Opinião

O Tetris de Trump

Este artigo é escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico

O Rock ‘n’ Roll é a música do diabo, já diziam os antigos. Já o Dungeons and Dragons, apesar de parecer um jogo de tabuleiro para adolescentes virgens falhados (classe onde eu me incluía à época), é na realidade um ritual de invocação “Beelzebuziano” que leva à promiscuidade sexual e ao vampirismo (recomendo vivamente a visualização da obra prima cinematográfica Dark Dungeons para sentirem o “perigo” na 1ª pessoa)

Voltamos ao velho/novo debate acerca da influência que os videojogos violentos têm no comportamento dos jovens. O amigo Donald reuniu-se com várias pessoas influentes no mundo do entretenimento videojogável, incluindo CEOs de empresas e o pessoal do Entertainment Software Rating Board, para falar um pouco sobre este assunto de extrema urgência.

Antes de mais, vamos pôr os pontos nos is: estudo, após estudo, após estudo demonstram cientificamente que a violência pixelizada não tem sequelas no mundo real. Por outras palavras, jogar GTA não vos transforma num serial killer, tal como jogar Super Mario não cria em vocês uma vontade incontrolável de esmagar tartarugas. As pessoas com uma natureza violenta vão ser violentas, independentemente de verem filmes snuff ou de serem campeões nacionais de Tetris.

De facto a realidade é exatamente inversa. Consumir formas de media violentas serve de exorcismo dos nossos desejos mais negros. A introdução da pornografia na Índia, por exemplo, causou uma descida vertiginosa no número de violações.

O que Trump está a fazer é uma clássica manobra de diversão. É o bode expiatório simples, para pessoas simples. Quantas vezes não ouvimos já dizer que “os jovens de hoje em dia só são sujeitos a conteúdos violentos e é por isso que os tiroteios nas escolas estão a aumentar”? Esta lenga-lenga é tão óbvia que só pode estar certa. Isto serve em exclusividade para desviar o olhar do péssimo sistema de saúde americano que se está nas tintas para a saúde mental e da desregulação selvagem que existe no mundo das armas de fogo, causada por porcos lobbyistas.

O mais engraçado nisto tudo é que este assunto parece ter sido a gota de água no copo Trump. Convidar-vos-ia a ver a barra de dislikes na compilação violenta que o Presidente levou para a conferência, mas a Casa Branca infelizmente removeu o vídeo do Youtube. Se calhar foram desmonetarizados, sabe-se lá.

Não obstante, que fique clara uma coisa: se há algo que os trolls e os memers da Internet,  que, indubitavelmente, ajudaram o Presidente a ser eleito, não querem perder são os videojogos. É giro ver toda esta tempestade. Recomendo o subredditTrumpgret”, uma compilação de votantes no Donaltim que entretanto se arrependeram e vieram pedir desculpa ao mundo.

É triste ser isto, depois de tudo o que Trump fez (demasiado para aqui listar), que faz as pessoas perderem a cabeça. Deveras patético, meu caro Watson.

Para ser absolutamente honesto, eu acho que o que se passa aqui é que o Presidente dos Estados Unidos da América, ao ver-se confrontado com a dificuldade do 2º nível do Pacman, fez o que sabe fazer: desistiu, fez birra e pediu ao papá para acabar com os videojogos. Tirando o papá, claro. Esse está morto. Sad!

AUTORIA

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João Carrilho é a antítese de uma pessoa sã. Lunático, mas apaixonado, o jovem estudante de Jornalismo nasceu em 1991. Irreverente, frontal e pretensioso, é um consumidor voraz de cultura e um amante de quase todas as áreas do conhecimento humano. A paixão pela escrita levou-o ao estudo do Jornalismo, mas é na área da Sociologia que quer continuar os estudos.