Artes Visuais e Performativas, Editorias

Pupuce: «Gostamos muito que seja manual e não de fábrica, senão perde o cunho pessoal»

Design e ilustração com tempo e por amor: é esta a base da Pupuce, uma marca criada por Constança Marie e João Margarido há cerca de um ano. Os criadores – formados em Escultura e Design de Produto – são de Lisboa e estudam nas Caldas da Rainha, levando o projeto a ambos os locais. Sendo uma marca em crescimento, Pupuce apresenta-se através de diferentes materiais, mas sempre com o mesmo princípio: levar a arte às pessoas e fazer com que sintam algo.

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Andreia Filipa (AF): De onde surgiu o nome Pupuce?
Constança Marie (CM): A mãe dele é francesa e, como casal, ele tratava-me, muitas vezes, por pupuce.

João Margarido (JM): No fundo, é um termo carinhoso muito utilizado em francês, de pais para filhos e entre namorados. E, quando foi para escolher o nome, achámos que fazia sentido. Basicamente, nós precisávamos de um nome para participar em feiras e, na altura, não foi nada muito pensado; foi muito espontâneo.

AF: E há quanto tempo surgiu?
CM: Criámo-la há cerca de um ano e meio; fez em dezembro um ano.

JM: Nós, na verdade, estamos agora um pouco parados. Quando fizemos um ano, em dezembro, decidimos acalmar um pouco o ritmo para nos dedicarmos à tese.

CM: É muito difícil conciliar as duas coisas. E nós temos um bocadinho uma vida em dois lados: nós somos aqui de Lisboa, mas estamos os dois a estudar na ESAD (Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha). Temos uma vida cá e uma vida lá. Mas a Pupuce é um projeto do qual nos orgulhamos muito. Desde sempre que quisemos ter um projeto juntos e não sabíamos muito bem por onde começar. Eu, além de escultura, também faço ilustração. O João tem também uma componente muito autodidata; portanto, ele é de design de ambientes e de produto, mas também «vai dar um pezinho» ao gráfico. E achámos interessante conjugar isto. Era algo que sabíamos fazer os dois, conciliando as duas áreas.

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AF: E o que faz cada um?
JM: No fundo, é um trabalho de equipa. Mas eu faço mais a parte do design; relativamente aos cadernos, trato do enquadramento da própria página da capa e da montagem.

CM: E a parte manual toda. Eu costumo dizer que só faço a parte fácil, que são os bonecos.

JM: A Constança faz a ilustração dos produtos. Depois, na parte da serigrafia, das tshirts, acaba por ser um trabalho de equipa.

AF: Vocês têm imensos produtos diferentes: tshirts, madeiras, estojos… No início, não deviam ter tanta coisa. Começaram por fazer o quê?
JM: A primeira feira foi a Feira das Almas. Começámos com os cadernos, as tshirts, os sacos e autocolantes. Mas, nessa vez, nós sentimos que não estávamos tão bem preparados; mas é normal, foi a nossa primeira experiência. Tivemos de parar, olhar para as peças e pensar «ok, como é que podemos melhorar?». Depois, focámo-nos mais nos cadernos, pois foi o mais requisitado.

CM: Mais tarde, fizemos serigrafia, porque as primeiras tshirts eram feitas uma a uma; eram pintadas à mão pelo João. Nestas últimas, já fizemos workshops de serigrafia; o João domina muito bem a área. Portanto, é uma facilidade, é uma ferramenta. A serigrafia é também uma técnica manual, mas acaba por ser mais fácil; são quase prints. Nós gostamos muito deste tipo de atividades que implicam «muita mão». Gostamos muito que seja manual e não de fábrica, senão perde o cunho pessoal. E, às vezes, há uma tshirt que ficou um bocadinho mais para a direita e um saco que está um bocadinho mais escuro, mas não deixam de ser objetos únicos. E nós gostamos muito dessa parte.

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AF: Os cadernos têm uns títulos muito engraçados. De onde surgem? Porque alguns fazem sentido, mas outros ficamos a pensar «mas porquê?».
CM: Esses são meus (risos).

JM: No fundo, quando foi desenhada a ideia do caderno, era importante para nós que cada caderno tivesse um título. Essas palavras, inicialmente, foram muito mais para nós. Ou seja, nós tínhamos um título e não nos preocupávamos muito com «será que a pessoa vai gostar, será que não?». Mas o engraçado é que, quando as pessoas viam, liam o título e ficavam assim…

CM: Cada um interpreta da sua forma. Eu gosto muito de palavras aleatórias.

AF: Vocês são de Lisboa, mas passam a maior parte do tempo nas Caldas, uma vez que estudam lá. Sentem que têm de vir a Lisboa para ter mais sucesso?
JM: A nível de feiras, Lisboa acaba por funcionar sempre melhor. As feiras têm mais pessoas, uma maior adesão.

CM: Lisboa está espetacular, tem muitas feiras. Tem sido muito emergente. Nós sentimos que cada vez há mais feiras; somos, muitas vezes, convidados e, às vezes, no mesmo dia, somos convidados para três e quatro feiras. Neste momento, não conseguimos. Agradecemos sempre e eu espero que em janeiro do próximo ano já consigamos. A Pupuce é uma coisa da qual gostamos muito, porque é nossa, e, portanto, o tempo que investimos é muito, porque temos sempre ideias novas e coisas novas que queremos experimentar; as próprias pessoas estimulam-nos nesse sentido. É uma coisa quase de 24 sobre 24 horas.

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AF: E o que é que se vende mais?
CM: Tshirts e cadernos. E, no final do ano, os calendários. As pessoas gostam muito dos calendários e pedem-nos muito. Este ano, o João, para além da ilustração, inventou frases; as pessoas riam-se e, às vezes, ligavam-nos a dizer: «olhem, é só para dizer que adorei aquela frase!»

JM: Eu acho que é difícil dizer o que se vende mais. Há uma feira em que as pessoas levam os sacos todos que temos e há outra feira em que ficam lá. Está sempre relacionado com o público. Podem ser duas feiras no mesmo sítio, mas em fins de semana diferentes, que muda o público. Numa há imensa procura de tshirts, noutra temos imensa para os cadernos. Por isso, é sempre um jogo.

AF: E em que feiras já estiveram?
CM: Estivemos na Feira das Almas, no mercado Arts&Crafts – no jardim da Estrela –, na feira do Artshow – nas Caldas da Rainha – e na feira da Buzina. Acho que foi, mais ou menos, isto.

JM: Na verdade, havia feiras mais pontuais. Por exemplo: o “Comunicar Design”. Basicamente, eventos mais pequenos relacionados com o Design.

AF: Agora, onde é que as pessoas vos podem encontrar?
CM: Online é sempre a melhor alternativa. Nós estamos associados a uma plataforma que é a Mercatsu; a partir da Feira das Almas, conseguem encontrar-nos. E no nosso Facebook, onde também conseguem aceder a essa plataforma e comprar online.

Com uma cumplicidade óbvia, Constança e João deixam o banco do jardim, em Lisboa, e seguem para a próxima paragem: as Caldas da Rainha. Juntos, como casal e como criadores, prometem levar a Pupuce até onde lhes for possível.