Casa de Anne Frank
Situada em Amesterdão, a casa de Anne Frank é capaz de proporcionar a qualquer um uma experiência repleta de emoções intensas, quase que indescritíveis, através de um relato detalhado da história comovente de uma jovem alemã de origem judaica, chamada Annelies Marie Frank, mundialmente conhecida como Anne Frank, principalmente pelo livro que escreveu, o Diário de Anne Frank.
Quem é, então, esta jovem? Anne Frank nasceu no dia 12 de junho de 1929, em Frankfurt, na Alemanha, mas viveu, durante grande parte da sua vida, na cidade holandesa de Amesterdão. Durante a ocupação nazi na Holanda, na Segunda Guerra Mundial, viveu dois anos, entre 1942 e 1944, escondida naquele que ficou conhecido como o Anexo Secreto, nas instalações da empresa do pai, onde se encontra hoje, o museu denominado Casa de Anne Frank. Partilhou este espaço com mais sete judeus: a sua família, constituída pelos pais, Otto e Edith Frank, e a irmã, Margot Frank; a família Van Pels; e Fritz Pfeffer, um amigo da família Frank. Durante esse tempo no esconderijo, Anne escreveu um diário que deu origem a um livro publicado em 1947, o Diário de Anne Frank, seguido de muitas outras edições, traduções, uma peça de teatro e um filme. Escreveu também contos e outro tipo de relatos, que podemos encontrar no museu. Em 1944, a polícia alemã invadiu o anexo, seguindo uma denúncia anónima, e levou todos os que lá viviam para campos de concentração. Anne acabou por morrer de doença no campo de concentração de Bergen-Belsen, em 1945, com apenas 15 anos, e o único dos oito que sobrevive à guerra é Otto Frank.
Toda esta história, e não só, pode ser ouvida, através de um guia áudio gratuito, disponível em doze línguas, durante a visita a este museu biográfico, que foi fundado no dia 3 de maio de 1960, com o esforço de Otto Frank, que em conjunto com um grupo de pessoas estabeleceu a Fundação Anne Frank com o propósito de salvar o edifício da demolição.
A cada palavra do guia áudio que ouvimos, a cada passo que damos dentro daquela casa, sentimo-nos mais perto de Anne e de todos os que ali viveram, e cresce-nos um aperto no coração, fugindo-nos as palavras para definir aquilo que estamos a sentir. É, assim, uma visita bastante silenciosa, também pelo respeito que sentimos por todo o sofrimento que ali se viveu e pela força com que cada um daqueles judeus se agarrou à vida, em circunstâncias tão difíceis.
Ao longo da visita, podemos ver fotografias de cada uma das pessoas que ali habitou, ler sobre a sua história, ver as fotografias que Anne colou na parede daquele que era o seu quarto, ler alguns papéis soltos que ela escreveu, ouvir citações da própria Anne, que nos causam um nó na garganta, especialmente uma que se pode ouvir logo no início da visita, na primeira sala, em que a jovem deseja que tudo volte à normalidade e que voltem a ser considerados humanos e não apenas judeus. Apercebemo-nos de que apesar da sua tenra idade, Anne Frank escrevia sábias palavras e tinha uma força enorme, sendo o seu diário quase como o seu “melhor amigo” e a escrita o seu escape, a sua forma de desabafar sobre tudo aquilo que vivia a cada dia naquele esconderijo.
Este museu traduz-se, assim, em três pisos de puro ensinamento e emoções fortes, e é uma visita obrigatória para quem por Amesterdão passa, pois é uma história que todos devemos conhecer e que nos leva, também, a alterar um pouco a nossa noção daquilo que é sofrer.
No final da visita, há uma loja onde podemos comprar variadas coisas, entre elas, alguns postais e também a peça que mais se destaca, o Diário de Anne Frank, traduzido num leque imenso de línguas, e quem nunca o leu, terá, com certeza, vontade de o fazer após esta experiência maravilhosamente tocante. É também possível deixar uma mensagem, num caderno que se encontra à saída, em que os visitantes, que são mais de um milhão todos os anos e formam filas à entrada, descrevem sentimentos e deixam agradecimentos, entre frases soltas e pequenos textos, nas mais diversas línguas.