Cinema e Televisão

Incident in a Ghostland

 

Ghostland é a história de Colleen que herda uma grande casa de uma tia que tinha morrido recentemente. Disposta a recomeçar a sua vida num lugar novo, vai mudar-se para essa casa com Beth e Vera, as duas filhas adolescentes.

O que nenhuma esperava é que, logo na primeira noite, a casa fosse o abrigo de dois psicopatas procurados pela polícia que as torturam durante horas.

Dezasseis anos depois dessa noite, a casa continua a fazer parte das suas vidas e a atormentá-las.

A história de terror foi escrita e realizada pelo francês Pascal Laugier, também realizador do filme “Mártires”, e conta com a participação dos atores Crystal Reed, Mylène Farmer, Anastasia Phillips, Rob Archer, Taylor Hickson e Emilia Jones.

 

O realizador conseguiu construir um filme tenso e brutal no que diz respeito às imagens que faz. A primeira parte do filme é, sem dúvida, a mais interessante.

O mistério que está por detrás dos acontecimentos deixa o telespetador constrangido e sem saber o que vai acontecer a seguir. Como tal, acabamos por ser apanhados desprevenidos com uma reviravolta que nos deixa quase sem fôlego e sempre ansiosos com o que se vai passando ao longo da trama.  

 

O ano de 2018 tem sido repleto de filmes de terror que têm como objetivo apenas assustar o telespectador, recorrendo imensas vezes aos típicos jumpscares. Como se preocupam mais com essa parte acabam por se esquecer que o importante é a narrativa e o que esta traz consigo.

Aliás, muitas das críticas dos filmes de terror são mesmo sobre a ausência de uma boa história como base e, nesse sentido, Ghostland foi uma agradável surpresa, uma vez que é um filme que nos consegue assustar e, ao mesmo tempo, ter uma narrativa interessante.

Incident in a Ghostland não é o típico filme de jumpscares. O filme é assustador porque tem uma história que explora a loucura do ser humano e o terror que utiliza é psicológico, chegando até a fazer-nos arrepiar de tão doentio que chega a ser.

Outro dos fatores que torna o filme ainda mais interessante é o facto de, ao longo do filme, irmos percebendo que nem tudo o que está a acontecer é real. O filme apresenta vários plot twists que nos deixam sem conseguir distinguir aquilo que é a realidade e o que é imaginação.

O filme tem uma trama original que nos deixa com várias teorias em relação aos acontecimentos e ao final. Numa altura em que o género de terror é marcado pela ausência de boas histórias, como já referi, Ghostland mostra que consegue assustar e ter uma boa narrativa ao mesmo tempo.

Pelo facto de o filme nos trazer algo mais concreto e real, como é o caso da violência explícita e de forma brutal, este surpreende. Os jumpscares que vai utilizando são muito bem trabalhados e causam-nos mesmo um aperto no coração do suspense que cria.

Também as personagens estiveram de parabéns e à altura daquilo que o filme pedia.

A atriz que representa a versão mais velha de Beth, Crystal Reed, fez um ótimo trabalho em expressar a sensação de pânico da personagem. Isso transpareceu para o telespetador que também se sente em pânico e em constante sobressalto pelo que lhe está a acontecer.  

No entanto, também as atrizes que representam as irmãs na fase da adolescência, Emilia Jones e Taylor Hickson, fizeram um excelente trabalho na representação.

Um dos pontos negativos que o filme tem é o facto de não desenvolver e explicar o papel dos vilões e as fantasias que estes têm. Contudo, apesar de falhar nesse sentido, o suspense mantém-se e funciona.

Ghostland explora uma situação real e passível de acontecer na casa ao lado da nossa e isso torna-se assustador. Não envolve espíritos nem demónios, mas sim um mundo rodeado de violência.

 

Artigo corrigido por: Rita Serra