Dia Mundial do Cinema: Filmes de homenagem à 7ª Arte
No dia 5 de novembro celebra-se o Dia Mundial do Cinema. A data foi escolhida em alusão à primeira sessão pública de cinema em 1895, realizada em Paris. O acontecimento foi orquestrado pelos irmãos Lumière, que ,usando um cinematógrafo, – aparelho que criava a ilusão de movimento que ocorre diante de uma lente fotográfica – projetavam as imagens numa tela ou numa parede.
As imagens que foram mostradas nesse dia foram as de um comboio a chegar à estação. Estavam cerca de 30 pessoas na exibição, que fugiram assustadas, confundindo a projeção com a realidade.
Em 1902, Georges Mèliés, com o seu filme “A Viagem à Lua”, conseguiu mudar o paradigma do cinema e inseriu pela primeira vez os chamados “efeitos especiais”, que atualmente movem milhões para as salas de cinema.
Hoje, a indústria cinematográfica não se limita só a fazer um conjunto de imagens para passar nas telas e na televisão. É uma indústria que movimenta bilhões por ano, que conta com estúdios de cinema, produtoras, distribuidoras, figurinos, cenários, fotografia, luz, som, duplos. Mas para os amantes de cinema, este não se pode resumir aos lucros e aos que têm os melhores efeitos visuais, a todo e qualquer tipo de blockbusters ou um banal filme de heróis. É necessário e fundamental conhecer as raízes do cinema.
Por essa razão, este artigo apresenta uma lista de filmes que, metalinguísticamente, cativam e ajudam os apaixonados pela sétima arte a conhecer um pouco melhor esta indústria.
Singin’ in the Rain
Singin’ in the Rain, em português, Serenata à Chuva, é uma comédia musical americana de 1952, com a realização de Stanley Donen e Gene Kelly, roteiro de Betty Comden e Adolph Green e estrelado por Gene Kelly, Donald O’Connor e Debbie Reynolds. Na Lista dos 25 Maiores Musicais Americanos de todos os tempos, lista concebida pelo American Film Institute, Singin´in the Rain ocupa o primeiro lugar.
Na altura da transição do cinema mudo para o cinema falado, que vinha a ganhar muito destaque entre os espectadores, os astros do cinema mudo Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen) têm dificuldades em adaptar-se. Um realizador está determinado em tornar o último filme das duas estrelas num filme falado, mas tudo corre mal devido à falta de talento dos atores para decorar as falas, mas estes não desistem. Com a ajuda de outra personagem, Don e Lina procuram superar as dificuldades do novo método de se fazer cinema, para conseguir manter a fama conquistada.
Além de se tratar de cinema no seu estado mais nu e cru, Singin’ in the Rain é uma homenagem feita ao cinema mudo e a todos os artistas que passaram por esta transição, tendo em conta que muitos deles não se conseguiram adaptar. Apesar de os musicais não serem o estilo de eleição do público geral, esta obra é um verdadeiro regalo para os olhos e para os ouvidos com os seus temas clássicos, o tom certo de humor, trama que nunca se torna maçadora e um conjunto de cenas e falas marcantes. Consegue também superar o problema do envelhecimento que muitos filmes da sua época não conseguiram.
Once Upon a Time in… Hollywood
Once Upon a Time in… Hollywood, em português, Era Uma Vez Em… Hollywood, é um filme americano realizado em 2019 que conta com a escrita e realização de Quentin Tarantino. É uma comédia dramática estrelada por Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie. A estreia mundial de Once Upon a Time in… Hollywood teve lugar no Festival de Cannes, em maio de 2019.
Os críticos teceram rasgados elogios ao filme, tanto pelo elenco escolhido como pela direção, mas principalmente porque consideraram o filme “uma carta de amor de Tarantino a Los Angeles dos anos 60.”
Corria o ano de 1969, quando Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), um ator de westerns televisivos chegou a Hollywood com a intenção de erguer novamente a sua carreira. A chegada à cidade foi feita juntamente com o seu duplo e amigo de longa data Cliff Booth (Brad Pitt). Ambos, no meio de filmagens e anúncios, foram conhecendo pessoas que, de certa maneira, marcaram a época. Entre as mais marcantes está Sharon Tate (Margot Robbie), vizinha de Rick e Cliff e, na altura, grávida do cineasta Roman Polanski. No meio disto tudo, a atenção vira-se para Charles Manson e para os seus seguidores, que contribuíram de forma preponderante para o fim do movimento hippie, através de uma sequência de assassinatos que provocaram um choque em tudo e todos.
Primeiro, é um filme do Tarantino, e como tal é uma homenagem em cada frame à história do cinema. É um mar de referências que, por um lado, enriquece cada uma das suas obras, mas, por outro, não consegue envolver quem não está familiarizado com a história da Sharon Tate.
Segundo, a direção é perfeita, assim como a ambientação, os cenários e os diálogos. Peca pela longa duração, mas toda a gente poderia ver DiCaprio e Brad Pitt a interagir no grande ecrã durante várias horas. Tarantino fez um favor ao cinema e ao público, em geral, ao finalmente juntar estes dois ícones de luxo.
Nuovo Cinema Paradiso
Nuovo Cinema Paradiso, em português, Cinema Paraíso, é um filme italiano de 1988 com escrita e realização de Giuseppe Tornatore. É uma comédia dramática estrelada por Philippe Noiret, Enzo Cannavale e Antonella Attili. Considerado um marco para o cinema e uma das obras mais importantes fora do contexto americano.
O nome Alfredo dizia muito a Salvatore Di Vita. Alfredo era o projecionista do Cinema Paraíso, local para onde Totó, alcunha de Salvatore na sua infância, fugia sempre que podia a seguir à missa, e onde desenvolveu uma grande amizade com Alfredo. Por fim, também foi onde aprendeu a amar a arte do cinema, até se tornar um cineasta bem-sucedido que vivia em Roma. Foi aí que recebeu um telefonema da sua mãe dizendo que Alfredo tinha falecido.
Existem filmes aos quais é obrigatório assistir pelo menos uma vez na vida, e Cinema Paraíso é um deles. Um filme ternurento, inquietante e que apela muito aos sentimentos. É impossível não se comover com as cenas entre Alfredo e Totó. A película suscita um gostinho de nostalgia pelos primórdios do cinema, onde os filmes eram montados fotograma a fotograma, relembrando momentos menos felizes, como a censura prévia. Trata-se de uma aula de história e de cultura. Transcendeu amplamente as barreiras de Itália e espalhou-se pelo mundo, enchendo os rostos tanto de sorrisos como de lágrimas.
Fonte da capa: Platform Magazine
Artigo revisto por Catarina Policarpo
AUTORIA
Nasceu em Setúbal no ano de 2000, sempre quis ser mais do que as pessoas esperam da chamada normalidade. Já escreveu um livro chamado “Grande Manual do Engate”, participa em anúncios e em pequenos papéis na televisão, além de fazer stand-up comedy. Já trabalhou numa rádio em Setúbal, escreve crítica de cinema e participa em Podcasts de desporto. Embora esteja em Jornalismo não é o que pretende, encara este curso como um plano B caso não consiga trabalhar à frente das câmaras.