Guarda-chuvas estragados e upcycling
Mesmo que raros, alguns são os dias chuvosos em Portugal, e que atire a primeira pedra quem nunca partiu um guarda-chuva com uma rajada de vento ou quando ia a passar pelo túnel do vento da Escola Superior de Comunicação Social.
Os tecidos utilizados para fazer estes lifesavers do inverno são normalmente constituídos por poliéster ou nylon, que têm como subprodutos a água, o ácido clorídrico e o óxido nitroso, gás que atua no efeito estufa. Estes materiais libertam microplásticos e são obtidos a partir do petróleo ou do gás natural, que, como sabes, são recursos não renováveis.
Após uma tempestade ou umas meras rajadas de vento, estes protetores da chuva normalmente acabam no lixo, tendo um ciclo de vida muito curto. Mas tem mesmo de ser assim?
Reutilizar é um dos três R’s da sustentabilidade que devemos sempre ter em conta. Upcycling é uma prática que promove a reutilização de produtos e que pretende dar uma nova vida aos materiais que aparentemente já não têm mais utilidade, quer seja porque se estragaram ou porque já cumpriram a sua função.
Este conceito aplica-se a várias áreas, nomeadamente à moda – transformando peças de roupa com as quais a pessoa já não se identifica, aproveitando para esconder manchas ou buracos -, mas também à área da decoração, por exemplo.
A prática de upcycling não é uma novidade e, desde que foi apelidada, em 1994, tem-se tornado cada vez mais comum, provando que não há limites para a criatividade no que toca a otimizar o ciclo de vida dos produtos e na adoção de um estilo de vida mais sustentável. O impacto desta reutilização dá-se não só pelo facto de se reduzir a quantidade de materiais que acabariam em aterros sanitários e lixeiras, mas também por se diminuir a necessidade de matérias-primas para a produção de novos artigos.
Se contribuir para uma economia circular não for motivação suficiente para aderires ao upcycling, não te esqueças que o reaproveitamento de produtos que tens em casa também pode contribuir para uma boa poupança.
Se o teu chapéu também foi vítima do vento, temos a solução:
O R-Coat é um projeto da ativista Anna Masiello que promove um estilo de vida Zero Waste. Este começou em 2018, quando, sem qualquer experiência de costura, Anna decidiu dar uma segunda vida aos muitos chapéus partidos que encontrava nas ruas de Lisboa, transformando-os em casacos. Hoje, o projeto conta com mais de 30 pontos de recolha, maioritariamente em Portugal, mas também em Itália, e já foram recolhidos mais de 1600 guarda-chuvas, que não só são transformados em vários tipos de casacos, como também em chapéus.
Descobre aqui os pontos de recolha e torna-te um herói!
Se tiveres um espírito mais aventureiro e quiseres ser tu a dar uma segunda oportunidade aos teus chapéus, deixamos-te aqui outras ideias que te podem inspirar a dar uma nova vida aos teus companheiros da chuva:
- Reutilização do tecido para fazer sacos impermeáveis para as compras;
- Reutilização do tecido para fazer mantas de piquenique leves e impermeáveis;
- Reutilização do tecido para fazer aventais;
- Reutilização do tecido para fazer capas de chuva para os animais de estimação;
Para inspiração final, e relembrando que da mais pequena ação podem surgir grandes mudanças, contamos-te um projeto que começou no Brasil, pelas mãos e criatividade de Clara de Souza, que aliou o upcycling à ajuda social, tendo transformado chapéus de chuva em sacos de cama para os sem-abrigo. Esta iniciativa acabou por ajudar mais de uma centena de pessoas, entre adultos e crianças, e mobilizou muitas outras a doarem os chapéus estragados a uma boa causa, em vez de acabarem em caixotes do lixo.
Interage connosco através das nossas redes (@escs.maislimpa e @escsmagazine) e partilha as dicas que implementares por tua casa.
Minuto + Limpo de 11 de Janeiro 2022.
Continua a #SerMudança.
Artigo redigido por Rita Nascimento (ESCS + Limpa)
EXCELENTE ideia, é pena que doando nós os guardas-chuvas tenhamos que pagar >10% do ordenado mínimo nacional por uma peça de impermeável (segundo o site dos 46 aos 185 €) feita daquilo que doámos. Ok, 46 €, visitei o site muito interessada, apesar de ser um pouco acima do preço habitual para um impermeável deste tipo de material, será equivoco? parece que não há nenhum!! todos acima de 100 €. Ainda que exija muita mão de obra e tenha grande valor acrescentado é socialmente escandaloso!! pode dizer-se que se trata de exploração, é feito com materiais doados….Queconsciência irá usar um R-coat de 160 € para parecer trendy e eco se poderia ser muito mais eco alimentando ou financiando os estudos de 1 criança no Sudão em Portugal ou na Ucrânia (https://www.unicef.org/fr/a-propos-unicef)…. SORRY, afinal vamos ser positivos a humanidade evolui