Como o Grande Prémio de Singapura de F1 marcou a temporada de 2023
Depois de um verão com oito Grandes Prémios em solo europeu, a temporada de Fórmula 1 regressou à Ásia para o Grande Prémio de Singapura – um dos mais desafiantes e empolgantes do calendário e onde, em 2023, se fez História.
O Grande Prémio de Singapura destaca-se por ter sido o primeiro na História da F1 a realizar-se durante a noite. Atualmente, partilha esse mérito com Las Vegas, Bahrein, Arábia Saudita, Qatar e Abu Dhabi, que também se realizam durante a noite por influência das altas temperaturas que se fazem sentir durante o dia nessas regiões.
O circuito de Singapura costuma ser um dos mais apelativos aos olhos dos fãs deste desporto pelos mais diversos motivos. Muito mais que uma corrida de Fórmula 1, este Grande Prémio oferece um espetáculo repleto de luzes e emoções à flor da pele, tanto para os fãs, como para os pilotos e as suas equipas. Neste circuito urbano os pilotos competem pelas ruas da famosa Marina Bay, enfrentando 19 curvas e três zonas de detecção do DRS (Drag Reduction System) que facilitam a ultrapassagem em locais de reta na pista.
Para além de exigir um maior desempenho por parte dos carros quanto à aderência e estabilidade, as condições atmosféricas são o factor que mais dificulta a performance dos pilotos, tanto a nível físico, como psicológico. Com temperaturas durante a noite que podem rondar os 25-30º graus e elevados níveis de humidade, conduzir um carro de F1 durante duas horas, enquanto se usa uma quantidade absurda de roupa e um capacete, não é para qualquer um.
Treinos e Qualificação
Os resultados dos 2.º e 3.º treinos já faziam prever que este Grande Prémio iria quebrar algumas das tendências que tinham acontecido até agora nesta temporada de F1. Depois de ter vencido todos os Grandes Prémios desde o início do campeonato, a Red Bull começou a dar sinais de um possível fim-de-semana em que, pela primeira vez em dez corridas consecutivas, Max Verstappen não seria pole position e não se ouviria o famoso “Dutch National Anthem”.
Tanto Max Verstappen, como o seu colega de equipa, Sergio Pérez, queixaram-se da difícil dirigibilidade dos carros, fazendo duras críticas à falta de aderência na pista e problemas nos travões. Enquanto a Red Bull se qualificava abaixo do P4 nos FP2 e FP3, outras equipas olhavam para este deslize da equipa Austríaca como uma oportunidade para se destacarem.
Carlos Sainz, da Ferrari, não tem parado desde que subiu ao pódio em Monza (Itália) e se qualificou em P3. Durante os treinos foi saltando entre P1 e P2 ao lado do companheiro, Charles Leclerc, trazendo à Ferrari a esperança de que a luta pelo segundo lugar no Campeonato dos Construtores, atualmente ocupado pela Mercedes, ainda continue.
Durante a qualificação tudo pode acontecer e é preciso escolher o momento ideal de sair para a pista, fazer a volta mais rápida e garantir, assim, um lugar sólido durante o Q1, Q2 e Q3. Se há coisa que se pode esperar em Singapura é a presença de pelo menos um Safety Car durante a corrida, mas as qualificações não são exceção. O que para uns pode ser uma boa oportunidade estratégica, para outros pode ser um pesadelo e sinónimo de uma má posição para a largada de domingo.
Nos últimos segundos do Q1, Lance Stroll, da Aston Martin, teve um arrepiante acidente, que rapidamente acionou a bandeira vermelha e impossibilitou que os dois pilotos da Alfa Romeo, o piloto Logan Sargeant, da Williams, e Oscar Piastri, da McLaren, conseguissem terminar a volta mais rápida, ficando automaticamente eliminados. Uma questão de milésimos de segundos permitiu que o companheiro de Piastri, Lando Norris, escapasse entre os destroços do carro de Stroll e passasse para o Q2.
No Q2 o impensável acabou mesmo por acontecer. Max Verstappen (P11) e Sergio Pérez (P13) são eliminados e assumem que a luta pelo pódio não é uma prioridade para a equipa da Red Bull naquele fim-de-semana. À frente de Verstappen, e depois de o atirar para fora do Q2, qualifica-se o rookie Liam Lawson, da AlphaTauri, na sua melhor prestação desde que está a substituir Daniel Ricciardo.
Ao Q3 chegam os dois pilotos da Haas (P6, P9) depois de uma prestação que surpreendeu tudo e todos, juntamente com Ocon da Alpine (P8) e o seu antigo colega de equipa, Fernando Alonso (P7) da Aston Martin. Sainz consegue a pole position e divide o pódio com George Russell (P2) da Mercedes e Charles Leclerc (P3). Tudo indicava que a disputa seria apenas entre a Ferrari e Russell, mas Lando Norris (P4) não estava pronto para abdicar do pódio, bem como Lewis Hamilton da Mercedes (P5).
It’s lights out and away we go
A corrida ainda mal tinha começado e as bandeiras amarelas já eram visíveis. Yuki Tsunoda, piloto da Alpha Tauri, colidiu com Sergio Pérez e foi o primeiro a abandonar a corrida, mas não o único. Durante a corrida as posições do grid de largada foram-se alterando. Carlos Sainz estava determinado a alcançar a pole position e a Ferrari decidiu “sacrificar” o companheiro de equipa Charles Leclerc para garantir essa vitória, pedindo-lhe que aumentasse a sua distância em relação a Sainz para impedir o avanço de Russell.
Ao longo das 62 voltas do GP de Singapura foi preciso a intervenção de dois Safety Car em pista – o primeiro com Logan Sargeant, que obrigou os pilotos a regressar às boxes, e o segundo com Esteban Ocon da Alpine, mas desta vez no formato virtual.
A estratégia de Sainz para afastar Russell levou-o à pole position e acabou, também, por beneficiar Lando Norris da McLaren, garantindo assim o P2. Já Leclerc acabou mesmo por ser sacrificado e ficar como P4. A disputa pelo lugar de Norris e o ataque constante da Mercedes foram o momento alto da noite, que culminou no despiste de Russell na última volta, oferecendo o P3 ao colega de equipa, Lewis Hamilton.
Enquanto Sainz, Norris, Russell e Hamilton chamavam a atenção de todos, Liam Lawson e Oscar Piastri destacavam-se pela positiva enquanto rookies, tanto na F1 como no GP de Singapura. Lawson, que está temporariamente na AlphaTauri, marcou pontos pela primeira vez e conseguiu o merecido P9. À frente como P7, Piastri conseguiu subir dez posições e dar seis pontos à McLaren, na corrida mais difícil e alucinante da temporada.
Fonte da capa: Site Oficial do Grande Prémio de Singapura
Artigo revisto por Andreia Batista
AUTORIA
A Mariana Jerónimo tem 24 anos é aluna do Mestrado em Jornalismo e tem o sonho de produzir e apresentar um programa dedicado à música numa rádio de renome do nosso país. Enquanto isso não acontece, é através da secção de Música que quer dar a conhecer aos leitores o que de melhor há na vida: a Música. Ao mesmo tempo na secção de Desporto escreve sobre outra das suas paixões, a Fórmula 1. A Mariana costuma dizer que as suas maiores qualidades são o seu sentido de humor e o gosto musical: desde o Hip-Hop e R&B, ao Indie, passando pelos Clássicos do Rock e sem esquecer o MPB, ela é o Spotify em pessoa.