Bruno de Carvalho – Azar ou incompetência?
Decorria a época de 2012/2013: o Sporting vivia, talvez, a pior situação financeira da sua História. Má gestão, futebol muito abaixo do exigido e modalidades em decadência. Foi então que, a meio da temporada, sobe ao poder o presidente eleito pelos sócios: Bruno de Carvalho. Desde cedo que, o homem cujo sonho sempre foi ser presidente do seu grande amor, comprometeu-se a trazer de volta o orgulho de ser sportinguista a todos os adeptos leoninos.
No final da mesma temporada, o Sporting acabava em sétimo lugar. Como era de esperar, o presidente leonino fez mudanças no futebol. Com a saída de Jesualdo Ferreira, a primeira aposta foi Leonardo Jardim, ex-treinador do SC Braga, que também já tinha brilhado em território grego ao serviço do Olympiacos. Técnico conhecedor do futebol português que dava assim os primeiros passos num grande clube em Portugal. Nesta temporada, o clube de Alvalade tinha como principal objetivo alcançar um lugar europeu pela primeira vez na História do clube. Pode-se concluir que foi uma época de sucesso, superando até as expectativas dos adeptos. A equipa comandada por Leonardo Jardim acabava assim a época no segundo lugar do campeonato, posição que dava acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, algo importante a nível desportivo, mas sobretudo a nível financeiro.
Com o Sporting CP em crescimento, surge um sobressalto: o Mónaco leva Leonardo Jardim para território francês, ficando assim Bruno de Carvalho sem o seu treinador. A solução que o então presidente encontrou foi Marco Silva, um técnico jovem que acompanhou a equipa do Estoril desde a promoção à principal liga portuguesa, à conquista de lugares europeus. Desta vez, a equipa de futebol desiludiu no campeonato, ficando desde cedo arredada do título. Ou seja, foi eliminada nos 16-avos da Liga Europa. Porém, contou com um título no palmarés: o Sporting conquistou a Taça de Portugal e Bruno de Carvalho alcançava o primeiro título no futebol.
Com as desavenças bem conhecidas entre Marco Silva e o dirigente leonino, a saída do técnico era mais do que esperada. Mas quem ia buscar, agora, o presidente do Sporting? Foi então que se deu a maior «bomba» do futebol português no verão de 2015: Jorge Jesus, treinador tricampeão pelo SL Benfica assinava pelo clube de Alvalade. A verdade é que, e apesar de na altura ter sido considerada uma jogada de mestre, a contratação de JJ pode muito bem ter sido o maior erro de gestão da Era Bruno de Carvalho. Em 3 anos, o Sporting não conseguiu ser campeão, somando apenas uma Supertaça e uma Taça da Liga ao seu palmarés, algo que ficava um pouco aquém da exigência para um treinador com um salário astronómico e com o maior investimento de sempre no plantel de futebol do clube.
Legenda – Post de Bruno de Carvalho, após o jogo de Madrid.
Fonte – Renascença.
Nas modalidades, a situação foi bem diferente. Na presidência de Bruno de Carvalho, o Sporting CP, enquanto clube eclético, aumentou de 35 para 55, tendo sido campeão nacional nas 4 principais modalidades (futsal, andebol, voleibol e hóquei em patins). Para além disso, foi no seu mandato que se construiu o Pavilhão João Rocha.
No entanto, e numa história que tinha tudo para dar certo, dá-se um dos momentos mais tristes da história do Sporting CP: o plantel de futebol sofre um ataque na sua própria academia, e a fraca relação entre atletas e presidente levou à rescisão de 9 jogadores, que culpavam o dirigente leonino pelo terror a que foram sujeitos. Consequentemente, e durante a situação catastrófica que o clube sofria, Bruno de Carvalho tornou-se no primeiro presidente da história do Sporting a ser destituído, não concluindo o mandato para que foi eleito nas eleições de 2017, com mais de 80% dos votos. Perdia assim a confiança dos sócios que o elegeram e levava a situação do clube para um cenário ainda mais complicado, o de eleições antecipadas. Azar ou incompetência?
Desde o início do seu mandato, Bruno de Carvalho sempre foi uma personagem polémica, interventiva e politicamente incorreta. Um homem que tanto deu ao seu clube, acabava, muitas vezes, pelas suas atitudes exageradas e populistas, por “manchar” o bom trabalho que desempenhava ao longo dos seus mandatos, terminando mesmo a sua presidência e deixando o clube numa situação crítica e de grande dificuldade. Seria melhor deixar o presidente resolver a “trapalhada” que se vivia em Alvalade ou foi benéfico para o clube a destituição e, consequentemente, um novo rumo? Bem, a primeira opção é impossível de acontecer, visto que o ex-presidente do Sporting foi mesmo expulso de sócio e muito dificilmente poderá voltar a candidatar-se ao cargo que ocupou durante 5 anos.
Revisto por Maria Constança Castanheira