Os jovens e a emigração – Fuga à realidade ou apenas necessidade?
“Os dados mais recentes divulgados pelo Observatório da Emigração (OE) permitem concluir que Portugal tem a taxa de emigração mais alta da Europa e uma das maiores do mundo, havendo muitos jovens que fazem as malas e rumam a outros destinos em busca de melhores condições de vida. As estimativas apontam para que 30% dos nascidos em Portugal com idades entre 15 e 39 anos deixaram o país em algum momento e vivem atualmente no exterior. São mais de 850 mil.” (https://www.idealista.pt/news/financas/mercado-laboral/2024/01/17/61061-jovens-portugues es-emigram-cada-vez-mais-30-ja-vivem-fora-do-pais)
Ano após ano, cada vez mais jovens decidem emigrar. Decidem abdicar do país e de toda uma vida construída. Decidem que, desta maneira, viverão num paraíso e num mundo totalmente diferente, mais colorido. Mas será que dentro deste alucinante mundo existe verdadeiramente mais cor?
Os porquês de um jovem emigrar são inúmeros, mas, infelizmente, muitos olham para este conceito como uma fácil fuga à realidade. E então perguntamo-nos: Quais são as causas para que isto aconteça? Porque é que sentimos esta necessidade? Emigrar é uma decisão certa? Emigrar é uma decisão errada? Culpamos o jovem ou o país em que está inserido?
É muito complicado respondermos a estas perguntas de modo a encontrar uma resposta geral. No entanto, penso que se formos pela fuga à realidade, esta sucede-se devido à falta de esperança que os jovens e as pessoas têm no sítio onde se encontram, querendo recomeçar uma nova jornada num lugar em que, provavelmente, se sentirão melhor. É triste vermos que um jovem necessita de se mudar porque não se conforta no país em que vive, nasceu e cresceu.
Constantemente ouvimos falar da inflação crescente, da crise da habitação, da pobreza cada vez mais notória e da política de pouca qualidade. Portugal é um país padrão da Europa para os estrangeiros emigrarem, mas os dias passam e este está se a tornar num hotel para os que vêm de fora. De todo, não quero ser xenófobo ou dar a entender que a culpa é de quem entra no nosso país porque realmente, no meu entender, não é. O nosso país sempre foi, é e, infelizmente, continuará a ser um país de aparências. Desde o tempo das descobertas, dos mares e dos territórios, gostamos de provar que somos os melhores e que no nosso país tudo é incrivelmente perfeito.
Pode não parecer, mas tenho muito orgulho em ser português, principalmente no que toca à língua, aos costumes, aos estilos de vida e à grande bagagem histórico-cultural que todos nós acabamos por carregar, estando esta conectada aos antepassados ou até mesmo ao presente. No entanto, sinto que Portugal ainda deve evoluir muito. Viajo e já viajei bastante e sei que, sempre que vou para algum destino, quero ser bem recebido. Portugal é excelente a receber quem vem de fora, mas também deve-se preocupar em cuidar dos seus, não?
Muitos jovens veem-se sim obrigados a fugir desta grande confusão pelas razões já mencionadas, mas muitos também não acreditam no seu potencial como futuros trabalhadores e adultos e afogam-se na própria angústia, querendo fugir à primeira oportunidade que tenham, culpando facilmente os fatores exteriores (o país e as más condições).
O país tem sim muito a evoluir, mas quem emigra e deixa toda uma vida para trás também deve avaliar bem o grau da sua decisão, sendo que esta implica fatores tanto económicos como sociais e emocionais. Por vezes, estas decisões são muito mal tomadas e o que parece conter imensa cor, transforma-se em algo neutro e sem vida.
E vocês, o que acham? A razão da emigração de um jovem está mais relacionada ao país em que está inserido ou a fugas de realidade?
Artigo revisto por Constança Alves
Fonte da capa: Pexels
AUTORIA
Com poucos anos e muitos sonhos, o Gonçalo acredita que, para alcançar o sucesso académico, é necessário vivê-lo e aproveitá-lo da melhor forma possível. Aos 17 anos, a ESCS surgiu-lhe ao acaso e tornou-se no melhor que lhe poderia ter acontecido. Além de ser apaixonado pelas Relações Públicas e pela Comunicação Empresarial, tem também uma forte paixão e ligação ao café e às viagens low cost. Considera-se um rapaz ativo, ambicioso e confiante e, para ele, escrever sempre foi a forma mais autêntica de se expressar e de partilhar com os outros o que pensa e sente. Ao longo do tempo como membro, passou por vários departamentos, mas apercebeu-se que onde se encaixava melhor era em Mundo Académico, onde conseguiu e consegue articular todos os seus gostos com a riqueza da vida académica, tanto antiga como atual. Como Editor, deseja transmitir o seu amor pelo departamento a todos os membros e leitores!



