Informação

Demitida professora de português por divulgar conteúdos antes do exame

Edviges Ferreira, que durante anos foi a presidente da Associação de Professores de Português, foi considerada culpada por ter partilhado, em junho de 2017, temas do exame nacional de Português 639, do 12.º ano.

A ex-presidente da  Associação de Professores de Português, Edviges Ferreira,  foi considerada culpada pela fuga de informação que divulgou parte do conteúdo do exame nacional do 12º ano da disciplina, em Junho de 2017.

O inquérito aberto pela Inspeção-Geral de Educação e Ciência (IGEC) culminou num processo disciplinar, que termina agora com o afastamento da professora do ensino público, segundo o Ministério da Educação.

“Todas as infrações constantes dos artigos da acusação foram consideradas provadas, concluindo-se que a docente terá agido, de forma consciente e intencional, desrespeitando gravemente os seus deveres funcionais e o interesse público. A docente foi já notificada da decisão”, acrescenta ainda o Ministério da Educação.

A demissão – a mais grave sanção disciplinar – tem efeitos imediatos, o que significa que Edviges Ferreira não voltará à Escola Secundária Rainha Dona Leonor, em Lisboa, onde era docente há vários anos. 

Foi como representante dos professores de Português que Edviges Ferreira foi chamada pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) e participou na auditoria da prova, tendo tido, deste modo, acesso ao conteúdo do que ia sair na prova.

Dias antes do exame de Português, realizado a 19 de junho de 2017, circulou no WhatsApp uma gravação que revelava o conteúdo da prova de uma aluna que se mantinha anónima. Segundo a estudante, a informação partia da “presidente de um sindicato de professores” que tinha tido acesso ao exame.

“Ó malta, falei com uma amiga minha cuja explicadora é presidente do sindicato de professores, uma comuna, e diz que ela precisa mesmo, mesmo, mesmo só de estudar Alberto Caeiro e contos e poesia do século XX. Ela sabe todos os anos o que sai e este ano inclusive. Pediu para ela treinar também uma composição sobre a importância da memória e outra sobre a importância dos vizinhos no combate à solidão”, ouvia-se na gravação.A situação foi denunciada ao ministério de Tiago Brandão Rodrigues pelo  Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) e por um professor. O ministério, por sua vez, encaminhou para a Inspeção-Geral de Educação e Ciência (IGEC) e para o Ministério Público esclarecimentos sobre a alegada fuga de informação, o que levou à abertura do inquérito no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.

Artigo revisto por Ana Margarida Patinho