Editorias, Opinião

Crianças DesConectadas

Num mundo onde as batidas do relógio ecoam mais alto do que os próprios batimentos cardíacos, onde cada passo parece ser uma corrida contra o tempo, as bolas de futebol e as bonecas de pano dão lugar aos Tik Toks e Playstations.

Em pleno 2024, as crianças parecem estar a viver uma corrida contra o próprio tempo, enquanto desejam desenvencilhar-se da infância a uma velocidade que desafia o mais veloz dos relógios. A ânsia de crescer, tão comum em todas as gerações, desdobra-se agora num desejo ainda mais urgente, impulsionada pela velocidade da vida moderna. Não há tempo para respirar, não há tempo para crescer. 

Fonte: Pinterest

Cada vez mais procuram validação em telas brilhantes e cheias de ritmo, enquanto deixam para trás o brilho da verdadeira conexão humana. As telas são como labirintos digitais, onde as crianças se perdem num mundo de informações sem qualquer sentido para elas. 

Os pais precisam de trabalhar e as crianças precisam de ser entretidas. Recorrer à tecnologia como solução rápida para o fazer pode até parecer eficaz no momento, mas criará problemas a longo prazo. Ao fazê-lo, introduz-se a criança a um estímulo de dependência excessiva dos ecrãs, podendo levá-la a dificuldades emocionais no futuro. Os pais devem encarregar-se de ensinar os filhos a equilibrar o tempo de ecrã com outras atividades saudáveis, como brincar ao ar livre. 

O desenvolvimento cognitivo também é fortemente afetado pelo excesso de tempo de ecrã. Quanto maior for o tempo de contacto com dispositivos eletrónicos, maior será a probabilidade de a criança vir a desenvolver problemas como dificuldades: na memória, habilidades linguísticas, resolução de problemas, e um dos mais preocupantes recentemente descoberto – o aumento dos sintomas de défice de atenção.

Fonte: Pinterest

Ainda assim, as telas não são intrinsecamente boas ou más, são apenas uma parte inevitável do mundo moderno, ferramentas neutras, cujo impacto depende da forma como as usamos. Se os adultos não conseguem controlar o tempo que passam nas redes sociais, até que ponto é que faz sentido acreditar que as crianças estão prontas para este tsunami de informação? Será que o conseguem sequer distinguir da realidade? 

O acesso precoce a telas faz com que as crianças se vejam a abraçar este mundo mediático, antes mesmo de o entenderem. Entrarem nele tão cedo vai transformar a infância numa corrida desenfreada em direção ao amanhã, deixando para trás pegadas de um mundo por descobrir.

Fonte da Capa: Pinterest

Artigo revisto por Margarida Pedro

AUTORIA

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Sou estudante do 3º na licenciatura em Jornalismo, tenho uma paixão profunda pela comunicação e pela arte de contar histórias. No ano passado, desempenhei o papel de coordenadora de redes sociais da ESCS Magazine, onde aprendi a criar conexões significativas através das plataformas digitais. Este ano, assumi o cargo de Diretora de Comunicação, um desafio que encaro com responsabilidade e motivação para continuar a crescer. Além da gestão da comunicação, escrevo regularmente na secção de opinião da revista, um espaço onde partilho ideias, reflexões e contribuições pessoais sobre temas atuais. Sou uma entusiasta da leitura e da escrita, aberta a aprender e a crescer, acredito mesmo que a comunicação tem o poder de aproximar pessoas e transformar realidades.