A Kimmy é mesmo imparável
Unbreakable Kimmy Schmidt é uma máquina de comédia que aponta os seus alvos diretamente à cultura pop e ao abuso de poder. A série estreou em 2015 e teve um total de quatro temporadas, chegando ao fim em janeiro de 2019.
Levar este projeto para a frente foi talvez a parte mais difícil. Desde 2013 que Tina Fey and Richard Carlock o desenvolveram, mas só em 2015, com a compra por parte da Netflix, é que a série avançou. A história centra-se numa mulher, Kimmy (Ellie Kemper), que, depois de 15 anos presa num bunker devido a um culto apocalíptico, decide ir viver sozinha para Nova Iorque com o objetivo de refazer a sua vida, encontrar o pai e começar uma família do zero.
Esta série, apesar dos temas sensíveis que aborda, utiliza uma linguagem exímia que não ofende ninguém. Em nenhum momento a série trouxe qualquer assunto à baila com o objetivo de criar controvérsia na sociedade, especialmente sobre os temas principais que aborda, como o abandono ou o rapto. Toda a linguagem é trabalhada de maneira simples e divertida, sempre acompanhada de uma risada.
Ao longo da temporada é percetível que Kimmy é muito consciente daquilo que lhe aconteceu. Isto é comentado, por exemplo, no nono episódio da última temporada, quando Titus pergunta a Kimmy se ela alguma vez imaginou como seria a sua vida se não tivesse sido raptada, ao que esta responde: “Não, não faz sentido. Aconteceram-me coisas horríveis, e eu gostaria que elas não tivessem acontecido, mas tenho de acreditar que não poderia ter feito nada para mudar isso, porque senão acabaria por ficar louca”.
Era importante que a série não ignorasse este assunto, mas que mostrasse a luta da protagonista para recuperar o controlo da sua vida e demonstrar que tudo o que lhe aconteceu não a definiu, nem mudou a sua maneira de ver o mundo.
Ao longo da história é possível acompanhar o crescimento pessoal e profissional da protagonista, desde a conclusão do secundário, à entrada na universidade, até, por fim, ao seu ingresso no mercado de trabalho como polícia sinaleira. No final da história, e mantendo-se fiel aos seus princípios, Kimmy consegue tornar a lenda de Greemulax, o seu livro para crianças, num sucesso, demonstrando que “as mulheres são inquebráveis”.
Mas não é só na protagonista que é possível observar, principalmente, o crescimento pessoal. Os outros quatro membros do elenco principal, Titus, Lilian e Jaqueline, ao longo da história vão atingindo os seus objetivos e tornando-se pessoas melhores. Titus (Tituss Burguess) consegue conquistar o seu sonho de ser ator, Lilian (Carol Kane) torna-se protetora do bairro e consegue encontrar o amor ao lado de Artie (Peter Riegert) e Jaqueline (Jane Krakowski) consegue tornar-se numa mulher respeitada e feliz ao lado do homem que ama.
Para os fãs da série quero, por último, ressaltar que, no dia 12 de maio deste ano, vai estrear na Netflix um episódio interativo que celebra um ano desde o fim da série. Este, intitulado “Kimmy vs the Reverend”, irá dar ao espectador a oportunidade de decidir qual o rumo que a história deve seguir, muito ao estilo de Black Mirror: Bandersnatch.
Artigo revisto por Mónica Harris.