Elementos Secretos (2016)
Esta é uma história irreverente de mulheres irreverentes.
O filme, dirigido e escrito por Theodore Melfi e baseado no livro de Margot Lee Shetterly, toma lugar nos Estados Unidos da América, em 1961, no auge da Guerra Fria e da corrida espacial. Enquanto o país está mergulhado numa crise de segregação racial, a NASA luta por pôr o primeiro homem no espaço.
Então, a história segue Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe), três grandes amigas que, além de provar a sua competência todos os dias nas instalações da NASA, têm de combater estereótipos que lhes são impostos por uma sociedade conservadora do século XX.
Um enredo cativante e realístico que demonstra o que é ser afro-americano numa geração puramente racista. Com uma segregação racial eminente, notável tanto no estatuto das personagens como nos espaços que frequentam.
Porém, o filme não demonstra apenas a parte da vida profissional de Katherine Johnson enquanto matemática da NASA, mas também mostra a vida amorosa, inclusive de como conheceu o seu atual parceiro, James A. Johnson. O diretor faz um bom balanço entre estas cenas e as empolgantes reviravoltas na corrida espacial, mostrando apenas o suficiente para encaixar no contexto do filme. Com estes pequenos pormenores, que fazem as personagens parecerem reais, é possível criar uma conexão: sentimos os seus medos, os seus desejos e as suas conquistas.
Taraji P.Henson faz, novamente, uma atuação brilhante, onde representa uma mulher forte, educada e fora do normal para as personagens que a atriz já representou, como Cookie Lyon na série televisiva Empire.
É uma história de luta, não só contra o racismo, mas pela emancipação da mulher. Estas foram mulheres verdadeiramente revolucionárias que marcaram silenciosamente a história do primeiro homem no espaço. Contudo, a sua voz deve ser ouvida e o seu percurso contado, de modo a não deixar cair no esquecimento tais pessoas revolucionárias.
Além do mais, este é um admirável exemplo do que a 7.ª arte pode fazer: consegue trazer ao olho do público histórias verídicas, nunca ouvidas ou estudadas que tiveram um impacto na sociedade onde vivemos.
“Sempre que temos a chance de avançar, eles movem a linha da meta.”