Emily in Paris: o que se passa com os figurinos?
Recentemente estreou na Netflix a série Emily in Paris, na qual a personagem principal é interpretada por Lily Collins.
Se, tal como eu, tens a convicção de que os figurinos têm um impacto profundo na forma de expressão de uma personagem, creio que ficaste extasiado quando Patricia Field – a mente brilhante por detrás dos guarda-roupas de êxitos como Sex and the City – foi a figurinista eleita. Todos aqueles que acompanham o seu trabalho depositaram esperança nos looks desta série, mas será que as expetativas foram, efetivamente, correspondidas?
Como o título indica, a série tem lugar numa das cidades mais requintadas do mundo da moda e era expectável que os looks da protagonista o refletissem. A meu ver, não foi o caso. O que é facto é que uma das premissas da série é satirizar a deslocalização, retratando as dificuldades de adaptação de uma americana que se muda para a Europa e a roupa funciona como um veículo para esse fim – Emily tem de divergir da realidade de haute couture a que Paris nos habituou. No entanto, acredito que esse contraste teria sido exequível sem recorrer à vulgaridade e à falta de bom gosto.
Vejamos os três piores looks com os quais a protagonista se apresentou.
Este foi o primeiro look que Emily Cooper utilizou aquando da sua chegada à “cidade do amor” – e o pior, confesso. Botas e camisa estampadas com uma saia de pele de cobra? Um desastre completo. Não existe nada apelativo neste look, exceto a forma como a roupa lhe assenta.
Tenho de admitir que adoro este casaco da Chanel, mas detesto a forma como o conjugaram. Mais uma vez, vemos uma amálgama provinciana de cores e padrões. Primeiro, parecia elegante; porém, após uma breve análise, apercebemo-nos de que o bucket hat, o lenço ao pescoço e os diversos tons de verde não resultam. Parece um look saído de um episódio de Gossip Girl – e se em 2007 seria um elogio, hoje em dia não o é.
Creio que, por esta altura, já se acostumaram ao facto de os outfits não fazerem sentido. Apesar de a blusa de renda ser elegante e conferir um certo romantismo ao look, o colete é terrível – é essencialmente desportivo, devido ao tecido respirável, e contém uma estampa com flores e o número “7”. Como se já não fosse suficiente, adicionaram um chapéu de estilo fedora. Que atrocidade!
Há séries que têm a habilidade de começar trends no mundo da moda. Contudo, após analisar estes três looks que representam os restantes da série, não vejo Emily in Paris a ser uma delas – pelo menos no que diz respeito à personagem principal, que parece que estava vendada quando escolheram a sua roupa.
Temos, porém, outras personagens, como Sylvie ou Camille, que vão, ao longo de cada episódio, mostrando o mais exuberante que os seus armários contêm. Isso, sim, era aquilo de que a maior parte dos fãs estava à espera: uma aprazível perspetiva quanto à moda francesa.
Por isso, se procuram na protagonista um fashion icon com um certo je ne sais quoi, lamento, mas vão ter de sondar outra série.
Artigo escrito por João Valadares
Artigo revisto por Inês Paraíba
Fonte da foto de capa: vogue.fr