Música

The Eras Tour: 3 horas de êxitos servidos na perfeição

Com mais de 15 anos de carreira e dez álbuns editados, muito se especulou sobre como seria possível Taylor Swift compilar tantos êxitos na sua mais recente digressão. Ainda assim, a artista conseguiu exceder as expetativas, tendo idealizado um concerto com 44 das suas canções e cerca de três horas de duração.

O primeiro espetáculo da The Eras Tour teve lugar em Glendale, no Arizona, no dia 17 de março. Depois dos concertos de abertura dos artistas convidados, que variam conforme a localização e a data, três minutos antes da hora marcada para o início do espetáculo, um relógio com um temporizador surgiu no ecrã principal. Após as doze badaladas, uma clara referência ao seu último álbum, começaram a aparecer as várias divisões da mítica casa do videoclipe de Lover, muitas vezes associadas às várias eras/álbuns da cantora. Em seguida, o palco foi invadido por uma neblina e dançarinos que envergavam panos esvoaçantes, criando-se uma atmosfera mística de onde emergiu Taylor. 

Esta viagem musical começou, assim, ao som de Miss Americana & the Heartbreak Prince, do álbum Lover. Seguiram-se outros singles do álbum e algumas das canções mais acarinhadas pelos fãs, como é o caso de Cruel Summer

As cores pastel deram lugar aos tons dourados e cintilantes, e a multidão sabia que a próxima “Era” seria a que corresponde ao seu segundo álbum de estúdio, Fearless. A artista regressou ao palco ao som do single homónimo, tendo trocado para um vestido com franjas e fazendo-se acompanhar por uma guitarra com glitter: um visual reminiscente da época que agora cantava. Depois de revisitar os seus êxitos You Belong With Me e Love Story, Taylor dava este segundo ato por encerrado.

Seguiu-se uma transição com um toque cinemático, onde se viam folhas, gelo e ramos, tendo mais tarde começado a nascer uma floresta, tanto no ecrã principal como no palco (sim, saíram pinheiros do chão). Começava assim a parte dedicada ao seu nono álbum editado, Evermore. Entre as cinco canções interpretadas, um dos pontos altos foi a performance de Willow, que contou com uma coreografia onde Taylor e os dançarinos reencenaram as cenas do videoclipe (com capas, “feitiçaria” e tudo a que os fãs tinham direito).

O ambiente sofreu uma volta de 180 graus, ficando o estádio mergulhado na escuridão. Ouvem-se passos e sons de cobras, vinha aí Reputation, o sexto álbum da cantora. Taylor começou este segmento com a enérgica Ready For It?, ideal para dar início a uma “Era” tão diferente e marcante. Seguiram-se Delicate, Don’t Blame Me e Look What You Made Me Do, tendo estas duas últimas canções uma transição sublime entre si.

A próxima “Era” quase pareceu um interlúdio, visto que o álbum Speak Now só teve direito a uma música (pensa-se que é porque esta será a próxima regravação a sair). No entanto, Enchanted valeu a pena cada segundo. Desde toda a atmosfera púrpura ao autêntico vestido de princesa, Taylor fez questão de dar o destaque que esta canção merece.

Fonte: Kevin Mazur/Getty Images

Em seguida, o estádio ficou repleto de luzes vermelhas e não restavam dúvidas: era a vez de Red, o quarto álbum na discografia da cantora. Taylor entrou a cantar 22 e fechou com chave de ouro ao interpretar All Too Well (10 Minute Version), uma das suas canções mais aclamadas. 

O próximo segmento teve um início mais subtil, com o palco pouco iluminado e alguns dançarinos que se movimentaram ao som de uma gravação de Taylor a declamar a sua canção Seven, em forma de poema. Começava assim a “Era” de Folklore, o oitavo álbum da cantora, que resultou do isolamento dos tempos de pandemia. Esta foi uma das “Eras” que recebeu mais atenção, tendo Taylor cantado sete canções (tais como August e Cardigan). A estética do álbum foi perfeitamente complementada pela cabana com musgo que foi colocada em palco e pelo vestido etéreo que esvoaçava com os movimentos da cantora.

A cabana desapareceu e deu lugar a um visual mais moderno, tendo Taylor entrado com dançarinos enquanto cantava a eletrizante Style. A secção do álbum 1989 trouxe um regresso ao registo mais pop da artista, tendo Taylor cantado mais quatro canções que foram sucessos comerciais (como é o caso de Blank Space).

O momento que se seguiu não encaixa em nenhuma “Era” específica, mas a artista decidiu que em cada espetáculo irá cantar duas “canções surpresa” da sua discografia inteira (não devendo repetir canções ao longo da digressão). Este será um momento mais intimista, em que Taylor canta apenas acompanhada pela sua guitarra ou ao som de um piano. Na primeira noite, as canções escolhidas foram mirrorball e Tim McGraw

Após a última canção deste segmento acústico, Taylor levantou-se do seu piano e mergulhou para dentro do palco, para espanto dos seus fãs. Depois de desaparecer nas ondas, a artista voltou a emergir num cenário repleto de nuvens e marcado por tons azuis e púrpura. Começava assim Lavender Haze, a primeira música de Midnights, o seu mais recente álbum. No total foram apresentadas sete músicas desta obra, sendo um dos maiores segmentos da noite. É difícil escolher um momento favorito entre performances tão distintas, mas a escolha da radiante Karma para encerrar esta aventura de três horas foi, definitivamente, a escolha certa. 

Depois de cinco anos sem andar em digressão, é notória a felicidade de Taylor por regressar aos palcos. Embora a sua discografia se tenha expandido bastante desde a sua última digressão, Taylor Swift continua a mesma artista que os seus fãs tanto admiram. Sente-se a dedicação que foi colocada em cada uma das performances das 44 canções. Desde os visuais, ao guarda-roupa e às coreografias, esta mega produção demonstra o amor de Taylor pela sua arte e a gratidão imensa que sente pelos fãs, que lhe permitem viver o seu sonho já há quase duas décadas.  

Fonte: Getty Images

Fonte da capa: Brooke Frischer/Fashionista

Artigo revisto por Joana Gonçalves

AUTORIA

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Desde cedo que a Ana Sofia se interessou pelo mundo das palavras e pela forma como estas conseguem moldar a nossa realidade. No futuro, gostaria de trabalhar na promoção do setor artístico e cultural, tendo por isso ingressado em Publicidade e Marketing. Nos seus tempos livres pode ser encontrada na companhia de um livro, imersa num filme, ou ocupada a dissecar a letra de uma canção.