Deem armas às crianças: projeto lei é aprovado no Iowa
«Nós não precisamos de uma milícia de crianças» – foi desta forma que uma representante democrata do estado norte-americano do Iowa respondeu à aprovação, esta semana, de um controverso projeto-lei. A ideia passa por permitir que crianças com menos de 14 anos possam ter e usar uma arma de fogo, sob supervisão parental.
Aos olhos de alguns europeus pode parecer descabido, mas o projeto-lei foi legitimado pelo congresso do Estado, com 62 votos a favor e 36 contra. Uma medida que surge mesmo depois de ter havido um tiroteio no Kansas, que matou três pessoas e fez outros 14 feridos. É o 43.º desde o início do ano, em todo o país, e não foi suficiente para demover os deputados do Iowa.
Assim sendo, a partir de agora é provável que crianças de todas as idades possam manejar um revólver, uma pistola ou munições. É «provável» porque a lei ainda vai ter de passar pelo Senado, esta segunda-feira, e posteriormente seguir para ser promulgada pelo governador, o republicano Terry Branstand. Tudo aponta para a sua aprovação.
À televisão norte-americana KCCI, duas crianças relataram o seu caso: desde os cinco anos que o pai as ensina a manejar uma arma e a disparar e dizem que gostam de o fazer. Na sua visão, as duas meninas, Natalie e Meredith Gibson, afirmam que só é perigoso se estiver em mãos erradas.
As vozes e os argumentos entre os deputados que aprovaram ou rejeitaram a lei são dissonantes, como a do republicano Abby Finkenauer, que diz que «logicamente, a lei é ridícula» ou a do também republicano Jake Highfill. «Permitir às pessoas, desde pequenas, a respeitar e a mexer numa arma é uma das coisas mais importantes que se pode fazer. A alternativa é chegar aos 18 sem experiência», diz.
Este é um projeto-lei num país onde possuir uma arma é um ato legal, desde que de forma responsável. Em Portugal, a lei permite apenas a quem tenha pedido uma licença, que tem como requerimentos a idade mínima de 18 anos, a existência de um certificado de aprovação para o uso de armas e razões de cariz profissional ou de defesa pessoal.