Cinema e Televisão

A evolução da comédia na tela: do cinema mudo à era do digital

Seja através de piadas leves ou escárnios, a comédia sempre foi uma forma de expressão poderosa, uma maneira de expor verdades, de desafiar normas e, claro, de arrancar boas gargalhadas pelo caminho. Desde os tempos de Charlie Chaplin até à era do streaming, passando pelas sitcoms e pelo stand-up, o humor foi-se reinventando.

A Era do Cinema Mudo (final do século XIX – década de 1920)

A comédia na era do cinema mudo demonstrou que o riso pode ser alcançado através do poder da imagem e da criatividade humana. Com a impossibilidade de utilizar diálogos, os atores e cineastas investiram em expressões faciais e movimentos exagerados para transmitir emoções e criar situações cómicas. As quedas e acrobacias permitiram que a comédia se tornasse acessível a públicos de diferentes culturas e línguas.

A verdade  é que não podíamos passar pelo cinema mudo sem mencionar Charlie Chaplin, que se destacou, não só pelo seu humor e crítica social, como também pelas cenas cheias de emoção que conquistaram milhões de espectadores, continuando a influenciar o cinema nos dias de hoje. 

Fonte: Wallpaper cave

A Era do Cinema Sonoro (décadas de 1930 – 1950)

Com o advento do som, o humor passou a incorporar diálogos e trocadilhos que deram um novo dinamismo às cenas. O cinema sonoro possibilitou a elaboração de roteiros sofisticados, onde a entoação e o ritmo da fala aumentaram o efeito cómico. Além disso, os efeitos e as bandas sonoras contribuíram para uma experiência audiovisual muito mais rica.

Fonte: Pictorial Press, Alamy Stock Photo
Legenda: The Jazz Singer, 1927, o primeiro filme sonoro

A Era da Televisão e das Sitcoms (décadas de 1950 – 1970)

A popularização da televisão trouxe a comédia para os lares, especialmente através das sitcoms. Estas últimas retratavam cenários familiares e situações do quotidiano, criando uma aproximação direta com o público. Esta foi uma época marcada pelo surgimento de personagens inesquecíveis e de histórias que pareciam vir diretamente da vida real. Este formato continua a influenciar as produções atuais, provando que o humor pode transformar as experiências do dia a dia em momentos de grande diversão.

A Era do Stand-Up e da Comédia Transgressora (décadas de 1970 – 1990)

Entre os anos 70 e 90, a comédia passou por uma verdadeira revolução. O stand-up ganhou força e mudou completamente a forma como o humor era feito. Em vez de grandes produções e piadas ensaiadas, a graça estava na espontaneidade, na interação direta com o público e na capacidade de transformar situações do dia a dia em algo hilariante.

Fonte: Yelp, The Three Clubs

Sem roteiros para seguir, os humoristas podiam explorar as suas próprias personalidades, aproximando-se do público. O resultado? Uma comédia mais livre, espontânea, autêntica e real.

Não se tratava apenas de fazer rir, tratava-se  também de saber questionar e desafiar as normas. Os comediantes começaram a tocar em assuntos antes evitados, tais como política, sexualidade, racismo e desigualdade.

A Era Digital e do Streaming (século XXI)

Com a internet e as plataformas de streaming, a comédia nunca foi tão acessível e diversificada. Atualmente, qualquer pessoa com um pouco de criatividade pode criar e partilhar o seu humor com o mundo, através dos novos formatos que existem, tudo à distância de uns cliques.

Fonte: Getty Images

Plataformas como a Netflix e a Amazon Prime passaram a investir em conteúdos exclusivos, enquanto que o YouTube e as redes sociais abriram caminho para uma nova geração de humoristas. O streaming trouxe uma liberdade criativa nunca antes vista.

E o melhor? O contacto entre o comediante e o público nunca foi tão direto. Comentários, likes e partilhas permitem um feedback instantâneo. A revolução digital, não só mudou a forma como consumimos comédia, mas também como ela é feita, de forma mais livre, inclusiva e próxima da audiência.

Deste modo, a comédia foi evoluindo ao longo do tempo, mantendo sempre o seu objetivo principal: o de fazer rir e convidar à reflexão.

Fonte da capa: Jovem Pan

Artigo revisto por Mariana Ranha

AUTORIA

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Raquel Bernardo tem 18 anos, é natural de Lisboa e entrou este ano para o primeiro ano da licenciatura de jornalismo. O jornalismo sempre foi uma área que a cativou desde jovem uma vez a mesma ter sido desde criança bastante comunicativa (e que nunca parava de falar). Transmitir informação e conhecimento aos outros sempre foi algo que a Raquel considerou imprescindível numa sociedade tão agitada como a nossa, olhando o papel dos jornalistas como nobre.
Desde pequenina que demonstrou uma grande paixão pela escrita, paixão essa semeada pelo seu pai, escritor de rubricas, e, com esta entrada para a ESCS magazine, a mesma espera tanto melhorar as suas qualidades de escrita como aprofundar a sua relação com esta.