My Lady Jane: Uma história moderna
My Lady Jane, série adaptada do livro com o mesmo título, tem cativado a sua audiência ao trazer para o ecrã um recontar ousado e épico da história britânica, que mistura elementos de fantasia, romance e comédia.
A série, disponível em streaming no Prime Video, é baseada na história factual da Rainha dos 9 Dias, a Lady Jane Grey, que após ser coroada em 1553 foi condenada à decapitação por traição ao reino. É neste contexto de intriga política e de conspiração que My Lady Jane apresenta a protagonista, não como a típica donzela em apuros, mas sim como a heroína da sua própria história.
A trama gira em torno de 3 famílias centrais: a de Jane, as mulheres da família Grey; os Tudor, membros da família real; os Dudley, homens da corte. Estas famílias têm como elo de ligação o casamento arranjado entre Jane e Guilford Dudley, que vivem um romance “enemies to lovers” enquanto lidam com a coroação da protagonista, no seguimento da morte do seu primo – o rei de Inglaterra. Muito do sucesso de My Lady Jane deve-se à química entre os dois atores principais do romance, Emily Bader e Edward Bluemel, que elevam o guião com a sua carismática interação e com diálogos sempre com a resposta na ponta da língua. Também a qualidade dos atores secundários torna todas as perspetivas da narrativa interessantes, caóticas e extremamente cómicas.
Não é só o diferente rumo da história que se destaca como incomum, uma vez que no seu centro encontramos a presença de fortes figuras femininas, o que se traduz numa verdadeira história de empoderamento feminino em que todas elas são decisoras do seu próprio destino e líderes em diferentes capacidades. Neste capítulo o destaque vai para Jane, a sua mãe Frances Grey e Mary I, irmã do rei e eventual sucessora.
Além do feminismo atípico da altura, esta história integra personagens fantasiosas distinguidas como “Ethians”, isto é, pessoas com a habilidade de metamorfose para a aparência de um animal, enquanto as pessoas ditas comuns são tratadas como “Verity”. Esta é uma clara metáfora à divisão religiosa que caracterizou e dividiu durante muito tempo a Inglaterra entre a fé protestante e a católica, reforçando esta ideia de corte com a história real.
Para que esta modernização resulte, foram colocados a uso vários elementos que expressam essa nova perspetiva como, por exemplo, uma banda sonora com músicas de rock and roll e artistas como Griff e a banda Wet Leg. Também as contribuições de um narrador, com o seu refrescante sentido de humor e referências ao tempo contemporâneo inseridas num contexto medieval, criam muitos dos momentos cómicos e de suspense.
My Lady Jane contará apenas com uma temporada após ter sido cancelada pelos produtores pouco depois de ser lançada ao público; contudo, muita gente não ficou indiferente à originalidade da série. Uma comunidade on-line lançou uma petição de renovação para uma segunda temporada e conta hoje com mais de 90 mil assinaturas, uma delas de George R.R. Martin, escritor de Game of Thrones, que comentou sobre o fenómeno no seu blog: “A série tem muitos fãs e eles lançaram uma petição para que a Amazon encomende mais. (Temos de adorar os fãs). Desejo-lhes sorte. A Jane merecia mais de nove dias ou oito episódios.”
Para quem queira também apoiar, pode assinar a petição em https://www.change.org/p/demanding-amazon-prime-to-renew-my-lady-jane-for-a-second-season
Fonte da capa: Rotten Tomatoes
Artigo revisto por Sofia Santos
AUTORIA
Atualmente no primeiro ano da licenciatura em Publicidade e Marketing, a Mariana é uma grande apreciadora de todas as formas de entretenimento, mas encontrou no cinema a sua grande paixão, que lhe permite reunir todos os seus gostos em um. Sempre soube que iria enveredar por uma área ligada à comunicação o que a levou até à ESCS, onde teve a oportunidade de ligar a curiosidade que sempre teve pela escrita ao hobbie que mais ocupa o seu tempo (ver filmes e séries).