Misplaced Store: a loja que prioriza a body positivity e o meio ambiente
A Misplaced Store distingue-se das restantes marcas de swimwear pela sua preocupação ambiental na produção das peças, procurando investir em tecidos 100% sustentáveis e “por não seguir tendências”. Utilizando as palavras de Ana Rodrigues, a fundadora da marca, os artigos da próxima coleção serão feitos através de “tecidos reciclados de redes de pesca”. Além disto, também a forma como o produto chega ao cliente é devidamente pensada e analisada, já que é feito um esforço para que se encontrem empresas de packaging, que vão ao encontro de ideais sustentáveis do projeto.
Até ao momento, todas as entregas foram feitas através de caixas de cartão já existentes, evitando-se, assim, a compra, desnecessária, de novas. A juntar a isto, outra das grandes vantagens da loja é que, além do facto de os biquínis terem uma grande qualidade e durabilidade, as peças podem ser compradas em separado, de acordo com os gostos pessoais de cada uma de nós, de forma a que nos sintamos bonitas e confiantes. Além do mais, como já foi referido anteriormente, uma vez que a marca não segue tendências, não corremos o risco de que, de um ano para o outro, a peça já esteja fora de moda.
Ana Rodrigues, licenciada em Moda pela Escola de Tecnologias Inovação e Criação (ETIC), admite que, desde criança, se sentia ligada ao mundo das artes. Segundo a mesma, na altura, o seu desejo era “desenhar bandas desenhadas e desenhos animados”, mas foi durante o ensino secundário, que, ao ganhar interesse por cinematografia, percebeu que a moda poderia ser um caminho a seguir. Desde então, já fez de tudo um pouco dentro da área, mas foi após muita insistência por parte de amigos próximos que, este ano, abriu a sua marca própria, a Misplaced Store.
De acordo com Ana, ainda que estudar na ETIC seja comparável a um grande investimento financeiro, foi o que lhe deu oportunidade para começar a dar os primeiros passos profissionais na área da moda e a aprender competências básicas noutros setores, como no Marketing e no Design Gráfico. Realça ainda que uma das vantagens da ETIC é o facto de esta ter parcerias com diferentes meios de comunicação, o que permite aos seus alunos estarem em contacto constante com o mercado de trabalho.
Tendo lançado as suas primeiras peças durante o verão, Ana aproveitou o facto de já ter trabalhado com outras marcas de swimwear e de sempre ter desenhado padrões para criar os seus biquínis e fatos-de-banho próprios. Em simultâneo, devido à COVID-19, começou a desenhar e a produzir as suas máscaras de pano.
No entanto, Ana não está sozinha nesta aventura. Ao seu lado, tem a sua amiga de longa data, Carolina Galvão, licenciada em Audiovisual e Multimédia pela Escola Superior de Comunicação Social (ESCS).
A escsiana afirma que, graças à sua Licenciatura, conseguiu estar em contacto com diferentes cursos e aprender de tudo um pouco, o que lhe permitiu conhecer pessoas de todos os cantos do país e ter uma visão mais ampla sobre o mundo da comunicação. O facto de a ESCS dar primazia a um ensino mais vocacionado para a parte prática e de ter diversos núcleos foi algo essencial na formação pessoal e profissional de Carolina. Salienta ainda que na ESCS “há um sentimento de comunidade muito grande e de entreajuda” entre os alunos que se tornaram num grande apoio na divulgação da Misplaced Store quando esta nasceu.
Encarregada das redes sociais do projeto e das fotografias tiradas, a jovem escsiana conta que as modelos fotográficas da marca são amigas suas e de Ana, que aceitaram, sem complexos, serem fotografadas. Assim, as imagens não são alteradas, fazendo-se um apelo a corpos reais, com estrias, celulite, marcas e gordurinhas – particularidades do corpo humano, que não nos deveriam fazer sentir inferiorizadas ou inseguras. Percebemos, então, que além de a marca ter uma grande preocupação ambiental, tenta, ainda, transmitir ideais de body positivity, proclamando que não importa o tamanho que vestimos e que nos devemos sentir bonitas e saudáveis. No entanto, ainda que ambas as jovens admitam que um dia querem trabalhar com influenciadoras digitais, acrescentam que sentem que, atualmente, poucas são aquelas que as inspiram e que transmitem uma mensagem positiva sobre todo o tipo de corpos.
Fig. 3 – Biquínis Misplaced Store
Além da preocupação ecológica com as peças produzidas, Carolina Galvão afirma tentar introduzir, progressivamente, no seu dia a dia, escolhas mais sustentáveis e que não agridam o mundo em que vivemos. Para tal, empenha-se em reduzir o seu consumo de carne, apostando numa alimentação variada e que inclua produtos biológicos e vegans. A juntar a isto, evita o fast fashion, esforçando-se para apostar em moda mais consciente.
Relativamente às máscaras têxteis feitas à mão por Ana, destacam-se pelos seus padrões e pela sua reversibilidade, o que é vantajoso para todos aqueles que querem dar um boom de cor aos seus dias e que não querem usar, constantemente, máscaras iguais. Além disto, estas são certificadas pelo CITEVE e possuem um filtro interno, o que garante a máxima proteção dos seus utilizadores e de todos ao seu redor, bem como o máximo conforto, já que o arame é removível.
Fig. 4 – Máscaras Misplaced Store
Infelizmente, tanto a Ana como a Carolina admitem sentir algumas dificuldades para estabelecer o projeto em Portugal, visto que, na sua generalidade, os portugueses não têm capacidade financeira para investir em peças um pouco mais dispendiosas e de maior qualidade, acabando por optar por produtos mais baratos e com fraca qualidade. Isto fez com que as jovens sentissem a necessidade de escrever as legendas dos seus posts em inglês, tendo como objetivo que estes fossem percetíveis pelo maior número de pessoas possível, tanto a nível nacional como internacional.
Caso estejas interessada em alguma das máscaras da Misplaced Store e, futuramente, nos biquínis e fatos de banho, já que, neste momento, não estão a ser produzidos, podes encomendá-los através do Instagram ou do Etsy – um site de comércio eletrónico que tem como foco a venda de itens feitos à mão, artesanais ou usados. Segundo Ana, a vantagem do Etsy é que permite à marca chegar a um público maior, o que já lhe deu a oportunidade de vender para fora de Portugal.
O valor das máscaras é 8€, já com os portes de envio incluídos, e o valor dos artigos de swimwear pode variar entre os 60€ e os 80€, um preço considerado justo, tanto para o cliente como para quem produz.
Beatriz Pedro, membro da Escs Mais Limpa
Artigo revisto por Rita Asseiceiro