Entrar ontem, brilhar hoje e sair amanhã
PSG contrata Vitinha ao Porto, Tottenham adquire Pedro Porro ao Sporting e Chelsea “rouba” Enzo Fernández ao Benfica após meia-época. Este é o panorama do mercado português: “pobre” ou até mesmo retrógrado
Não é de hoje, não é de ontem, nem vai ser de amanhã a incapacidade de o futebol português reter os seus talentos. Uns ficam duas épocas, outros ficam uma e depois há outros que ficam seis meses. O que todos deixam em comum? Saliva na boca dos amantes de futebol, que gostariam de continuar a ver esses jogadores a espalhar magia pelos relvados portugueses, mas que, por motivos de força maior, são obrigados a ver estes craques a espalhar a sua magia por relvados ingleses, espanhóis, alemães, italianos e franceses.
Vitinha, Pedro Porro e Enzo Fernández são apenas os casos mais recentes. Ainda há Darwin, Fábio Vieira, Luis Díaz, Nuno Mendes e podia estar aqui a enumerar todos, mas não tenho espaço para tanto.
É desgastante e angustiante este pouco poderio do mercado português. Mais do que isso, é triste e desesperante, também, a impossibilidade de estes clubes segurarem os seus melhores jogadores, como se estivessem com as mãos atadas, sentindo assim um enorme sentimento de impotência, assim que aparecem os tais “tubarões europeus” a cobiçarem as suas descobertas e criações. Ou seja, Portugal desenvolve os jogadores para os vender para fora e não para o seu próprio proveito. Aquilo que para os clubes portugueses é um sonho quase impossível de alcançar (vitória da Liga dos Campeões), podia ser um sonho já concretizado, caso Benfica, Porto e Sporting tivessem capacidade de assegurar a continuidade das suas estrelas. Como foi visível com o caso de Enzo Fernández, esta fraqueza do campeonato português está a globalizar a ideia de que os clubes portugueses são como trampolins para os grandes palcos, mas não devia ser assim. Jogar por um destes clubes, já é pisar um grande palco, tanto em jogos a nível nacional como internacional. E a história destes clubes? Que clubes eram estes antes do futebol estar dentro desta bolha de negócios? Eram clubes que estavam ao nível dos maiores do mundo. Ganhavam a Liga dos Campeões, o mundial de clubes e as demais competições a nível internacional.
Isto é ser adepto de um clube português. Ver miúdos surgir da formação ou até mesmo de um extenso e complexo trabalho de scouting. Crescerem, serem titulares na equipa principal e, mais tarde, vê-los partir para outros campeonatos. Todos nós nos queixamos de ter um campeonato fraco, mas será assim tão linear? De facto, não somos o melhor campeonato na Europa, mas também não temos um campeonato assim tão fraco como muitos querem fazer passar a ideia. Apenas estamos atrás das ligas com maiores condições monetárias, em contextos que assim o permitem. Mas em Portugal trabalha-se muitíssimo bem na formação de jogadores. Não será por acaso que a seleção portuguesa é das mais fortes do mundo. Como seria possível ter uma seleção tão forte se não houvesse um grande trabalho por parte das equipas no panorama nacional? Não seria. Esta é a realidade do campeonato português. Não o menosprezemos. Para as condições que são dadas ao nosso campeonato, muito fazemos nós. Todos os mercados saem grandes craques das equipas, mas, mesmo assim, pelo menos os grandes conseguem acabar por se erguer, manter-se firmes e serem bastante competitivos no que toca a jogos internacionais, e esta edição da Liga dos Campeões, até ao momento, pode servir como exemplo para isso.
Fonte da capa: O ribatejo
Artigo revisto por Catarina Policarpo
AUTORIA
Era uma vez um jovem de 18 anos que, agora, estuda na Escola Superior de Comunicação Social no Instituto Politécnico de Lisboa. Ele sempre foi uma criança cheia de sonhos, dos quais nunca desistiu. Ele ama desporto, principalmente futebol por isso escolheu jornalismo com o intuito de um dia se tornar jornalista desportivo. Isto tudo o levou a entrar para a ESCS Magazine na secção de desporto