Final da 1ª fase da Liga Portuguesa de Basquetebol
Pelo segundo ano consecutivo, a Liga Portuguesa de Basquetebol vê-se dividida em 3 partes. Na primeira fase da fase regular, as 12 equipas defrontam-se em duas rondas. As 6 melhores classificadas ficam no Grupo A da segunda fase, já com o play-off garantido mas com muito a ser decidido no que toca aos emparelhamentos. As 6 piores formam o Grupo B, onde 2 equipas serão despromovidas e outras 2 ocuparão as vagas finais para os play-offs de apuramento do campeão.
Feita a sucinta explicação do modus operandi desta competição, é tempo de analisar o que ditaram as 22 jornadas desta primeira etapa da fase regular ao nível da classificação, bem como os destaques estatísticos.
É justo começarmos pela União Desportiva Oliveirense, campeã em título, que conseguiu averbar apenas 1 derrota (contra o SL Benfica). Um registo impressionante, ainda para mais estando a liga com um dos níveis de competitividade mais altos dos últimos largos anos. O clube de Oliveira de Azeméis conseguiu manter a base do plantel que venceu o título na época transata, tendo apenas saído 3 jogadores, com as suas vagas a serem exemplarmente ocupadas por André Bessa, Marko Loncovic e Thomas de Thaey. Com as figuras James Elissor, Eric Coleman e Travante Williams a manterem o grande nível, a continuidade do plantel permitiu a Norberto Alves fazer uso das rotinas já estabelecidas durante toda uma época e promover um excelente basquetebol: extremamente coletivo, agressivo e consistente.
Em segundo lugar surge o Sport Lisboa e Benfica, que tem conseguido mostrar o seu poderio e somar apenas 2 derrotas numa época que está a ser atribulada. Os encarnados têm visto os seus jogadores sofrer diversas lesões, tendo raramente o plantel completamente disponível. Além disso, acabaram por trocar o base Quentin Snider (emprestado ao Imortal) por Juan Cantero, que ainda não convenceu a 100%. Viram-se, também, obrigados a contratar um poste para o lugar de Xavi Rey, que estava frequentemente lesionado – Mickell Gladness, jogador com vasto currículo e experiência e que demonstrou bastante qualidade nos 4 jogos que fez até agora. Mesmo vivendo alguma instabilidade decorrente dos fatores já explicados, o clube da Luz tem tirado partido do vasto leque de jogadores que constituem o plantel e da qualidade individual de vários dos seus jogadores para terminar esta 1ª fase no segundo lugar, destacando-se o contributo de Miguel Maria Cardoso e Micah Downs.
O Futebol Clube do Porto surge em 3º lugar, com 6 derrotas – registo já algo distante dos dois principais adversários. Os dragões iniciaram a época pessimamente, mas têm vindo a acertar o passo, tal como é apanágio das equipas de Moncho López. No entanto, para alcançarem o nível da Oliveirense e do Benfica há ainda algum caminho a ser percorrido. Tal como foi feito na Luz, também no Dragão deram-se trocas durante esta fase: no último mês, os azuis e brancos trocaram os croatas Toni Prostran e Boris Barac por dois norte-americanos, o regressado base Brad Tinsley, que é garantia de qualidade, e o extremo-poste Will Graves. Mesmo assim, com um reforço de qualidade para o cinco inicial, algum défice no banco poderá dificultar a vida a esta equipa. Destaca-se William Sheehey, que exibe consistentemente um nível espetacular (quando não está lesionado…).
Se os 3 primeiros lugares foram ocupados pelas equipas já esperadas, o resto da tabela estava totalmente indefinido e verificou-se uma enorme competitividade – com muita luta pelas restantes 3 vagas no grupo A.
A Ovarense foi a equipa mais constante durante a grande maioria dos jogos e foi-se assumindo como dona do quarto lugar, mesmo após ter perdido os últimos 3 jogos. Tendo a sua grande força no coletivo, foi William Perry que liderou a equipa, contando com a preciosa ajuda de Khalen Cumberlander, João Grosso e pontualmente de Alexandar Danilovic e Corcontae DeBerry. Aguardemos para ver se a equipa de Ovar consegue inverter o ciclo negativo ou se continua a má forma, que poderá levar a uma descida na tabela classificativa.
À espreita para alcançar, hipoteticamente, o quarto lugar, estão o Sport Club Lusitânia e o Terceira Basket, duas equipas de Angra do Heroísmo, concelho da ilha Terceira – o que é um feito notável.
O Sport Club Lusitânia já vem criando a tradição de ter equipas competitivas na Liga, e esta época não foi exceção. Com um espírito muito aguerrido e um coletivo forte, os comandados por Inãki Martin assinaram um excelente quinto lugar e prometem nunca atirar a toalha ao chão, defrontando os “grandes” neste Grupo A. A boa época (e ainda falta…) resultou na chamada de Pedro Catarino à seleção nacional. A somar ao português, destaco ainda o base Phil Taylor, jogador decisivo e dono de algumas exibições impressionantes, e o poste Amadou Sidibe, o segundo jogador mais valorizado da Liga até agora, com 24,9 pontos MVP de média.
O jogador mais valorizado também reside em Angra do Heroísmo, mas numa equipa de outras cores. O Terceira Basket Club acaba por ser uma das maiores surpresas positivas desta fase (a par, talvez, do início do Esgueira) e muito tem a agradecer a Derreck Brooks, o jogador mais valorizado, com 26,4 pontos MVP de média. Os comandados por Hugo Salgado fizeram uma reta final muito boa, culminando numa vitória caseira contra a Ovarense na última jornada. Além do norte-americano Brooks, também Sérgio Silva e Skyler White embalaram a equipa de forma a terminarem no último lugar que dava acesso ao Grupo A.
Aguardamos com expectativa para ver se o Terceira Basket, o Lusitânia ou a Ovarense conseguirão “roubar” alguns pontos aos 3 grandes favoritos – Benfica, Porto e Oliveirense -, surpreendendo na 2ª fase.
No que toca aos 6 últimos lugares, formando agora o grupo B, temos CAB Madeira, Esgueira, Vitória SC e Illiabum separados por apenas 1 ponto, adivinhando-se uma luta intensa pelas 2 vagas que dão acesso aos play-offs. A equipa da Madeira parte com ligeira vantagem, mas insuficiente para qualquer tipo de garantia. Os Galitos do Barreiro podem ainda intrometer-se na luta por esses lugares, embora tenham de recuperar ainda alguma distância. Finalizando, o Imortal afigura-se como sendo o principal candidato à descida, que parece ser inevitável.
Ainda falta muito para terminar esta Liga, que está a ser (e assim promete continuar) espetacular. Continuaremos a seguir a competição com a máxima atenção, tal como requer um buzzer-beater, para se decidir se é ou não válido: não falhe, lance enquanto o cronómetro ainda está a contar, sob pena de não marcar os pontos decisivos!
Fonte fotografia “thumbnail”: Federação Portuguesa de Basquetebol / Sportsflash
Artigo revisto por: Joana Silvério