parecia igual, exceto o facto de certas marcas como a Coca-Cola terem desaparecido. Aliás, nunca chegaram sequer a existir. De um momento para o outro, todos se esqueceram da bebida mais famosa do mundo. Mas, pior ainda, todos se tinham esquecido dos Beatles. Exceto Jack Malik, que, no mesmo momento do apagão, sofreu um acidente e escapou ileso a este esquecimento global.
Quando finalmente percebeu o que estava a acontecer, Malik decidiu agarrar a oportunidade de uma vida e começou a cantar as músicas dos Beatles como se fossem da sua autoria. A fama e sucesso chegaram à velocidade da luz. Mas será que era o que o músico realmente desejava?
Yesterday é um musical disfarçado de comédia. Não foram precisos grandes esforços nem cenas geniais para que este filme fizesse sorrir quem o vê. Nota-se claramente a influência do humor britânico ao longo da película. Esta subtileza encontra-se também na representação dos atores. A simplicidade da atuação dos nomes escolhidos dá uma realidade e naturalidade ao filme, que agarra o espetador. O filme deve muito à simplicidade que o realizador decidiu dar à trama.
A esta excelente escolha junta-se uma história que é, no mínimo, original. O filme consegue ainda, sem nunca perder a graça, mostrar uma pequena crítica ao mundo da música, que se preocupa mais com o lucro do que com a arte que representa. Apesar das boas escolhas do realizador, a trama perde-se por vezes na sua própria história, tornando-se confusa em alguns excertos.
Há muito tempo que o filme estreou nos cinemas, mas até agora ainda não conseguiu alcançar o reconhecimento que merecia. Ainda assim, não deixa de ser uma boa aposta. Pelo menos, é certo que vai encontrar boa música.
Artigo revisto por Mariana Plácido