Investigação dos Papéis do Panamá revela ligação entre José Sócrates e o universo Espírito Santo
A defesa do ex-primeiro-ministro garante que este “não tem nem nunca teve qualquer relação negocial com Bataglia”.
Os parceiros portugueses do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI) – o Expresso e a TVI – noticiaram a existência de uma ligação entre a Operação Marquês – caso de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais que envolve o antigo primeiro-ministro José Sócrates – e a existência de um alegado “saco azul” no Grupo Espírito Santo (GES), que servia para realizar pagamentos extras e não documentados.
Segundo as informações avançadas pelo semanário Expresso, em causa estão pagamentos de 12 milhões de euros. De volta à Operação Marquês, o Ministério Público analisa o circuito do dinheiro que foi parar às contas na Suíça de Carlos Santos Silva, o amigo de José Sócrates também arguido no processo. Os investigadores acreditam que esse dinheiro se destinava a pagar “luvas” ao ex-primeiro-ministro como contrapartida de decisões, para a aprovação da nova fase de desenvolvimento do empreendimento de Valo do Lobo, no Algarve.
A circulação do dinheiro terá passado por Hélder Bataglia, empresário luso-angolano e presidente da empresa Escom.
Pois, é precisamente Hélder Bataglia que é citado na edição do jornal Expresso, por ter dito a seguinte frase: “as transferências foram feitas a partir da Espírito Santo Enterprises”. Já a TVI associa esta frase aos 12 milhões de euros que saíram de duas offshores e que, segundo a tese do Ministério Público, foram parar a José Sócrates.
A defesa do ex-primeiro ministro já foi publicada. Utilizando vários meios da comunicação social, os advogados afirmam que “o engenheiro José Sócrates não tem, nem nunca teve, diretamente ou indiretamente, designadamente através de offshores, qualquer relação negocial com o Senhor Hélder Bataglia”; “todas as acusações feitas são totalmente infundadas e caluniosas”.
Também foi descoberto como estando envolvido neste processo o ex-presidente do Banco Privado Português João Rendeiro, que adquiriu, segundo a investigação, parte da sua moradia na Quinta Patiño através de uma offshore criada pela Mossack Fonseca.