Química aplicada à geladaria
Se não souberes que estás numa geladaria vais achar que estás num laboratório. Na verdade, também estás, mas num laboratório de gelados. Quem se encontra ao balcão não é um cientista maluco a tentar descobrir a cura para os grandes males da humanidade, mas sim Pedro Viana, que recebe os clientes com óculos de proteção, bata branca e luvas de látex. Pedro é dono do “Laboratório do Gelado sub 196”, que abriu portas no final de janeiro em Alvalade.
Apesar de a época não ser para gelados as filas estendem-se até à porta. Os sabores disponíveis não estão à vista de quem entra, como em qualquer geladaria, mas sim guardados, em estado líquido, em recipientes semelhantes aos béqueres utilizados em qualquer laboratório. Aqui os gelados são feitos na hora através de uma técnica molecular. É o contacto com o azoto líquido a 196 graus negativos (daí o número 196 no nome) que transforma o líquido em sólido numa questão de segundos, provocando uma grande fumarada a cada pedido diferente.
“Somos a única geladaria em Portugal, que eu saiba, que faz os gelados ao momento recorrendo a azoto líquido”, explica Pedro em entrevista ao jornal Observador. O jovem geladeiro de 24 anos já tem experiência considerável em matéria de pastelaria: tirou dois cursos de cozinha em Lisboa e realizou vários estágios no estrangeiro em restaurantes famosos.
O laboratório de gelado tem sempre disponíveis doze opções fixas, criadas a partir de fruta fresca e outros produtos selecionados, e mais um sabor do dia, diferente todos os dias. Quem estiver à espera de fazer as combinações clássicas desengane-se. Podemos encontrar sabores como: alfazema com folha de prata e flor de violeta; banana com noz pecan, caramelo e pipocas; ou chocolate preto com pepitas e amor perfeito. Quem prefere os sorvetes de fruta, sem leite, pode esperar amora com algodão doce, romã com flor de hibiscos, entre outros. A ideia não é misturar sabores porque, na opinião de Pedro, cada sabor é considerado uma viagem gastronómica.
Os gelados têm textura dada por elementos criativos, como por exemplo: folha de prata, ouro, suspiros, macaron ou flores comestíveis. Cada dose custa 3 € e equivale a três bolas numa geladaria convencional. No futuro, haverá waffles, crepes e chocolate quente para complementar a oferta, mas sem nunca tirar o protagonismo aos gelados.
Se já estás com água na boca, o laboratório de gelado encontra-se aberto de segunda a sábado das 13h às 20h.