Bohemian Rhapsody. Fantástico ou um fiasco?
Bohemian Rhapsody, este é nome de uma das músicas mais lendárias da banda britânica, Queen. Para além disso, mais recentemente, é o nome dado ao filme cinebiográfico sobre a história da banda, principalmente Freddie Mercury.
O filme baseia-se num período de 15 anos e passa pela formação da banda britânica até à atuação da mesma no Live Aid, em 1985, seis anos antes da morte de Freddie Mercury.
Caso não saibas o “verdadeiro” nome de Freddie Mercury é Farrokh Bulsara.
Em 1970, Farrokh, um estudante britânico persa que trabalhava no aeroporto de Heathrow, após assistir a um espetáculo de uma banda local chamada Smile, ofereceu-se para ser o novo vocalista da banda.
Os 4 elementos da banda Smile, agora conhecida por Queen, começaram a tocar em bares e pequenos recintos em Inglaterra até que decidiram vender a carrinha que tinham para produzirem o álbum de estreia. Pouco depois da gravação do álbum, assinaram um contrato com a EMI Records.
Durante esse percurso inicial, Farrokh apaixona-se por Mary Austin e muda o seu nome para Freddie Mercury. Contudo, durante uma digressão pelos EUA, o vocalista começou a questionar a sua orientação sexual.
Em 1975, foi gravado o quarto álbum da banda, A Night at the Opera, bem como um dos seus maiores êxitos e também título do filme: Bohemian Rhapsody, que foi lançado como single do álbum. No entanto, o tema Bohemian Rhapsody foi recusado pelo executivo da EMI, Ray Foster, por ser uma música de 6 minutos e ter partes de ópera. Como tal, a banda abandonou a EMI e o single tornou-se um grande sucesso.
O filme aborda detalhes como a formação da banda, a composição das músicas mais famosas, as gravações dos discos e os altos e baixos do grupo, principalmente de Freddie Mercury.
Contar a história de uma banda que foi tão importante para a música não seria uma tarefa fácil, mas algumas características tornariam o filme bom de imediato: a banda sonora é o que dá a maior qualidade ao filme e isso é indiscutível. O espetáculo dado em Wembley durante o Live Aid foi outro dos momentos que tornou o filme bom logo à partida.
O realizador, Bryan Singer, construiu uma narrativa que envolve e emociona os fãs que viram o filme. A cinebiografia tentou contar a história do cantor e da banda e conseguiu explorar muito bem todo o visual característico da época.
Os dramas pessoais de Freddie são o fio condutor de toda a narrativa. Em Londres, Freddie Mercury era um talento escondido. Um prodígio, que discute com os amigos, procura o amor da sua vida e se redime no final da história.
Festas, drogas, sexo e escândalos. Estas eram as quatro coisas centrais na vida de Mercury e que fizeram ofuscar os outros elementos da banda. Esse é um dos problemas do filme: só procurou entender os problemas de Mercury. Não procurou encontrar os motivos pelos quais os outros elementos também marcaram a história.
Rami Malek foi o ator que interpretou o papel de Freddie Mercury. A sua atuação deve ser destacada porque o papel foi muito bem entregue.
O ator conseguiu ilustrar o lado excêntrico de Freddie Mercury, os dentes avantajados e diferentes do normal, as roupas extravagantes e a atitude de “diva”.
Rami Malek incorporou todos os gestos característicos de Freddie para tornar a interpretação o mais fiel possível. Ao tentar dobrar as performances – algo difícil de fazer, tendo em conta a voz particular de Freddie Mercury –, o ator pecou um pouco na intensidade que um espetáculo como o de Wembley precisava. No entanto, a sua performance foi incrível.
A sua interpretação é de tirar o chapéu. Bryan May, compositor e guitarrista da banda Queen, elogiou o ator: “Ele é incrível… sem dúvida ele estará na lista de indicados ao Óscar e é muito merecido. Ele incorporou o Freddie num nível que começamos a pensar nele como o Freddie. Realmente excecional”.
O filme é longo e tem 2h15. No entanto, não é de todo cansativo. O espetador envolve-se em cada segundo, simpatiza com as personagens, conhece melhor a lenda que foi Freddie Mercury e todos os outros ângulos da história dos Queen.
É a melhor recompensa que Bohemian Rhapsody podia ter dado: aproximar os fãs da experiência única que a banda viveu e partes que os fãs não conseguiam perceber.
O filme estreou nos cinemas a 1 de novembro. Antes de veres precisas de saber uma coisa: é impossível não cantarolar e fazer um dueto com Freddie Mercury durante todo o filme.