Música

Festivais de Verão 2023 – Muitos concertos e poucas desilusões

No início do ano, escrevi um artigo sobre quais os artistas por quem podíamos esperar, em Portugal, nos festivais de verão de 2023. O verão já lá vai, os concertos também e está na altura de vos trazer um breve resumo sobre os dois festivais de verão a que fui este ano e quais os concertos que se destacaram mais. 

O NOS Alive é aquele festival de verão que todos os anos se consegue superar a si mesmo e trazer-nos os melhores artistas e o “melhor cartaz, sempre”. O cartaz deste ano era tão bom que me levou a fazer algo que nunca tinha feito: comprar o bilhete, mesmo sabendo que não tinha companhia para ir. 

O primeiro dia do festival foi, provavelmente, aquele pelo qual mais ansiava: Red Hot Chilli Peppers e The Black Keys, duas bandas que, durante muito anos, estiveram na minha bucket list e tive a sorte de, naquele dia, as conseguir ver num espaço de poucas horas. Ou, pelo menos, tentei ver, já que tinha cerca de 50 mil pessoas à minha volta e quase todas elas eram mais altas do que eu. 
Os The Black Keys foram os primeiros a subir ao palco principal naquela noite. Para quem esperou nove anos para ver a dupla norte-americana (que não atuava em Portugal desde 2014), o concerto correspondeu às expectativas. Desde clássicos como Lonely Boy, Gold On The Ceiling ou Next Girl, às mais recentes como Wild Child, arrisco a dizer que o Indie Rock não está morto – esteve apenas adormecido durante a ausência dos The Black Keys (que muita falta fazem).

The Black Keys no NOS Alive.
Fonte: RTP

Chegou o momento de os Red Hot Chilli Peppers atuarem. Apesar de nunca ter visto a banda ao vivo, o concerto começou exatamente como esperava – com o instrumental contagiante de Can’t Stop que, em poucos segundos, levou o público à loucura.  Para uma banda cujos membros têm todos cerca de 60 anos, foram quase duas horas de concerto em que a energia proveniente do palco era constante. Aqueles clássicos como Californication, Under The Bridge e Give It Away não podiam faltar. No entanto, Otherside, Scar Tissue ou Snow (que são indispensáveis para qualquer fã dos Red Hot Chilli Peppers) não fizeram parte da setlist dessa noite. 

No segundo dia do festival, os Arctic Monkeys eram a banda por que mais aguardava, mesmo sendo a terceira vez que os via ao vivo. Passaram-se alguns anos desde a última vez que os tinha visto em concerto e estava um pouco reticente quanto à atuação, já que os dois últimos álbuns apresentam um lado mais sóbrio e menos eletrizante que, para mim, não representa o estilo da banda. Ao contrário daquilo a  que estava habituada, o concerto não começou com a música Do I Wanna Know? e aquele instrumental que faz qualquer pessoa arrepiar-se. É verdade que as músicas ao vivo soaram diferente das versões que estamos acostumados a ouvir no Spotify, mas foi algo que não me incomodou. Para minha surpresa, enquanto fã incondicional dos primeiros dois álbuns da banda, os AM não esqueçeram algumas das minhas músicas favoritas como 505, Crying Lightning ou Brianstorm

Super Bock Super Rock

Em 2023, foi a quinta vez que fui ao Super Bock Super Rock. Ao longo dos anos, o SBSR tem vindo alterar a sua identidade a nível de cartazes, e temos cada vez mais artistas ligados a diferentes estilos musicais como o Rock, o Hip-hop ou o Indie

O segundo dia do SBSR contou com um dos maiores nomes do Hip-Hop internacional, um grupo que eu nunca esperei ver ao vivo em Portugal e muito menos a poucos quilómetros de casa. Wu-Tang-Clan, o icónico grupo de Nova Iorque que marcou a década de 1990 e mudou, para sempre, a história do Hip-Hop. Apesar de o grupo não estar completo e de o concerto ter sido curto, interação com o público e o clássico C.R.E.A.M estiveram presentes na Herdade do Cabeço da Flauta. 

Nesse mesmo dia, e completamente distante do universo dos Wu-Tang Clan, vi, pela primeira vez, os The 1975, uma banda que eu já conhecia, mas que nunca me chamou a atenção. Tinha expectativas baixas para este concerto, mas, ao contrário do que estava à espera, os The 1975 conseguiram dar um concerto que me pôs a dançar o tempo todo, mesmo não conhecendo nenhuma música (a única que conhecia, Chocolate, não se fez ouvir essa noite). 

Uma das coisas que mais aprecio no SBSR é a energia do público e a facilidade que há em chegarmos a uma zona mais próxima do palco sem termos de atropelar ninguém ou ser atropelados. O último dia do festival teve Kaytranada e Steve Lacy, uma estreia, não só no SBSR, mas também para mim, que nunca tinha visto estes dois artistas. E se Kaytranada já é bom, imagine-se ao vivo e durante o sunset. Mas a grande estrela da noite e de todos os concertos que vi este verão foi, sem dúvida, o Steve Lacy. 

Steve Lacy no Super Bock Super Rock 2023.
Fonte: MHD

Quando descobri o Steve Lacy através de artistas como Tyler, The Creator e Frank Ocean, o TikTok ainda não era uma realidade e as músicas dele não eram trendy. O atraso de alguns minutos até ao início do concerto foi compensado pelo show que deu e não podia ter começado melhor do que pela música Helmet, a minha favorita do seu último álbum lançado em 2022 e ao qual deu o nome de Gemini Rights. As músicas mais conhecidas como Dark Red e Bad Habit não podiam faltar, e foram as que chamaram mais a atenção. Assim, Steve Lacy revelou ser um artista que sabe dar um concerto ao mesmo tempo que entretém e interage com o público.

Fonte da capa: Rawpixel

Artigo revisto por Beatriz Félix

AUTORIA

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A Mariana Jerónimo tem 24 anos é aluna do Mestrado em Jornalismo e tem o sonho de produzir e apresentar um programa dedicado à música numa rádio de renome do nosso país. Enquanto isso não acontece, é através da secção de Música que quer dar a conhecer aos leitores o que de melhor há na vida: a Música. Ao mesmo tempo na secção de Desporto escreve sobre outra das suas paixões, a Fórmula 1. A Mariana costuma dizer que as suas maiores qualidades são o seu sentido de humor e o gosto musical: desde o Hip-Hop e R&B, ao Indie, passando pelos Clássicos do Rock e sem esquecer o MPB, ela é o Spotify em pessoa.