Catalunha vai a votos: sim ou não à independência
Dia 1 de outubro é dia de a Catalunha, comunidade autónoma de Espanha, ir a votos. Apesar de o Tribunal Constitucional espanhol ter declarado o referendo pela independência catalã ilegal, o governo regional continua a considerá-lo legítimo.
Apesar de a lei do referendo ter sido aprovada com 72 votos a favor, nenhum contra e 11 abstenções, a verdade é que no momento da votação estavam apenas 83 dos 135 deputados presentes no parlamento, isto porque os socialistas catalães (PSC), o partido Ciudadanos e os conservadores do PP abandonaram o hemiciclo para não darem cobertura àquilo que declararam como uma “ilegalidade”. Contudo, poucas horas depois, o presidente da Generalitat, governo independentista da Catalunha, Carles Puigdemont, assinou a convocatória do referendo, afirmando que esta região “decidirá democraticamente o seu futuro a 1 de outubro”.
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O Governo espanhol tem tentado impedir a realização deste referendo, num choque frontal entre Barcelona e Madrid. A Guarda Civil tem levado a cabo buscas para a apreensão de cartazes de propaganda separatista, boletins de votos e outras publicações relacionadas com o mesmo. A Guarda deslocou-se ainda ao centro de telecomunicações do governo catalão para garantir o bloqueio dos serviços informáticos usados na gestão de assembleias de voto e anular o recurso ao voto eletrónico. Mariano Rajoy, presidente do governo, afirma que “não haverá qualquer referendo de autodeterminação”. Já os independentistas catalães consideram que está a ser posta em causa a liberdade democrática.
A tensão tem vindo a aumentar com confrontos entre independentistas e as autoridades. Desde sexta-feira que escolas, que se preveem como assembleias de voto, têm sido ocupadas por pais e filhos, de modo a que estas não fechem, como habitual, aos fins-de-semana. Muitas associações de pais organizaram, inclusive, atividades lúdicas como aulas de dança e jogos tradicionais nas escolas ocupadas. Os Mossos d’Esquadra, polícia regional da Catalunha, receberam ordens para desocupar estes locais sem violência. Contudo, existe uma indicação expressa de fecho dos locais de voto até três horas antes da hora prevista para o início da votação. O representante do governo espanhol na Catalunha anunciou que a polícia já fechou mais de metade das 2315 assembleias de voto designadas para acolher o referendo “ilegal”.
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Daniela Abreu, estudante da ESCS que se encontra de momento em Erasmus em Barcelona, afirma que “há protestos e manifestações, mas não é nada violento”. A estudante revela ainda que é visível a união do povo catalão e a adesão a este movimento separatista, dado que “todas as noites às 22h em ponto saem à janela e batem panelas”, ritual que já se prolonga há mais de uma semana, e que o único impacto que este referendo teve no seu dia-a-dia em terras espanholas foi o fecho da faculdade durante quinta e sexta-feira.
Como pretensão de se manifestarem em paz, alguns catalães combinaram, ainda, irem votar vestidos de branco. As sondagens apontam para a vitória da Catalunha como um Estado independente.