Eat Your Young: uma viagem pelo próximo capítulo de Hozier
Quatro anos após o lançamento do seu último álbum, Andrew Hozier-Byrne, mais conhecido por Hozier, regressa com um EP que promete ser uma pequena amostra do álbum que está para vir.
Foi a 17 de março, dia do seu 33.º aniversário, que Hozier deu a conhecer Eat Your Young. Este EP, constituído por três canções, apresenta-se não como uma reinvenção mas sim como uma nova extensão no universo do artista. Neste mais recente capítulo da sua discografia, o cantor-compositor mantém as letras poéticas, as referências bíblicas e mitológicas e o comentário político-social. Contudo, percorre novas estórias e explora novos conceitos.
O álbum do qual este projeto faz parte, intitulado de Unreal Unearth, foi em grande parte escrito durante os tempos pandémicos de isolamento, tendo sido fortemente influenciado pelas obras que o músico irlandês leu na altura (como por exemplo Metamorfoses, de Ovídio, e Inferno, de Dante Alighieri). O álbum tem como inspiração e fio condutor os nove círculos do Inferno de Dante, que levará os ouvintes numa jornada pelos diferentes temas retratados.
Vejamos agora cada uma das canções que já foram conhecidas:
1) Eat Your Young
Esta é a primeira faixa do EP e aquela que lhe conferiu o seu nome. O seu tom e arranjo sedutores contrastam com a mensagem sombria escondida nas entrelinhas, estando esta relacionada com o terceiro círculo do Inferno, a gula. Nesta canção, Hozier parece criticar o capitalismo e a economia “canibalesca” que incentiva a exploração das gerações mais novas pelos mais velhos, aos mais variados níveis.
2) All Things End
A segunda faixa é uma reflexão sentida e sincera sobre a efemeridade de tudo o que experienciamos ao longo da vida, levando o cantor a concluir que tudo eventualmente tem um fim. Esta canção parece estar ligada ao sexto círculo do Inferno, estando assim relacionada com a heresia (possivelmente considerando “heresia” o ato de acreditar em coisas que durem para sempre). No último minuto da faixa, podemos ainda ouvir um género de coro gospel que acrescenta novas camadas a esta composição.
3) Through Me (The Flood)
A última faixa, composta no início da pandemia, retrata um narrador que nos relata o seu caminho por um mundo confuso, enquanto contempla a morte, o luto e a superação que fazem parte da sua jornada. Esta é assim uma canção poderosa e enérgica que encerra o EP na perfeição.
Por enquanto, ainda não há uma data oficial para o lançamento de Unreal Unearth (tendo o cantor revelado nas suas redes sociais que será por volta do final do verão). No entanto, já existem datas para uma tour que servirá para promover o álbum que, infelizmente, não conta com nenhum concerto em Portugal. Resta-nos então aguardar por novidades, mas, tendo em conta a obra já apresentada, a espera promete ser recompensadora!
Fonte da capa: Julia Johnson
Artigo revisto por Pedro Filipe Silva
AUTORIA
Desde cedo que a Ana Sofia se interessou pelo mundo das palavras e pela forma como estas conseguem moldar a nossa realidade. No futuro, gostaria de trabalhar na promoção do setor artístico e cultural, tendo por isso ingressado em Publicidade e Marketing. Nos seus tempos livres pode ser encontrada na companhia de um livro, imersa num filme, ou ocupada a dissecar a letra de uma canção.