“Mundial de Andebol dominado pelos nórdicos”
26º Campeonato do Mundo de Andebol – Alemanha/Dinamarca
Entre 10 e 27 de janeiro disputou-se a 26ª Edição do Campeonato do Mundo de Andebol Masculino. Competição acolhida por dois países vizinhos, Alemanha e Dinamarca. Estiveram presentes 24 países, dos quais a Dinamarca conseguiu alcançar, pela primeira vez, a medalha de ouro.
O jogo inaugural, a 10 de janeiro, colocou frente a frente a Coreia 19-30 Alemanha. O primeiro golo da competição foi apontado pelo asiático, número 7, Jung Suyong. Aos cinco minutos de jogo já os alemães tinham dado a cambalhota (1-3) no marcador. No final seria Uwe Gensheimer, jogador alemão que representa o PSG, o melhor marcador da partida com 7 golos.
As 24 seleções nacionais presentes estavam divididas em quatro grupos de seis, onde dois desses grupos jogaram na Alemanha, Berlim e Munique. Os outros dois grupos jogaram na Dinamarca, Copenhaga e Herning. Os três melhores classificados de cada grupo passariam ao “Main Round”, dando origem a dois grupos de seis seleções. Os não apurados para este Main Round disputaram a “President Cup”, ou seja, o grupo dos últimos.
Retomando os grupos iniciais, convém realçar o Grupo A como o mais forte e competitivo integrado pela Alemanha e França e onde surgiu o Brasil a impedir a Rússia e a Sérvia de ficarem nos três primeiros lugares.
No grupo B, a Croácia foi líder, venceu e colocou a Espanha, atual campeã da Europa, em segundo lugar no grupo. O terceiro lugar foi alcançado pela Islândia, que venceu a Macedónia (24-22) e impediu que os homens dos Balcãs, capitaneados por Kiril Lazarov (melhor marcador (50) no último Mundial França 2017), ficassem nos três primeiros lugares.
No grupo C, a forte Dinamarca conseguiu cinco vitórias nos cinco jogos disputados. Em segundo lugar surgiu a Noruega, somente com uma derrota contra o líder do grupo. Em terceiro lugar acabou por ficar a Tunísia, um dos representantes do Continente Africano. Neste grupo esperava-se mais da Áustria, que conseguiu somente uma vitória contra a última classificada do grupo, a frágil e debilitada Arábia Saudita.
No grupo D, a Suécia, a exemplo da Dinamarca e da Croácia, contabilizou por vitórias os jogos disputados. No segundo posto ficaram os Húngaros e em terceiro os Egípcios, que apresentaram um andebol de boa qualidade. Angola também fez parte deste grupo D e acabou por ficar em último, tendo alcançado somente uma vitória num jogo brilhante contra o Qatar.
Terminada a fase de grupos, teve início a Main Round para os doze primeiros e a President Cup para os doze últimos. Neste primeiro dia, o jogo mais importante opôs a França, campeã do mundo em título, contra a Espanha, campeã da europa em 2018. A vitória sorriu aos Franceses por 33-30, onde estiveram em destaque o lateral direito Dika Mem e o pivot Ludovic Fabregas ambos com 6 golos, eles que são colegas de equipa no FC Barcelona. No mesmo dia e em jogo a contar para a President Cup, a Rússia defrontou a Macedónia e acabou por vencer por 30-28, do lado russo o central Dmitrii Zhitnikov marcou 8 golos, menos um que o artilheiro da partida o macedónio Kiril Lazarov, jogador do Nantes, que marcou 9 golos.
Na jornada do dia seguinte, 20 janeiro, foi o Brasil o responsável pela maior surpresa ao derrotar a invencível Croácia por 29-26 com 9 golos do Brasileiro Haniel Langaro jogador que representa o Dunquerke na Liga 1 Francesa denominada por LIDL StarLigue.
No dia 21 de janeiro, assistimos a dois jogos que foram dois verdadeiros “mata-mata”. O Suécia 27-30 Noruega, este resultado colocou a Noruega quase com os dois pés nas meias-finais e também o Croácia 21-22 Alemanha, em que os germânicos venceram com a ajuda do público, 18.000, que lotaram a totalidade dos lugares da Lanxess Arena de Colónia, e também com a ajuda da dupla de árbitros dinamarquesa (Martin e Mats), segundo as queixas dos Croatas após o apito final. Da totalidade dos golos alemães referência aos 6 golos em 6 remates alcançados por Fabien Wiede, o possante lateral do Fuchse de Berlin.
Na última jornada do Main Round, a França perde com a Croácia, mas já tinha assegurado a presença na meia-final. Por sua vez, a Alemanha venceu a Espanha (31-30), a Noruega impôs-se à Hungria (35-26) e por fim a Dinamarca venceu a Suécia (30-26).
Após um dia de descanso, os quatro semifinalistas voltam aos palcos. A Dinamarca, que tinha jogado sempre perante o seu público em Herning, assim como a Noruega, que ainda não tinham saído desta cidade dinamarquesa. Pelo contrário a Alemanha e França continuaram por terras germânicas. Os primeiros a subirem ao Barclaycard Arena em Hamburg foram os Dinamarqueses, campeões olímpicos no Rio2016 e os Franceses, campeões do mundo em 2017. Esperava-se bastante equilíbrio num jogo que seria a repetição da final olímpica e na qual a França saiu derrotada por 28-26, tendo que se contentar com a medalha de prata. Os dinamarqueses demonstraram menor desgaste físico na primeira parte, onde o resultado no final indicava uma diferença de seis golos (21-15). A segunda parte foi mais equilibrada, mas nada que impedisse a vitória esclarecedora, 38-30, dos “Vikings” onde a nomeação do “Man of the Match” foi para Mikkel Hansen, tendo conseguido só à sua conta 12 golos contra os ainda, Campeões do Mundo.
Fonte: Plataforma online do jornal A Bola.
Na segunda meia-final do dia, a Alemanha a jogar em casa perante 16.000 adeptos que encheram a Arena de Hamburgo e que acabaram por regressar a casa tristes e desiludidos com a derrota 25-31 contra a Noruega, que tinha conquistado a medalha de prata do último Mundial, disputado em França há dois anos. Em destaque nos germânicos esteve uma vez mais, o ponta esquerdo, Uwe Gensheimer com 7 golos, aliás, os mesmos golos alcançados pelo lateral, que representa os alemães do Flensburgo, Magnus Rod.
Finalmente chegámos ao dia da grande final, das grandes decisões, onde um novo campeão do mundo iria ser coroado. Mas antes houve ainda tempo para o jogo da atribuição da medalha de bronze, que acabaria por colocar frente a frente os derrotados das meias finais disputadas na véspera. Aos alemães era exigido, pelo seu público, a vitória que serviria como prémio de consolação. Para os franceses, que também queriam vencer, o jogo iria ser de grande equilíbrio como tinha sido demonstrado, em Berlim, na fase de grupos em que se defrontaram estas duas seleções e não foram além de um empate a 25 golos. Este jogo teve duas partes completamente distintas. Na primeira parte, os alemães venciam por 13-9, quatro golos de diferença que não seriam suficientes pois na segunda parte a frança conseguiu uma diferença de 5 golos (12-17), o que garantiu uma vitória final por 25-26. As figuras do jogo e como tinha acontecido no jogo da fase inicial foram Uwe Gensheimer pelos alemães e Kentin Mahé que conseguiu 7 golos, tornando-se o melhor marcador da partida.
Além destes dois jogadores, teremos que destacar a dupla de árbitros portugueses, Duarte Santos e Ricardo Fonseca, que estiveram a um nível excelente e souberam dignificar o Andebol nacional, não só neste jogo, mas no decorrer da competição. Se os árbitros foram portugueses no jogo dos terceiros lugares, já na final do mundial tivemos como delegado da IHF (International Handball Federation) o português e ex-árbitro, António Goulão. Não estivemos presentes a nível de seleção nacional, mas conseguimos marcar presença no tocante a árbitros e delegado de forma extremamente positiva.
Para todos os apaixonados pela modalidade e especialmente os Dinamarqueses e Noruegueses, o momento da grande decisão iria acontecer, a tão esperada final do Mundial. Se no jogo de atribuição do 3º lugar tinha havido um reencontro de seleções do grupo A (França e Alemanha), o mesmo se passou com os finalistas pois já se tinham defrontado no Grupo C, onde a Dinamarca venceu a Noruega por 30-26, com 14 golos apontados por Mikkel Hansen, quase metade dos 30 golos alcançados pela Dinamarca.
Nesta final, assistimos a uma Noruega algo ansiosa nos primeiros 30 minutos, o que permitiu à Dinamarca efetuar por três vezes distintas parciais de 3-0 e que originou uma vantagem de 7 golos ao intervalo (18-11). Na segunda parte, houve mais equilíbrio e o técnico dinamarquês Nikolaj Jacobsen somente teve que saber gerir o resultado, em vez de se preocupar em dilatar a vitória. Tendo o resultado final sido de 31-22. Destaque para os 9 golos do norueguês Magnus Jondal, acabando por ser o melhor jogador da seleção treinada por Christian Berge. No lado dos campeões do Mundo e para não fugir ao habitual, o destaque foi para Mikkel Hansen, o possante jogador meia-distância, do Paris Saint-Germain, que acabaria por ser o rei dos marcadores com 72 golos no total, além de ter conquistado a coroa do MVP do 26º Campeonato do Mundo. Parabéns à Dinamarca, que desta forma se junta à Rússia e à França como os únicos a conquistarem os três títulos mais importantes nesta modalidade. Campeão da Europa, Campeão Olímpico e Campeão do Mundo.
Após o final da competição foi divulgada a lista de jogadores escolhidos para o “All Star Team” deste Mundial:
Guarda-Redes: Niklas Landim (Dinamarca)
Ponta Esquerda: Magnus Jondal (Noruega)
Lateral Esquerdo: Sander Sagosen (Noruega)
Central: Rasmus Lauge (Dinamarca)
Lateral Direito: Fabian Wiede (Alemanha)
Ponta Direita: Ferran Sole Sala (Espanha)
Pivot: Bjarte Myrhol (Noruega)
Numa forma de análise conclusiva, os meus parabéns vão para a Campeã Mundial, Dinamarca, e também à finalista vencida Noruega. Os derrotados nas meias-finais Alemanha e França acabaram por desiludir nos jogos decisivos. A Espanha campeã da Europa em 2018 não foi além do 7º lugar. Esperava-se mais do que o 14º lugar da Rússia e do 15º lugar da Macedónia. Pela positiva, quero realçar o brilhante 9º lugar do Brasil e o 8º lugar do Egipto, o primeiro país não europeu neste Mundial e que irá ser o anfitrião do próximo campeonato do mundo de andebol, o 27º, a disputar em 2021.
Artigo revisto por: Beatriz Pardal