“Tudo está ao alcance das nossas mãos, se para isso nunca baixarmos os braços”
Este foi o lema que Sebastião Sabino adotou aquando da sua tomada de posse enquanto Presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Comunicação Social, em janeiro de 2017.
A ESCS MAGAZINE esteve à conversa com o recém-licenciado em Audiovisual e Multimédia que deu voz aos escsianos durante um ano.
ESCS MAGAZINE (EM): O que deve ser uma Associação de Estudantes?
Sebastião Sabino (SS): Na sua essência, uma Associação de Estudantes deve ser simultaneamente um reflexo e uma referência dos e para os estudantes que representa. Uma referência porque acredito que se deve pautar pelo exemplo e procurar transmitir e materializar os valores de cidadania que a regem, por meio de toda a sua atividade. E um reflexo, porque se for bem sucedida na sua missão, verá naturalmente na comunidade académica em que se insere o contributo diferenciador da sua ação – um espelho, em cada estudante, das bases da sua própria fundação e os alicerces do seu futuro.
EM: O que diferenciava a Lista C – O Caminho a Seguir?
SS: Acho que cada lista acaba por ter as suas particularidades. O que gosto de achar que foi um fator diferenciador foi o facto da lista ser composta, por um lado, por pessoas já familiarizadas com o trabalho da associação e, por outro, por pessoas com pouca ou nenhuma experiência associativa: acabou por haver um misto interessante. Percebia-se que os membros gostavam do projeto e encaravam o trabalho como um desafio e com muito entusiasmo. Foi isso que marcou a Lista C – a vontade de fazer melhor, de fazer diferente.
EM: Porque te candidataste a Presidente da AE ESCS?
SS: Essa é uma boa questão. Um pouco para minha surpresa, entrei na AE ESCS no meu primeiro ano, em novembro. Digo para minha surpresa talvez por vir do ISEL, onde a Associação de Estudantes parecia algo distante, como que fechada aos alunos dos primeiros anos. Depois disso, as coisas foram muito naturais: foi um fascínio e um “amor à primeira vista” pelo projeto associativo. Não houve propriamente um momento em que tivesse pensado de antemão que a queria liderar no futuro. Queria apenas aprender, crescer e trabalhar em prol dos alunos. A associação acabou por se tornar o meu habitat natural. Já lá passava a maior parte do meu tempo livre – um motivo de gozo entre os meus amigos e colegas de curso -, e foi lá que fiz grandes e duradouras amizades. Entre o final do meu segundo ano e início do terceiro surgiu a oportunidade. Senti que tinha a confiança de quem trabalhava comigo e aceitei o desafio!
EM: Quais eram os teus objetivos principais quando começaste a exercer funções?
SS: Sendo um novo início, com novos membros e nova liderança, procurámos reajustar o modelo de organização, integrar as pessoas e, acima de tudo, fazer a diferença em todas as áreas: perceber o que tinha sido feito e ir mais longe. Inicialmente não foi um processo fácil, uma vez que transitaram apenas três pessoas da Direção anterior, agora para uma direção alargada de 17 pessoas ao invés de 11. O esforço teve de ser contínuo até ao final e alargado a todas as vertentes. A AE ESCS foi deixada num bom patamar, a ser cada vez mais reconhecida no panorama nacional, e nós tínhamos de continuar e superar esse esforço. Com muito orgulho, posso dizer que foi missão cumprida.
Ainda a nível interno, a comunicação com os alunos era algo que queríamos melhorar exponencialmente. Queríamos essencialmente mostrar o “backstage”, uma vez que 90% do trabalho é invisível, composto por processos que facilmente passam despercebidos.
EM: Que experiência te marcou mais no decorrer do mandato?
SS: Costumo dizer que a vida associativa é um ponto pequeno da vida – lá acontece um pouco de tudo. As coisas que me marcaram não são propriamente coisas, mas sim as pessoas. Apercebi-me de que as pessoas são o verdadeiro projeto. O trabalho – que é muito e que nunca estará completo – só vale a pena com a equipa certa e com o espírito certo, que nos levam às aprendizagens corretas. Por vezes, estamos em situações tão fora da nossa zona de conforto, que nos vemos a crescer juntos e a aplicar esses conhecimentos a outras esferas da vida. Respondendo diretamente à questão, marcou-me ver algumas pessoas abandonar o projeto por indisponibilidade pessoal. Foi um ano muito difícil, de constante mudança e esforço, para que o trabalho nunca ficasse por fazer. Quem ficou sabe bem o que custou, mas sei que valeu a pena. Com todos os bons e maus momentos. Foi uma grande aprendizagem.
EM: Consideras que o vosso plano de atividades foi cumprido?
SS: A 100%? Não. O caso mais flagrante é o da Red Carpet, que não aconteceu devido a falta de organização interna, derivada dos problemas que já referi, e mostrámos isso no nosso relatório de contas. Lançámos o evento, mas a sua pouca antecedência tornou-o insustentável e refletiu-se na pouca adesão dos alunos.
De resto, do que me lembro, foi cumprido. Poderá haver algumas exceções fruto de uma impossibilidade total de calendário, tendo em conta outros eventos na ESCS. De uma forma geral, sinto que as atividades correram bem e foram bem recebidas pelos alunos, mas ao mesmo tempo ressalvo que existe uma grande necessidade de inovar. De inovar e de coordenar todas as atividades dos núcleos e atividades extracurriculares. Espero que o contributo que deixámos, ao nível da remodelação dos conselhos de estudantes, sirva esse mesmo propósito.
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EM: O que tens a dizer acerca da falta de transparência de que és acusado?
SS: Quando nos deparamos com uma dificuldade em comunicar todo o trabalho, torna-se inevitável que algumas pessoas pensem isso. Houve uma falta significativa de Assembleias Gerais, que não foi de todo culpa da Direção. Não obstante, os três mandatos que presenciei foram marcados por uma falta de comparência por parte dos alunos neste fórum. Isto revela um problema com origens nos dois lados e é preciso reinventar e procurar novas formas de trazer os alunos a este que é um momento essencial na vida da Associação. A Assembleia Geral de Alunos é o Órgão deliberativo máximo e esse poder está nas mãos e na presença de cada aluno. Esperemos que o Regimento da AGA que elaborámos venha ajudar a combater este problema, uma vez que diz tudo o que acontece e como pode acontecer nas Assembleias. Como já referi, a minha Direção elaborou o Relatório de Contas mais completo que vi até agora na Associação, com cada cêntimo gasto discriminado e com o nosso parecer relativamente ao que devem ser práticas a adotar – e está tudo disponível para quem quiser ver. Acho que tudo acaba por levar à maior à envolvência dos alunos na vida da Associação em toda a sua duração, não apenas em períodos eleitorais.
EM: Acreditas que a AE ESCS está em boas mãos no mandato 2017/2018?
SS: Tendo sido eleita uma lista de rutura, não consigo responder a essa pergunta e não estou na ESCS para acompanhar de perto o que tem sido feito. Como em cada mandato, só o tempo o dirá. Falei várias vezes com o Rúben para acompanhar o processo de transição e saber se precisava de ajuda, mas ele disse-me que estava tudo a correr bem. Posso dizer que foi com bastante satisfação que vi a remodelação de fundo do espaço da AE. Quanto ao novo projeto, as pessoas são sempre diferentes, pensam de forma diferente e fazem as coisas de forma diferente. Essa pergunta deve recair sobre cada aluno da ESCS, tendo presente a noção de que a Associação é também o que dela fizerem.
EM: O que sentes que ficou por fazer?
SS: Fala-se muito de as pessoas saírem com o sentido de dever cumprido, e na Tomada de Posse dos novos Órgãos respondi a esta pergunta. Por fazer fica sempre muita coisa, é um trabalho que nunca está completo. Tudo pode ser melhorado e tudo tem de ser continuado. Para mim, o verdadeiro dever cumprido está nas pessoas. Ver um mandato chegar ao fim com pessoas absolutamente resilientes, determinadas e unidas, que tudo fizeram para cumprir aquilo a que se propuseram e que juntas cresceram, nesta que foi uma experiência que sem sombra de dúvida terá um lugar duradouro nas nossas memórias.
AUTORIA
Se virem uma rapariga com o cabelo despenteado, fones nos ouvidos e um livro nas mãos, essa pessoa é a Maria. Normalmente, podem encontrá-la na redação, entusiasmada com as suas mais recentes descobertas “AVIDeanas”, a requisitar gravadores, tripés, câmaras, microfones e o diabo a sete no armazém ou a escrever um post para o seu blogue, o “Estranha Forma de Ser Jornalista”… Ah, e vai às aulas (tem de ser)! Descobriu que o jornalismo é sua minha paixão quando, aos quatro anos, acompanhou a transmissão do 11 de setembro e pensou: “Quero falar sobre as coisas que acontecem!”. A sua visão pueril transformou-se no desejo de se tornar jornalista de investigação. Outras coisas que devem saber sobre ela: fica stressada se se esquecer da agenda em casa, enlouquece quando vai a concertos e escreve sempre demasiado, excedendo o limite de caracteres ou páginas pedidos nos trabalhos das unidades curriculares. Na gala do 5º aniversário da ESCS MAGAZINE, revista que já considera ser a sua pequena bebé, ganhou o prémio “A Que Vai a Todas” e, se calhar, isso justifica-se, porque a noite nunca deixa de ser uma criança e há sempre tempo para fazer uma reportagem aqui e uma entrevista acolá…!