The Jungle Book
Numa época em que os filmes de animação têm substituído o “desenho” pela “imagem digital”, muitas são as clássicas produções da Disney que têm sido reencenadas para se ajustarem à conjuntura atual da animação. The Jungle Book não escapou a este mote. A estreia do filme original foi em 1967; agora, quase meio século depois, surge novamente no grande ecrã com este remake que combinou imagens ao vivo e animação digital, pela mão de Jon Favreau, com o apoio dos Walt Disney Studios.
A narrativa apresenta-se de forma simples e direta, expondo de imediato a trama essencial, através de diálogos bem estruturados com um toque de humor subtil e de uma organização pautada pelas cenas mais importantes da narrativa. Nunca houve uma ocasião em que a narrativa se enrolasse demasiado ou em que parecesse tomar um caminho errado, tudo graças a um argumento e a um guião sólidos, com uma boa e meticulosa supervisão da estrutura da história que permitiu mantê-la fiel à original sem introduzir novas personagens e deixando de parte rodeios desnecessários que confundiriam as crianças que vissem o filme, provando que ninguém na produção se esqueceu de quem era o alvo principal.
No que toca à animação, testemunha-se um tremendo trabalho da equipa responsável por este ponto, detalhando todas as personagens ao pormenor, revelando muito trabalho para atingir um preciosismo que tem sido cada vez mais requerido nos filmes de animação digital. Pode parecer uma hiperbolização o que irei proferir de seguida, mas se comparássemos uma fotografia de um urso real com a imagem digitalizada de Balu, teríamos dificuldade em perceber qual se referia ao urso real e qual correspondia à personagem do filme – o que só confirma a influência que o digital exerce na evolução do cinema de animação.
Não me posso esquecer de referir a excelente atuação do estreante Neel Sethi, no papel do protagonista Mogli, que com os seus 12 anos de idade se revelou bastante maduro diante das câmaras, especialmente tendo em consideração que representou a solo, sem outros atores com quem contracenar, simplesmente com objetos de captura de movimentos. Além disso, é de louvar e de mencionar que todas as acrobacias, os chamados stunts para os mais familiarizados com a linguagem cinematográfica, feitas pelo jovem ator foram todas realizadas pelo mesmo, sem recorrer a um duplo. Segundo o próprio Neel, o facto de praticar Tae-kwon- do desde os quatro anos ajudou-o a desenvolver toda e alguma acrobacia de elevada dificuldade física no filme. Muita atenção a este menino no futuro!
No geral, The Jungle Book não defrauda a história original contada nos anos 60, muito graças a uma sólida equipa de produção e aos vários atores talentosos que deram voz às personagens da selva (entre os quais Bill Murray, Ben Kingsley, Christopher Walken ou Idris Elba). Um excelente filme para se incluir num programa em família e até para se ver sozinho ou acompanhado de amigos, para quem quiser sentir um pouco de nostalgia (como eu!).