Forol: “talvez um dia saiba explicar este nome por palavras”
Há 12 anos entrou para a Banda Filarmónica de Ourém “empurrado pelos pais e pelos amigos”. Hoje, a música à qual dá vida é muito diferente daquela que fazia no início deste percurso. É um artista a solo com alguns sonhos pela frente. Forol é um nome que Cristiano Marcelino não sabe ainda explicar por palavras, mas pelo qual alguns já o conhecem.
Tal como nos explicou, Forol considera que ao longo do tempo foi alterando a sua forma de estar e afirma: “a música que faço muda consoante eu mudo.”. Foi em novembro de 2014 que viu surgir o seu primeiro EP: “In A Bottle”. O artista confessou que nunca tinha sentido necessidade de ter algo só dele e que no início fazia músicas “só porque sim”. Começou a “experimentar, no computador, e aquilo, a certa altura, começou a soar mais ou menos bem.”. Acabou então por mostrar o seu trabalho ao amigo e professor António Bastos e foi a partir daí que ele editou as suas músicas, pela You Plug Me Records. “Ele achou que tinham potencial.”.
Quando lhe perguntámos se alguma vez pensou que as músicas que faz iriam dar origem a algo consistente, Forol não hesitou – “Quando eu comecei não! Só mais tarde, depois de o António ter pegado em mim, é que comecei a ganhar mais confiança naquilo que fazia.”.
Quando está em palco, não consegue perceber bem o que as pessoas estão a sentir, a única impressão que tem quando está “lá em cima” é a de que o público “está parado”. Mas é no fim dos concertos, quando lhe dão um feedback positivo, que ele percebe que foi exatamente o contrário que aconteceu: “as pessoas que vêm falar comigo dizem-me que gostaram, que dançaram e que foi fixe, apesar de eu saber sempre que há coisas a melhorar.”.
Há quem diga que Forol é o James Blake de Ourém, mas Cristiano Marcelino, jovem reservado de 23 anos, nega com todas as suas forças esta afirmação. “Não, não sou nenhum James Blake, apesar de ele ser uma grande influência no meu trabalho, das maiores aliás.”. Define a música que faz como eletrónica e alternativa: é entre batidas, teclados e pianos que dá origem aos instrumentais que, acrescenta, “são também muito influenciados por Thom York e Björk.”. Ao longo do tempo vai escrevendo letras e depois “é só” encaixá-las nos instrumentais que produz.
Dos poucos concertos que deu, o último foi este ano, no Festival Itinerante “UM AO MOLHE”, em Fátima. Este festival, segundo o artista, “é uma coisa diferente daquilo a que estamos habituados, porque é só de artistas a solo e que anda por todo o país a mostrar coisas que não são tão conhecidas e isso é muito bom.”. Na sua perspetiva, a mentalidade das pessoas relativamente a estes artistas já começa a mudar um bocadinho, mas a maior parte pensa: “ele não está a fazer tudo o que está a dar no PA” (risos), “mas a verdade é que o nosso público é muito específico.”.
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O nervosismo é algo que não consegue controlar antes de um concerto, mas assim que entra em palco sabe que tem “de fazer aquilo” – “Então começo a acalmar e consigo abstrair-me um bocadinho…antes era pior!”. Forol gostava de ter projetos só de originais e não exclui essa hipótese para o futuro, mas também tem consciência de que “depende muito da adesão por parte do público.”.
Lado a lado com Cristiano Marcelino, Forol quer ir mais longe: chegar às grandes cidades e “até mesmo ir para fora de vez em quando” é algo de que gostava muito. Por agora está concentrado nas novas coisas que aí vêm: “estou em processo de criação de músicas, mas não sei ainda para quando estarão prontas.”.
AUTORIA
Tem uma enorme paixão por livros e um dos seus maiores sonhos é dar a volta ao mundo. Quis mandar a Ciência para trás das costas e dedicar-se ao Jornalismo, porém ainda anda à descoberta daquilo que quer fazer “quando for grande”.