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“Code 8” – mais uma prova do(s) poder(es) da dupla Amell

Fonte: Conta de Instagram do filme (@code8movie)

Code 8 é um filme de ficção científica que estreou recentemente na Netflix portuguesa (intitulado Code 8: Renegados). Apesar de ter ficado disponível em alguns países ainda em 2019, foi em 2016 que a sua história teve início. Começou por ser uma curta metragem (dez minutos) com o mesmo nome, pois não tinham orçamento suficiente para fazer o filme.

Os protagonistas, Robbie e Stephen Amell, iniciaram uma campanha na altura para tentar angariar fundos com o objetivo de realizar a película. Conseguiram atingir a meta, que era de $200,000 (+/- 185.000€), em menos de 48 horas. Passado um mês, já tinham angariado quase dois milhões e meio de dólares (+/- 2.220.000€). O filme canadiano (trailer) acabou por ser realizado por Jeff Chan.

Em “Code 8”, 4% da população mundial nasceu com superpoderes. No entanto, e porque já temos conteúdo de super-heróis que chegue e sobre, os sobredotados, desta vez, são os desfavorecidos. Excluídos da sociedade, passam por dificuldades, acabando por recorrer ao mundo do crime. Deste modo, em vez de serem verdadeiros heróis, tornam-se os vilões aos olhos da polícia, que beneficiou de um desenvolvimento tecnológico brutal.


Code 8 gira em torno de Connor Reed, que, interpretado por Robbie Amell, tenta levar uma vida normal, servindo-se dos poderes apenas para a sua sobrevivência.
Fonte: Conta de Instagram do filme (@code8movie)

A personagem principal encarna esta premissa: Connor Reed (Robbie Amell) tem como poder manipular a eletricidade. Passa por dificuldades e nem sequer consegue arranjar um emprego, pelo que apenas realiza uns “biscates” aqui e ali. Estas oportunidades não são suficientes para juntar dinheiro para o tratamento de que a sua mãe, doente em estado terminal, necessita. Por isso mesmo, Connor alia-se às más companhias.

No caso, os vilões são os traficantes da droga Psyke, que é, nem mais nem menos, fluído cerebrospinal (sim, é retirado dos humanos para consumo de outros humanos). Connor começa a utilizar os seus dotes para benefício de um cartel de droga, que lhe paga melhor do que qualquer um dos trabalhos que realiza, mas que também o faz questionar a sua moral. É junto dos maus da fita que Connor conhece Garrett (Stephen Amell). Com poderes telecinéticos, torna-se o tutor de Connor, que, em vez de treinar para chegar ao pico dos seus poderes, foi ensinado a escondê-los e a usá-los de forma contida. Curiosamente, os dois protagonistas são primos na vida real. Não é a primeira vez que contracenam: ambos participaram na série Flash (2014). Stephen Amell está habituado a ser o centro dos holofotes, tendo assumido o papel de Arqueiro Verde (Green Arrow), herói da DC Comics, na série (2012-2020) da The CW. Desta vez, o centro das atenções é Robbie Amell.


Depois de oito anos como Arqueiro Verde, Stephen Amell, que se despediu recentemente da personagem, mantém-se no universo do sobrenatural. 
Fonte: Conta de Instagram do filme (@code8movie)

No geral, é o entretenimento que procuramos para uma noite em que não sabemos o que ver na Netflix. Mistura ação e aventura com um toque futurista. Robbie faz um bom papel e Stephen merecia mais destaque. Os vilões estão bem conseguidos, tal como todo o sistema das autoridades, que até a drones tevedireito. As personagens secundárias são secantes, mas também não tiveram tempo de ecrã suficiente para brilhar. É pena a quantidade de pontas soltas por explicar.

Foi confirmado, em dezembro de 2019, que será desenvolvida uma série com os mesmos protagonistas. Pode ser que neste spinoff de Code 8 tenhamos todas as respostas de que necessitamos. De nada adianta apresentar personagens e iniciar todo um enredo se não tencionam explorá-lo. 

Ao longo do filme, nós, os espectadores, colocamo-nos inevitavelmente nos pés de Connor: se um ente querido se encontrasse entre a vida e a morte e a sua recuperação fosse possível, dependendo apenas de dinheiro, que linhas seríamos capazes de cruzar?

É um dilema interessante, no caso com muitos poderes, droga e robôs à mistura.

Revisão: Carolina Cacito

AUTORIA

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Depois de integrar a maioria das secções da revista, a Mariana ficou encarregue de incumbir esta paixão aos restantes membros. O gosto pela escrita esteve desde sempre presente no seu percurso e a licenciatura em Jornalismo veio exacerbar isso mesmo. Enquanto descobre aquilo que quer para o futuro, vai experimentando de tudo um pouco.