Agenda Cultural de outubro – Marvila: uma ode ao bom e ao barato
[wpupg-grid]Chegou outubro. A carteira aperta. O atum começa a encher as prateleiras, e salta delas quando acaba a comida que a mãe empacotou no fim-de-semana em que fomos a casa. Regressam os antigos, juntam-se os novos. As costas acomodam-se no banco de jardim, quando temos tempo entre as aulas, quando faltamos às aulas. A cabeça enche-se de preocupações, de textos escritos à pressa no seminário em que o professor fala demais e diz de menos.
Precisamos de escapar. Quem não precisa de escapar de vez em quando? De ver arte, de ler. A arte de olhar profundamente nos olhos de um desconhecido numa festa académica, de lhe beber os labios é, por vezes, demasiado fugaz. A arte de ler os pensamentos de quem nos acompanha é demasiado cansativa. É preciso fugir. Refugiarmo-nos. Encontrar a catarse no desconhecido, nos recantos da cidade.
Chega outubro, chega a novidade. Todos os meses, nesta cidade que cada vez mais se enche de línguas alheias à nossa, de cabelos e tez claras, chega algo de universal. Algo que nos diz algo, mesmo que numa linguagem visual, musical, sensasorial.
Pega em ti. Pega na mala, na carteira e na máquina. Nao precisas de ter nada nos bolsos. Entra numa estação sem cancelas, percorre as paragens da cidade enquanto foges ao pica. Sai em Marvila. A rua é de Belém, mas fica em Marvila, prometo. Há posters, música e talvez haja imperial. Junta-se a palavra à arte. Lê-se arte na palavra. Talvez te cruzes com uma ou outra cara familiar nesta que é uma exposição ao ar livre. Nesta podes ver bem as expressões dos outros, que muitas das vezes surgem também como forma de arte. Ou não precisas de olhar para nada sem ser para os teus próprios pés. Mas sai.
Segue a pé, ainda por Marvila. Apressa-te. Tens até ao dia 16 de outubro para lá chegar, para entrar no mundo de exposições, teatro, música e debates que vai invadir a zona. É gratuito. Tudo gratuito. Menos o almoço. Esse nunca é grátis. Entra na loja Rés do Chão, na Casa Dos Direitos Sociais, no Pátio dos Cês e no Palácio da Mitra. Vê. Ouve. E vive Os Dias De Marvila. Mas sai.
Esta é uma ode ao barato. E segues a pé, pela linha do comboio ou de autocarro. Com amigos, com música ou até sozinho. Anda em círculos, não saias dessa vila. Não saias de Marvila. E entra no auditório Fernando Pessoa. Há teatro amador durante todo o mês. Não tens de pagar. Podes deixar-te emergir pela arte. Podes aproveitar para descansar os olhos com barulho de fundo, apreciar a arte da representação por osmose. Tens o mês todo para passar por lá. Mas não deixes de ir. É bom e nem sequer chega a ser barato. Nem precisas de nada sem ser da tua própria companhia. Mas sai.
Podes consultar aqui os programas na íntegra:
Poster 2018:
https://www.postermostra.com/
Dias de Marvila:
http://blx.cm-lisboa.pt/fotos/noticias/programa_diasmarvila_9067468875ba9fbe576b89.pdf
Festival de Teatro Amador: