Ética, Inovação e Desinformação: A IA na Web Summit 2024
A AI Summit da Web Summit 2024, que decorreu de dia 11 até dia 14 de novembro, foi um dos principais eventos dedicados à Inteligência artificial, que contou com speakers especialistas no setor para discutirem as inovações, a ética e a transformação no ambiente de trabalho que a IA veio proporcionar.
Um dos tópicos abordados durante as palestras foi a ética, que continua a ser uma preocupação crescente à medida que as capacidades da IA crescem. Os speakers falaram sobre as implicações morais das aplicações da IA, com destaque para a necessidade da criação de uma regulamentação adequada. Daniela Braga, CEO da Defined.ai, sublinhou que as diretrizes éticas devem ser uma prioridade para todos os envolvidos na criação e implementação de soluções de IA. A diversidade nas equipas de desenvolvimento foi apontada como uma forma eficaz de abordar estes desafios, trazendo diferentes perspetivas que podem ajudar na criação de sistemas mais justos.
Regulamentação da IA
A abordagem à governação global da IA foi um dos pontos em destaque, sublinhando a importância de diálogo entre governos e empresas tecnológicas. Exemplos como o da Dinamarca, o primeiro país a nomear um embaixador de tecnologia, ilustram como esta estratégia pode fortalecer a cooperação internacional. Nikolaj Andersen referiu “A Dinamarca, sendo o primeiro país a apoiar um embaixador de tecnologia, provou-se realmente benéfica“.
Por outro lado, foram apontadas algumas diferenças significativas entre as abordagens regulamentares regionais. O Ato de IA da União Europeia foi criticado por alguns participantes, que consideram que este poderá limitar a inovação em comparação com os Estados Unidos, onde as empresas acabam por ter maior liberdade para crescer antes de enfrentar regulamentações mais rigorosas.
IA e Desinformação: Um Problema Contemporâneo
O impacto da desinformação, exacerbado por tecnologias como deepfakes, foi amplamente debatido. Embora os deepfakes ainda não sejam utilizados em grande escala, o seu potencial para manipular perceções e influenciar eventos políticos é alarmante. Um caso curioso e recente ilustrou esta questão: uma falsa notícia de um desfile de Halloween em Dublin, criada por IA, levou centenas de pessoas às ruas, apenas para descobrirem que o evento era fictício:
“Houve um site de notícias de IA falsas […] que publicou um desfile de Halloween em Dublin […] e centenas de pessoas foram à rua à espera para ver o desfile acontecer“, afirmou Kalev Leetaru na conferência DemocracyManifest.
Para mitigar este tipo de problemas, ferramentas como o Reality Defender estão a ser desenvolvidas para identificar conteúdos manipulados. Contudo, os speakers sublinharam a necessidade de regulamentação global para restaurar a confiança pública, especialmente em cenários sensíveis, como eleições.
A desinformação não tem um impacto negativo nas campanhas eleitorais, e compromete a confiança pública nas instituições e nos meios de comunicação social. A polarização e a proliferação de conteúdos falsos têm fomentado uma cultura de desconfiança, onde factos são frequentemente substituídos por narrativas partidárias.
Resolver o problema da desinformação exige esforços coordenados entre governos, empresas tecnológicas e sociedade civil. Algumas medidas apresentadas pelos speakers incluem: Transparência Tecnológica, ou seja, ferramentas que identifiquem conteúdos gerados por IA devem ser integradas às plataformas e dispositivos, permitindo que os utilizadores conheçam a origem do que consomem; regulamentação global, um quadro regulador internacional para a gestão da IA poderá nivelar o campo de ação, assegurando que práticas éticas sejam aplicadas universalmente; literacia digital: ensinar os cidadãos a avaliar criticamente as informações que recebem é essencial para combater a influência de conteúdos manipulados e, por fim, a responsabilidade das plataformas, em que as empresas tecnológicas devem ser responsabilizadas pela propagação de desinformação, garantindo que as suas políticas priorizem a segurança e a veracidade.
IA na Criatividade e Entretenimento
Josh Liss, CEO da DreamFlare AI, destacou como a IA está a redefinir o conceito de transmedia, ao criar experiências dinâmicas que combinam jogos, séries e narrativas interativas.
Outro exemplo inspirador foi o da Galatea, uma plataforma que utiliza algoritmos para identificar histórias com potencial de sucesso. “No INCIT, estamos a gerar uma novela de um milhão de dólares a cada três semanas“, afirmou o CEO.
Este modelo, não só democratiza o acesso ao mercado editorial e audiovisual, como também oferece aos criadores ferramentas para melhorar continuamente as suas histórias e responder às expectativas dos leitores e espectadores.
Fonte da capa: Beatriz Lima
Artigo revisto por Joana Gonçalves
AUTORIA
Foi na natação que descobri o meu amor pelo desporto. O meu interesse pelo mundo desportivo foi evoluindo quando comecei a fotografar competições de taekwondo e de badminton. Atualmente estou no segundo ano da licenciatura de jornalismo e um dos meus sonhos é no futuro, trabalhar em algo relacionado com desporto, seja através da escrita ou da lente de uma máquina fotográfica. Vejo na Magazine uma oportunidade para estar mais ligada ao desporto.
Muito bom, para não variar!