Dear Telephone no Music Box
Faltavam dez minutos para o início do concerto dos Dear Telephone, banda de rock experimental formada em Barcelos em 2010, e o número de espetadores contava-se pelas mãos, talvez porque o preço não fosse apelativo para o concerto de uma banda ainda recente e pouco conhecida ou talvez porque a divulgação do evento não tenha sido suficiente. Fica a incógnita. O ambiente escuro do espaço de música em Lisboa enchia-se de pouca expectativa para o concerto da banda que duraria pouco mais de uma hora e no qual se apresentaria o novo álbum da banda, Cut, e se tocariam algumas músicas do anterior.
Após alguns minutos de atraso começou um concerto que deixou muito a desejar: o alinhamento foi fraco, as músicas pareciam inacabadas, a interação com o pouco público não foi a melhor. É verdade que a banda é recente, que tem pouca experiência e que isso talvez os desculpe na vertente do alinhamento, que, infelizmente, seguiu a linhagem de Cut e cortou qualquer tipo de entusiasmo inicial que deve surgir em qualquer concerto (começar com uma balada adormece o público, não o torna expectante). Talvez a falta de experiência ao vivo também justifique a falta de contacto com aqueles que assistiam ao concerto, mas nada justifica o facto de as músicas parecerem inacabas ou dolorosamente compridas e aborrecidas e com dissonâncias pouco ou nada adequadas, mas nada isto tem que ver com a qualidade do concerto, tem sim a ver com a falta de cuidado e polimento por parte de quem compõe as peças musicais, que, ainda assim, vieram a melhorar desde o lançamento de Taxi Ballad, o primeiro álbum.
No entanto, apesar de tudo o que correu mal, houve também alguns (poucos) aspetos a louvar: o jogo de luzes simples, aliava-se bem à pouca complexidade instrumental (é uma escolha que não deve ditar a qualidade da banda) e a potência vocal de Graciela, responsável não só pela voz como também pelo teclado, é de elogiar e a simplicidade bruta da bateria funcionava, também, muito bem.
Em suma, foi um concerto que mereceu a pequena dimensão do Music Box mas que, talvez com um alinhamento menos preguiçoso e um upgrade na composição, possa vir a merecer palcos maiores.