Confirme que não é um humano
Quando estamos a criar uma conta numa rede social ou em alguns sites, num dos momentos é-nos pedido que confirmemos que não somos um robot, e é óbvio que é efetuado um scan rápido para averiguar a nossa resposta. Para além disso, há uns anos, quando as pessoas ainda só faziam suposições em livros, séries ou até programas de rádio, ninguém imaginava chegar a este estado de evolução.
A nossa sociedade tornou-se muito mais dinâmica e globalizada através das tecnologias de informação, o que pode ser visto como um fator ambíguo – ora é positivo porque une culturas ora é negativo porque os estereótipos circulam por todo o mundo –, mas também cada vez mais maquinizada. O conceito de homem-máquina começa a não estar relacionado com pessoas que trabalham sem parar, mas começa a ser associado aos humanoides – robots com figuras humanas. Para alguns pode parecer algo utópico e impossível, mas a verdade é que na Web Summit foi convidada a primeira humanoide a ser cidadã do mundo e a ter quase os nossos direitos.
Os países do Médio Oriente têm sido cada vez mais criticados devido ao papel da mulher ser muito inferiorizado e por ter regras muito restritas a respeitar, mas a Sofia – a tal humanoide – deu uma entrevista para um canal de televisão sem a burca obrigatória. Por outras palavras, estamos a dar mais direitos a algo que poderá pôr fim à humanidade do que às mulheres que tanto têm feito ao longo de séculos, e que continuarão a fazer.
O que iria acontecer se uma mulher fosse fazer uma entrevista, no Médio Oriente, sem a burca, ou se fosse infiel ao seu marido? Provavelmente, seria condenada ao apedrejamento até à morte… mas e se fosse uma humanoide? Como é que podemos condenar algo que na verdade é uma máquina, cujos sentimentos foram programados por intermédio de fios? O máximo que podia acontecer era ficar com umas amolgadelas no metal, ou desligarem os fios, mas nunca ia ter o mesmo impacto que a condenação de mulheres humanas tem.
Mais do que a primeira humanoide cidadã do mundo, temos de observar outras tendências, quase todas no Japão. É lá que se encontra um hotel controlado apenas por robots ou pessoas convidadas para cantar para androides. De facto, os limites estão a ser ultrapassados todos os dias, devido às novas tecnologias, e no futuro poderemos chegar a alguma situação irreversível que nos ponha em risco.
Por essa mesma razão, é importante rever bem o papel que estamos a assumir diante da evolução dos robots. Nós não deveríamos criar algo para nos substituir, mas sim para nos ajudar, tal como temos os computadores, os telemóveis, as máquinas nas fábricas, entre tantos outros exemplos que mostram a utilidade da tecnologia sem que esta nos extermine.
AUTORIA
Pedro Almeida, de 21 anos, é um estudante universitário do curso de Publicidade e Marketing, cuja paixão reside no Marketing, na escrita e na responsabilidade social.