Afinal quem é que fica com o lugar?
Não é novidade para ninguém que com a chegada de eleições as pessoas ficam mais tensas e mais ansiosas. Até porque um dos “adversários” de campanha irá perder.
Com a coincidência de datas podíamos estar a falar das legislativas deste ano, mas não. As eleições de que este artigo fala afeta especialmente (e se não apenas e somente) os adeptos do Futebol Clube do Porto.
As candidaturas começaram a ser apresentadas oficialmente desde janeiro, mas os candidatos ao lugar de presidente do clube já se sabem há muito.
Nuno Lobo
53 anos. Empresário na área da restauração e professor. Apesar de não ter uma ligação direta com o futebol a nível profissional, não é uma cara desconhecida para quem gosta e acompanha este mundo.
Candidatou-se nas últimas eleições, em 2020, e saiu derrotado por Pinto da Costa e José Fernando Rio. Apesar do resultado negativo, uma vez que ficou em 3.º lugar, Nuno Lobo não baixou os braços e foi o primeiro a apresentar candidatura para este ano, acreditando que fará a diferença no seu clube, caso seja eleito.
Com o lema ‘FC Porto líder do seu próprio destino’, assume que faz parte dos seus planos alcançar a marca de 300.000 sócios efetivos em menos de cinco anos.
André Villas-Boas
46 anos. Treinador de futebol. Conquistou, ao serviço do Futebol Clube do Porto, quatro títulos e agora pretende alcançar a vitória nas eleições de abril.
Apesar de ser um estreante nas questões eleitorais, André Villas-Boas não tem passado despercebido. Com opiniões muito vincadas a respeito do clube azul e branco e de quem está à frente do mesmo, foi a segunda pessoa a apresentar a sua candidatura.
Villas-Boas diz querer um “FC Porto mais forte, mais competitivo, dos sócios e para os sócios” e, apesar de estar grato a Pinto da Costa, assume já ser “tempo de mudança”.
Jorge Nuno Pinto da Costa
86 anos. Atual presidente do Futebol Clube do Porto. Está há 40 anos no cargo como dirigente, e talvez nunca tenha passado por umas eleições tão controversas quanto estas.
Ao longo da sua vida foi ganhando o respeito e admiração de muitos adeptos, mas também foi sendo cobrado por todas as promessas que não cumpriu. Atualmente, e sem candidatura ainda em cima da mesa, Pinto da Costa é alvo de críticas por parte dos seus rivais de eleição, mas é apoiado por muitos aficionados, como pela claque dos Super Dragões.
Apesar de ser uma figura histórica no clube, foi a última pessoa a apresentar candidatura, deixando bem claro que não quer fazer a passagem do testemunho. Com o lema “Todos pelo Porto” espera agora conquistar pela décima sexta vez o lugar de maior destaque.
Um pouco ou tanto conturbadas
Estão marcadas apenas para o mês de abril, mas já têm dado muito que falar.
O incidente mais marcante, até aos dias de hoje, aconteceu em novembro, cinco meses antes dos sócios irem até às urnas e dois meses antes da apresentação de candidaturas.
13 de novembro de 2023, Estádio do Dragão. Inicialmente, numa sala destinada para apenas 300 sócios, rapidamente o local da Assembleia Geral Extraordinária teve de ser alterado. Já no Dragão Arena, e com a presença de milhares de adeptos, discutiram-se alguns pontos a fim de aprovar ou reprovar os novos estatutos propostos pelo Conselho Superior. Apesar de Pinto da Costa ter garantido a todos os presentes que chegara a acordo com a Mesa da Assembleia Geral sobre o ato eleitoral em abril de 2024, desencadearam-se cenas de tensão e violência.
Devido às agressões verbais e físicas trocadas entre os adeptos, a Polícia de Segurança Pública teve de intervir e o encontro teve mesmo de ser interrompido e adiado. Com duras críticas à falta de organização por parte do clube, a sessão foi adiada para o dia 20 de novembro, sete dias depois.
Poucos dias depois, a continuação da Assembleia Extraordinária Geral acabou por ser desconvocada uma vez que a proposta sobre a aprovação, ou não, dos novos estatutos foi retirada de cima da mesa “por manifesta falta de objeto”.
Contudo, dia 30 de novembro foi a data escolhida para encerrar este capítulo. Na noite dessa quinta-feira, o relatório de contas relativas à época 2022/2023 foram aprovadas, com 69,88% dos votos a favor. Após a decisão dos sócios, Pinto da Costa discursou e elogiou a postura de abstenção de Nuno Lobo: “Marcou presença como um portista que é, de facto, mostrou um sentido de estado e absteve-se nesta votação”. Porém, o discurso do atual dirigente dos azuis e brancos prosseguiu e as críticas a Villas-Boas, que votou contra o relatório, também surgiram: “Veio para dizer mal, para propor a recusa das contas sem pensar nos prejuízos que isso trazia para o FC Porto”.
A questão principal mantém-se: de quem vai ser o principal lugar da presidência? Será que à segunda é de vez e Nuno Lobo conquista, finalmente, o papel de presidente? Será que de treinador, Villas-Boas passará a dirigente? Será Pinto da Costa novamente reeleito?
Fonte da capa: Jornal de Notícias
Artigo revisto por Julia Gibelli
AUTORIA
O seu nome é Beatriz, mas sem serem os seus pais e os professores, toda a gente lhe chama de Bia. É aluna do 3.º ano de Jornalismo e foi no secundário que tomou a decisão de juntar duas paixões: a escrita e o desporto. Começou como redatora, depois confiaram-lhe o papel de editora de desporto e no seu ano de finalista abraçou a aventura de ser Diretora-Geral da ESCS Magazine.