Curso Sobre William Shakespeare | “Not Wisely, But Too Well”
Decorreu de 16 de março a 13 de abril o curso sobre William Shakespeare “Not Wisely, But Too Well” no Centro Cultural de Belém. Este curso teve como objetivo transmitir o saber sobre a escrita do famoso dramaturgo e o modo como o tipo de personagens contidas nas suas obras pode ter influência no género. Num ambiente descontraído, a professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Maria Sequeira Gomes tentou, durante uma hora, explicar temas diversos como o ciúme, a sinceridade, a lisonja, a ambição e amor, a partir das mais diversas obras do dramaturgo.
Ao longo da última aula, que tinha como tema principal o amor, foram abordados diversos aspetos: Os desafios de Hamlet ao longo do percurso (provar que o pai foi assassinado e o seu objetivo de matar o padrasto); o seu relacionamento perturbado com Ofélia; os seus monólogos, que são um dos pontos essenciais da história, e o duelo final como a resolução do conflito, onde todos expõem quem são realmente.
Um dos monólogos mais falados foi o icónico momento em que Hamlet fica sozinho em cena depois da saída dos atores, que diz:
“Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provocações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer… dormir: não mais.
(…)”
William Shakespeare
(Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos)
Fonte: https://conversamos.wordpress.com/2013/06/09/monologo-intemporal-hamlet-ser-ou-nao-ser/
A questão apesar de parecer complexa tem um fundo de entendimento bastante simples. Ser ou não ser transmite todas as inseguranças que o protagonista vai ter ao longo da ação. Ser ou não ser, existir ou não existir. Em última instância viver ou morrer. No fundo, se soubéssemos o que vem a seguir seria mais fácil tomar uma decisão.
Hamlet mostra a capacidade que Shakespeare tem de atravessar a escuridão da mente humana, desnudando paixões, expondo desejos e apontando os fantasmas que estão presentes na sociedade desde sempre.
Esta peça, tendo como cenário principal a Dinamarca, conta-nos como Hamlet é obrigado a cumprir um ato de vingança contra o seu tio Cláudio, acusado de assassinar o seu pai, o rei, para poder tomar o seu lugar. Hamlet, porém, não apresenta quaisquer intenções de cometer tal crime, pois para isso era preciso ter coragem e sangue frio, algo de que ele não dispõe. O ciúme, a vingança, a loucura e a tragédia são os ingredientes essenciais para o sucesso da história.
Revisitar Shakespeare é um desafio, dada a quantidade de estudos universitários, encenações e adaptações que foram sendo feitas ao longo dos tempos. Em Portugal, uma das mais famosas foi a encenação feita por Luís Miguel Cintra, no teatro da Cornucópia.
Se a sua biografia é terreno inconstante, a sua obra continua a fascinar pelas abordagens feitas à volta da natureza das paixões humanas e a suscitar releituras de criadores contemporâneos, sendo esse o propósito deste ciclo: para além de ler Shakespeare, aprender a compreender Shakespeare.
Artigo revisto por: Andreia Jesus