Música

Hip-Hop Tuga: A geração underrated que todos deviam ouvir

O Hip Hop Tuga ficou marcado por várias gerações, que contribuíram para o crescimento deste género musical em Portugal. Apesar dos primeiros passos terem sido dados no final da década de 80 e inícios dos anos 90, foi nos anos 2000 que o Hip Hop passou a ter o seu próprio lugar na cultura portuguesa. Enquanto fundadores desta geração “old school”, Sam The Kid, XEG, Regula, Valete, NBC, Halloween ou Chullage abriram caminho para novas mentalidades, novas oportunidades e até porque como explica Valete no podcast Posto Emissor da Blitz: “O movimento hip-hop nasce como um movimento subversivo, que queria transformar (…)”.

Nomes como Boss AC, Gutto, Mind Da Gap, Dealema, Da Weasel ou Expensive Soul chamavam a atenção e faziam-se ouvir através da rádio nacional, de festivais e na banda sonora de séries juvenis como os Morangos com Açúcar.

Atualmente a geração do Hip Hop Tuga é outra – há novos objetivos para atingir e novos públicos para conquistar. É liderada por artistas mais recentes como ProfJam, Julinho KSD, Dillaz, Ivandro, Plutónio, Bispo, Nenny, T-Rex ou Wet Bed Gang que se tornam virais na internet e dominam a lista de artistas mais ouvidos no Spotify, não só em Portugal mas também em outros países do mundo.

Com este artigo quero dar a conhecer alguns dos artistas de que mais gosto e que apesar de já serem conhecidos do público português, ainda não recebem o devido valor e por isso integram o que eu considero ser – a geração underrated do Hip Hop Tuga.

Domingues

De Gaia para o resto do país, conquistou tudo e todos com os singles Fica e Romance de Cinema, lançados em 2020. Aos 21 anos, Domingues transfere para letras e batidas os seus pensamentos, sempre com a maturidade de quem tem os pés bem assentes no chão. Com um timbre difícil de esquecer, também dá voz a Vai Dar e Deixa Arder, e vai construindo a sua própria identidade dentro do Hip Hop Tuga com base na originalidade enquanto se mantém fiel ao seu próprio estilo. É, na minha opinião, uma das maiores revelações dos últimos tempos e uma promessa da música nacional.

Cálculo

Descobri o Cálculo quando, volta e meia, era divulgado na televisão o seu álbum Tourquesa que tinha acabado de ser lançado. Há mais de uma década a fazer parte do Hip Hop nacional, é através do pseudônimo “Cálculo” que este rapper e produtor tem traçado o seu percurso na música. O primeiro álbum, A Zul, nasceu em 2015 seguindo-se de Tourquesa em 2018 e, depois de uma pausa, voltou a fazer-se ouvir em 2021 com Royale. Ao longo do seu percurso já trabalhou com nomes importantes do Hip Hop como Ace (Mind Da Gap) na música Vem ou Papillon (GROGnation) na música Simba. Farto do rap tuga que é feito, assume que veio para fazer um rap diferente – misturando diferentes estilos como Groove, Funk e House que encaixam na perfeição com o Hip Hop.

Fonte: Spotify

DOMi

O menino rebelde do Algarve tem “caminhado sempre pela sua própria estrada” desde que lançou Confins, em 2015, música que o tornou conhecido aos ouvidos da sua geração. Com as portas do Hip-Hop Tuga abertas, iniciou o seu percurso com os olhos postos no futuro, sem esquecer a herança do hip-hop “old school” de Sam the Kid que diz ser a sua principal referência. “Com o beat na pulsação” tem vindo a debitar rimas potentes em músicas como Tempo, Segue o Teu Trilho, Ondas da Praia, Pensamento Leve ou Caixa. Recentemente lançou duas músicas novas – Gravidade Zero, onde nas entrelinhas de uma dedicatória de amor revela um lado mais sentimental, e Batanete, que assume um registo completamente diferente com um beat mais pesado e minimalista.

Fonte da capa: Twitter

Artigo revisto por Andreia Batista

AUTORIA

LINKEDIN | + artigos

A Mariana Jerónimo tem 24 anos é aluna do Mestrado em Jornalismo e tem o sonho de produzir e apresentar um programa dedicado à música numa rádio de renome do nosso país. Enquanto isso não acontece, é através da secção de Música que quer dar a conhecer aos leitores o que de melhor há na vida: a Música. Ao mesmo tempo na secção de Desporto escreve sobre outra das suas paixões, a Fórmula 1. A Mariana costuma dizer que as suas maiores qualidades são o seu sentido de humor e o gosto musical: desde o Hip-Hop e R&B, ao Indie, passando pelos Clássicos do Rock e sem esquecer o MPB, ela é o Spotify em pessoa.