Igualdade Salarial: quanto custa a desigualdade salarial?
A disparidade salarial entre géneros, também chamada de “gender pay gap” é a diferença sistemática e injusta nos salários entre homens e mulheres que desempenham funções semelhantes no mercado de trabalho. As grandes diferenças a nível de ganhos continuam a ser um desafio significativo a ser enfrentado: existem praticamente no mundo todo, apesar dos avanços na igualdade entre ambos os géneros.
Claudia Goldin mostra-nos isto mesmo através de um estudo sobre as mulheres no mercado de trabalho durante 200 anos. Um estudo com informações tão essenciais que garantiu à economista e professora de Harvard o Prémio Nobel Económico de 2023, atribuído pela Real Academia Sueca das Ciências.
Nasceu a 14 de maio de 1946 e dedicou toda a sua vida e carreira a estudar sobre o papel das mulheres no mercado de trabalho. A sua pesquisa, concentrou-se, maioritariamente, nos EUA e confirmou a existência de diversos padrões que se atravessam no caminho da participação das mulheres no mundo laboral, tanto em períodos de expansão económica como em momentos recessivos, assinalando a disparidade salarial entre homens e mulheres.
A disparidade salarial é expressa como a diferença entre os rendimentos médios por hora de homens e mulheres. Na União Europeia, as mulheres ganham, em média, quase 12,7% a menos por hora do que os homens. Apesar de existir uma aproximação de ganho no início de carreira, a distância entre ordenados vai-se tornando maior ao longo do tempo, dando origem a uma disparidade salarial. Esta diferença varia consideravelmente entre os países-membros. Em 2021, a maior disparidade foi observada na Estónia, atingindo 20,5%, enquanto a menor foi na Roménia, com apenas 3,6%. Luxemburgo é o único país presente na UE que atingiu praticamente 0%.
Porque é que este fenómeno acontece?
O Parlamento Europeu identificou diversas causas para essa desproporção. Uma delas é o facto de que existe um maior número de mulheres a trabalhar a tempo parcial do que homens (28% comparado a 8%), da mesma maneira que existe um menor número de mulheres que possuem cargos altos, como diretoras ou executivas (34%, em 2020). Acrescentando a isso, as mulheres tendem a interromper as suas carreiras para cuidar dos filhos e/ou familiares com mais frequência do que os homens. Isto resulta em menores contribuições a nível de trabalho e mais interrupções no progresso profissional impactando, assim, os ganhos ao longo do tempo.
Qual a solução para este problema?
Já estão a ser desenvolvidos alguns critérios para combater esta questão por parte do Parlamento Europeu. Foram aprovadas medidas para abordar, de forma ativa, a disparidade salarial existente entre ambos os sexos.
Em 2023, foram aprovadas regras de transparência salarial que visam exigir que as empresas da UE forneçam informações para facilitar a comparação dos salários entre homens e mulheres que trabalham para o mesmo empregador. No caso de existirem diferenças de pelo menos 5%, os empregadores devem realizar uma avaliação salarial em cooperação com os representantes dos trabalhadores. Além disso, os países da UE devem impor sanções – como multas – às empresas que violarem estas regras. Algo importante seria, também, a neutralidade de género em anúncios de vagas e cargos, uma vez que é uma parte integrante dessas medidas.
Quer-se, com isto, alcançar um impacto e dar enfâse à importância da igualdade de género. Reduzir a disparidade salarial entre homens e mulheres é fulcral, não só para alcançar a igualdade de género, mas também para estimular a economia. A igualdade de remuneração pode levar a um aumento do poder de compra das mulheres, impactando positivamente o consumo e os investimentos. É de realçar que a igualdade de género é fundamental para a justiça social e para a eliminação da pobreza, principalmente entre mulheres idosas, que muitas vezes enfrentam disparidades significativas relativamente a pensões e benefícios sociais.
Em suma…
O Parlamento Europeu está a trabalhar ativamente para reduzir esta disparidade salarial, implementando medidas como a transparência salarial e promovendo a igualdade de oportunidades no local de trabalho. Todas estas ações são essenciais e cruciais para promover a equidade entre géneros, acabar com a pobreza feminina e, ainda, impulsionar o crescimento económico de forma que este seja mais justo e inclusivo.
A pesquisa e o trabalho de Claudia Goldin focam-se neste mesmo tema. A recém premiada com o Prémio Nobel de Economia 2023, apresenta, no seu estudo, os tópicos que são essenciais para entender e abordar a disparidade salarial de género, mostrando o desafio constante e que transcende as fronteiras geográficas. Ao interligar a vida de Claúdia e seus estudos com a Disparidade Salarial de Género na União Europeia, podemos destacar a importância do seu trabalho no contexto europeu.
O seu prémio é isso mesmo: um reconhecimento da importância do seu trabalho para a compreensão e resolução dessa desigualdade. Toda a sua pesquisa e estudos mostram ser uma base sólida para compreender as causas da disparidade salarial, não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo.
A interligação entre ambos estes esforços por parte de Goldin e da União Europeia, é notória. Ao reconhecer Claudia Goldin com o Nobel, a academia destaca ainda que a sua pesquisa é fundamental para enquadrar a questão do assunto de forma científica, permitindo a formulação de medidas políticas eficazes para combatê-la.
Por sua vez, as iniciativas da UE são fortalecidas pelo estudo de Goldin, mostrando assim a importância de abordar a questão de forma eficaz, e a urgência em alcançar a igualdade de género. Ambos os esforços são vitais para criar sociedades mais equitativas, onde homens e mulheres tenham oportunidades iguais e sejam recompensados de forma justa por seu trabalho.
É necessária uma mudança imediata e, como forma de chamar a atenção para este tópico, existe o Dia Europeu para a Igualdade Salarial, celebrado em novembro, na União Europeia. O seu objetivo é precisamente dar a conhecer e mostrar o peso que a disparidade salarial de género tem e, consequentemente, promover a sua resolução, atingindo, assim, a equidade pretendida.
A Igualdade de Género é um princípio fundamental e, como tal, deve garantir-se que todas as pessoas, independentemente do género, têm os mesmos rendimentos e oportunidades. Garantir ganhos iguais para todos não é apenas um imperativo ético e moral, mas também um caminho para o desenvolvimento sustentável, impulsionando a economia e atingindo a harmonia social.
Fonte da capa: Euro Dicas
Artigo revisto por Carolina Rodrigues
AUTORIA
A Natacha adora escrever e está no segundo ano da licenciatura de Relações Públicas e Comunicação Empresarial. Tem um grande interesse por journaling, ler, ver séries e ouvir música. Para além disso, gosta de moda e faz por seguir as tendências do momento. Escrever é uma paixão e ela vê-a como uma maneira elegante de demonstrar os seus interesses e sentimentos. Espera publicar um livro de fantasia no futuro e a Magazine é uma ótima maneira de começar a treinar a sua escrita.